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quinta-feira, 7 de maio de 2020

Emanuel

As aflições mentais, mesmo com todo o desenvolvimento da tecnologia, são ainda o mesmo suplício de sempre. E só a educação pode apagá-las. Educação espiritual que restaure o coração e reajuste o cérebro para o bem pensar.

Sabemos que o pensamento é energia criadora, com todas as qualidades positivas para materializar os nossos desejos e, atentos a realidade de que cada espírito transporta consigo um mundo que lhe é próprio, nascido das ideais e das aspirações, dos propósitos e das atitudes que cultiva, é indispensável acordar em nós a força construtora do bem. 

Enquanto a incompreensão e a discordia, ciúmes e a vaidade, filhos cruéis do ódio e de egoísmo, erguem cárceres e trevas para a mente humana, aprisionando-a em autênticas cristalizações de dor, espalhemos a boa vontade e a cooperação fraterna, a simplicidade e o serviço aos semelhantes. 

Tudo é magnetismo na vida universal. Entre os mundos é gravitação; entre as almas é simpatia. Como sabemos,  as correntes de simpatia para o mal arrastam as criaturas para tenebrosos sorvedouros de flagelação. Trabalhemos para ativar as correntes de simpatia para o bem. 

Emanuel

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Transformações

1.
Ando pela rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Eu caio…
Estou perdido… Sem esperança.
Não é culpa minha.
Leva uma eternidade para encontrar a saída.

2.
Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Mas finjo não vê-lo.
Caio nele de novo.
Não posso acreditar que estou no mesmo lugar.
Mas não é culpa minha.
Ainda assim leva um tempão para sair.

3.
Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Vejo que ele ali está.
Ainda assim caio… É um hábito.
Meus olhos se abrem.
Sei onde estou.
É minha culpa.
Saio imediatamente.

4.
Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Dou a volta.

5.
Ando por outra rua.

Texto extraído de O Livro Tibetano do Viver e do Morrer, de Sogyal Rinpoche

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Paradigmas

O que nos torna diferentes é o sentido que atribuímos aos nossos atos. É a nossa história como indivíduo; mas, sobretudo, como coletividade.

O que se passa tendo os indivíduos como centro e a época como cenário é romance. E se o personagem foi perfeito, sem defeitos e contradições, nem isso: são contos de fada.

Por isso, embora compreenda o olhar de quem tem essa visão, enxergo o mundo de outra forma, vejo como o movimento das coletividades humanas, fluindo e  refluindo na corrente de interesses interligados.

O que nos faz diferentes é o quanto somos capazes de interpretar e dar forma aos desejos coletivos de progresso, mesmo contra um mundo que diz que o progresso é do indivíduo e de seu esforço e capacidade, esta tal meritocracia que exalta a soberba, o autoritarismo e o exercício arbitrário das próprias razões dos sabidos e dos bem-postos.

Releitura de um artigo do imperdível
Fernando Brito

Imperdíveis frases de Paulo Freire

"O estudante precisa aprender a ler o 
mundo para poder transformá-lo."
Paulo Freire

"Enquanto presença na História e no
mundo, esperançadamente luto pelo
sonho, pela utopia, pela esperança."
Paulo Freire

"Como professor não me é possível
ajudar o educando a superar sua
ignorância se não supero
permanentemente a minha".
Paulo Freire

"Se nossa opção é progressista, se
estamos a favor da vida e não da morte,
da equidade e não da injustiça, do direito
e não do arbítrio, da convivência com o
diferente e não de sua negação, não
temos outro caminho senão viver
plenamente a nossa opção."
Paulo Freire

"É preciso ousar, aprender a ousar, para
dizer NÃO a burocratização da mente a
que nos expomos diariamente".
Paulo Freire

"O conhecimento exige uma presença
curiosa do sujeito em face do mundo.
Requer uma ação transformadora sobre
a realidade. Demanda uma busca
constante. Implica em invenção e em
reinvenção".
Paulo Freire

"Estudar exige disciplina. Estudar não é
fácil. porque estudar pressupõe criar,
recriar, e não apenas repetir o que os
outros dizem."
Paulo Freire

"A educação necessita tanto de formação
técnica e científica como de sonhos e
utopias".
Paulo Freire

"Ler não é caminhar sobre as palavras.
Ler é reescrever o que estamos lendo, é
perceber a conexão entre o texto e o
contexto e como vincular com o meu
contexto."
Paulo Freire

"Num mundo a que faltasse a liberdade e 
tudo se achasse preestabelecido, não
seria possível falar em esperança.”
Paulo Freire

“Não há criatividade humana, não há
produção humana, não há mudança de
mundo, sem se correr risco.”
Paulo Freire

"Precisamos contribuir para criar a Escola
que é aventura que marca, que não tem
medo do risco, por isso recusa o
imobilismo."
Paulo Freire

“Ensinar não é transferir conhecimento,
mas criar as possibilidade para a sua
própria produção ou a sua construção”
Paulo Freire

"A educação problematizadora está
fundamentada sobre a criatividade e
estimula uma ação e uma reflexão
verdadeiras."
Paulo Freire

“Como professores, educadores, nós
temos que estar engajados num palco de
luta permanente, que é a luta pela
superação. É preciso estarmos abertos
constantemente ao novo e ao diferente,
para poder crescer e aprender.”
Paulo Freire

”Só uma educação da pergunta aguça,
estimula e reforça a curiosidade. A
educação da resposta não ajuda em
nada a curiosidade, indispensável ao
processo cognitivo."
Paulo Freire

"O mundo não é, o mundo está sendo".
Paulo Freire

"O homem, ser de relações, e não só de
contatos, não apenas está no mundo,
mas com o mundo"
Paulo Freire

"É porque eu amo o mundo que luto para
que a justiça social venha antes da 
caridade"
Paulo Freire

"Educação não transforma o mundo.
Educação muda pessoas. Pessoas
transformam o mundo".
Paulo Freire

"Não há saber mais, nem saber menos, há
saberes diferentes"
Paulo Freire

"A educação tem caráter permanente.
Não há seres educados e não educados.
Estamos todos nos educando."
Paulo Freire

“A educação é um ato de amor, por isso, um ato de coragem. Não pode temer o debate. A análise da realidade. Não pode fugir à discussão criadora, sob pena de ser uma farsa."
Paulo Freire

"É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal maneira que num dado momento a tua fala seja a tua prática."
Paulo Freire

"É preciso ousar para jamais dicotomizar
o cognitivo do emocional."
Paulo Freire

"Nao deixe que o medo do difícil paralise
você."
Paulo Freire

"Sem a curiosidade que me move, que me
inquieta, que me insere na busca, não
aprendo nem ensino".
Paulo Freire

"A prática educativa é tudo isso: afetividade, alegria, capacidade científica, domínio técnico à serviço da mudança ou lamentavelmente, da permanência do hoje."
Paulo Freire

domingo, 4 de agosto de 2019

O segredo para pensar como Albert Einstein

         “Nenhum problema pode ser
          resolvido pelo mesmo grau
          de consciência que o gerou.
          É preciso ir mais longe.”

Uma frase muito sábia e lógica. Em qualquer situação do dia a dia, não podemos resolver um problema repetindo padrões de comportamentos que já falharam anteriormente. Temos que olhar para a questão sob uma nova óptica, testando ideias diferentes em nossa abordagem.

        “Alguém que nunca errou nunca    
          tentou algo novo.”

O novo dá medo. E esse medo paralisa muitas pessoas, que preferem ficar na zona de conforto em vez de arriscar na vida. Mas Albert Einstein sabia que o erro faz parte do processo de aprendizado. O segredo é se permitir errar — e não desistir nunca. Devemos ter perseverança e resiliência para trilhar o caminho que nos leva aos nossos sonhos.

      “A imaginação é mais importante
       que o conhecimento.”

O conhecimento parado pouco agrega às nossas vidas. Temos que usar a imaginação para conectar as diferentes informações que vamos aprendendo com o tempo, de forma que elas gerem ideias novas que possam ser aplicadas em nosso benefício.

Do site: elhombre

sábado, 22 de junho de 2019

Proust

"A sabedoria não se transmite, é preciso que a gente mesmo a descubra depois de uma caminhada que ninguém pode fazer em nosso lugar, e que ninguém nos pode evitar, porque a sabedoria é uma maneira de ver as coisas".

Proust,
"À Sombra Das Raparigas Em Flor"

A tentação dos absolutos

Por Rubem Alves.

De tudo o que Dostoiévski escreveu em Os irmãos Karamazov; o que mais me impressionou foi o relato sobre o “Grande Inquisidor”. Jesus havia voltado à terra e andava incógnito entre as pessoas. Todos o conheciam e sentiam o seu poder, mas ninguém se atrevia a dizer o seu nome. Não era necessário.

O Grande Inquisidor o observava de longe, no meio da multidão, e ordena que ele seja preso e trazido à sua presença. Então, diante do prisioneiro silencioso ele profere a sua acusação.

Por que deveria qualquer pessoa, inflexivelmente convencida da verdade exclusiva dos seu conceitos relativos a qualquer e a todas as questões, estar pronta para tolerar idéias opostas? Que bem ela pode esperar de uma situação em que cada um é livre para expressar opiniões que, segundo o seu julgamento, são patentemente falsas e, portanto, prejudiciais à sociedade?

Por que direito deveria ela abster-se de usar quaisquer meios para atingir o alvo que julga correto? Em outras palavras: consistência total equivale, na prática, ao fanatismo, enquanto a inconsistência é a fonte da tolerância.

[…] Temos de notar que a humanidade tem sobrevivido somente graças à inconsistência […] a raça das pessoas inconsistentes continua a ser uma das maiores fontes de esperança de que a espécie humana conseguirá, de alguma forma, sobreviver.

Leszek Kolakowski, “Em louvor à inconsistência”.

A tentação dos absolutos é uma característica universal do espírito humano. Todos queremos possuir a verdade. E para possuir a verdade é preciso que se a engaiole. E para engaiolar a verdade é necessário engaiolar a liberdade e o pensamento….

Todos aqueles que se julgam possuidores da verdade são inquisidores. Leszek Kolakowski, filósofo polonês que viveu sob o comunismo, experimentou isso na sua própria vida. São dele as palavras que transcrevo a seguir:

Não há nada mais sedutor aos olhos dos homens do que a liberdade de consciência, mas também não há nada mais terrível. E em lugar de pacificar a consciência humana de uma vez por todas, mediante sólidos princípios, tu lhes ofereceste o que há de mais estranho, de mais enigmático, de mais indeterminado, tudo o que ultrapassava as forças humanas, a liberdade.

Agiste, pois, como se não amasses os homens. […] Em vez de te apoderares da liberdade humana, tu a multiplicaste e, assim fazendo, envenenaste com tormentos a vida do homem, para toda a eternidade…

O Grande Inquisidor estava certo. Ele conhecia o coração dos homens. Os homens dizem amar a liberdade, mas de posse dela são tomados por um grande medo e fogem para abrigos seguros. A liberdade é amedrontadora.

Os homens são pássaros que amam o vôo, mas têm medo de voar. Por isso abandonam o vôo e se protegem em gaiolas.

Somos assim. Sonhamos o vôo, mas tememos as alturas. Para voar é preciso amar o vazio. Porque o vôo só acontece se houver o vazio. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Os homens querem voar, mas temem o vazio. Não podem viver sem certezas. Por isso trocam o vôo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram.

É um engano pensar que os homens seriam livres se pudessem, que eles não são livres porque um estranho os engaiolou, que se as portas das gaiolas estivessem abertas eles voariam. A verdade é o oposto. Os homens preferem as gaiolas ao vôo. São eles mesmos que constroem as gaiolas onde passarão as suas vidas.

“Prisioneiro”, dize-me, quem foi que fez essa inquebrável corrente que te prende?”, perguntava Tegore. “Fui eu”, disse o prisioneiro, “fui eu que forjei com cuidado esta corrente”.

Vivi, durante muitos anos, numa gaiola de palavras. Eu gostava dela. Não me sentia engaiolado. Sentia-me protegido. Minha gaiola era minha armadura. Quando as gaiolas são feitas de ferro é fácil perceber a prisão. Os prisioneiros sonham o tempo todo com fugas.

Mas há gaiolas que não são feitas com ferro. São feitas com palavras. As gaiolas de ferro nos prendem por fora. As gaiolas de palavras nos prendem por dentro. 

[…]

A obsessão com a verdade que caracteriza isso a que dei o nome de Protestantismo da Reta Doutrina não é coisa típica do protestantismo. Ela se manifesta nas mais variadas formas de associação humana.

A invocação da “verdade” é o instrumento de que se valem os inquisidores, nas suas múltiplas versões, para matar – ou silenciar – aqueles que têm idéias diferentes das suas. 

Rubem Alves
Introdução do livro “Religião e Repressão”

terça-feira, 11 de junho de 2019

Paulo Freire

"O estudante precisa aprender a ler o mundo para poder transformá-lo."

“Não basta saber ler mecanicamente ‘Eva viu a uva’. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir uvas e quem lucra com esse trabalho.”

"Aprender é um ato revolucionário. Por meio da educação, e de maneira coletiva, o indivíduo deve tomar consciência de sua condição histórica, assumir o controle de sua trajetória e conhecer sua capacidade de transformar o mundo."

“Ninguém luta contra forças que não entende; ninguém transforma o que não conhece."

"Ler não é caminhar sobre as palavras.Ler é reescrever o que estamos lendo,é perceber a conexão entre o texto e o contexto e como vincular com o meu contexto."

"Enquanto presença na História e no mundo, esperançadamente luto pelo sonho, pela utopia, pela esperança."

"Num mundo a que faltasse a liberdade e tudo se achasse preestabelecido, não seria possível falar em esperança.”

“Não há criatividade humana, não há produção humana, não há mudança de mundo, sem se correr risco.”

"Precisamos contribuir para criar a Escola que é aventura que marca, que não tem medo do risco, por isso recusa o imobilismo."

“Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidade para a sua própria produção ou a sua construção”

"A educação problematizadora está fundamentada sobre a criatividade e estimula uma ação e uma reflexão verdadeiras."

“Como professores, educadores, nós temos que estar engajados num palco de luta permanente, que é a luta pela superação que nós mesmos aceitamos. É preciso estarmos abertos constantemente ao novo e ao diferente, para poder crescer e aprender.”

"Preciso não me superestimar nem subestimar os outros. Intolerância e arrogância andam de mãos dadas.”

"O que é a intolerância? É a incapacidade de conviver com o diferente.”

"O estético, o ético, o político não podem estar ausentes nem da formação nem da prática científica.”

”Só uma educação da pergunta aguça, estimula e reforça a curiosidade. A educação da resposta não ajuda em nada a curiosidade, indispensável ao processo cognitivo."

”Não há docência sem discência, ensinar exige: respeito aos saberes dos educandos, criticidade, estética e ética.”

"O mundo não é, o mundo está sendo".

"O homem, ser de relações, e não só de contatos, não apenas está no mundo, mas com o mundo"

"É porque eu amo o mundo que luto para que a justiça social venha antes da caridade"

"Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo".

"Não há saber mais, nem saber menos, há saberes diferentes"

"Como professor não me é possível ajudar o educando a superar sua ignorância se não supero permanentemente a minha".

"O conhecimento exige uma presença curiosa do sujeito em face do mundo. Requer uma ação transformadora sobre a realidade. Demanda uma busca constante. Implica em invenção e em reinvenção".

"Estudar exige disciplina. Estudar não é fácil. porque estudar pressupõe criar, recriar, e não apenas repetir o que os outros dizem."

"A educação tem caráter permanente. Não há seres educados e não educados. Estamos todos nos educando."

"Se nossa opção é progressista, se estamos a favor da vida e não da morte, da equidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua negação, não temos outro caminho senão viver plenamente a nossa opção."

“A educação é um ato de amor, por isso, um ato de coragem. Não pode temer o debate. A análise da realidade. Não pode fugir à discussão criadora, sob pena de ser uma farsa."

A escola em que se pensa, em que se cria, em que se fala, em que se adivinha, a escola que apaixonadamente diz sim a vida"

"É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal maneira que num dado momento a tua fala seja a tua prática."

"É preciso ousar, aprender a ousar , para dizer NÃO a burocratização da mente a que nos expomos diariamente".

"É preciso ousar para jamais dicotomizar o cognitivo do emocional."

"É preciso ousar para jamais dicotomizar o cognitivo do emocional."

"Nao deixe que o medo do difícil paralise você."

"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino".

"A educação necessita tanto de formação técnica e científica como de sonhos e utopias".

"A prática educativa é tudo isso: afetividade, alegria, capacidade científica, domínio técnico à serviço da mudança ou lamentavelmente, da permanência do hoje."

segunda-feira, 25 de março de 2019

Mahatma Gandhi

Ensaia um sorriso
e oferece-o a quem não teve nenhum.
Agarra um raio de sol
e desprende-o onde houver noite.
Descobre uma nascente
e nela limpa quem vive na lama.
Toma uma lágrima
e pousa-a em quem nunca chorou.
Ganha coragem
e dá-a a quem não sabe lutar.
Inventa a vida
e conta-a a quem nada compreende.
Enche-te de esperança
e vive á sua luz.
Enriquece-te de bondade
e oferece-a a quem não sabe dar.
Vive com amor
e fá-lo conhecer ao Mundo.

Mahatma Gandhi.

segunda-feira, 11 de março de 2019

Nas curvas do seu corpo

sei que em alguma noite
em algum quarto
logo
meus dedos abrirão
caminho
em seu corpo

canções que nenhuma rádio
toca

deslizando
em correnteza.

Parafraseando Bukowski.

domingo, 10 de março de 2019

Eu sou

eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível

eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora

eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim

eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranqüilamente
todas as horas do fim.

Composição: Torquato Neto
"Cogito"

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Tire a máscara e atire

Tire a faca do peito
e o medo dos olhos
Ponha uns óculos escuros
e saia por aí. Dando bandeira

Tire o nó da garganta
que a palavra corre fácil
...
Tire o trinco da porta
liberte a corrente de ar
Deixe os bons ventos levantarem a poeira
levando o cisco ao olho grande

Tire a mulher mais bonita
pra dançar e dance
Dance olhando dentro dos olhos
até que ela morra de vergonha

Tire o revólver e atire
a primeira pedra
a última palavra
a praga e a sorte
a peste, ou o vírus?

Bernardo Vilhena.

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Não existe pior prisão do que uma mente fechada

Carl Jung disse certa vez que “Todos nós nascemos originais e morremos cópias”.

Ao analisar a frase de Jung à luz da contemporaneidade, poderíamos encontrar um enorme problema, uma vez que vivemos em um mundo regido sumariamente pela liberdade. Isto é, o fundamento maior da nossa sociedade. É a liberdade, que se ramifica em diversos aspectos, desde o econômico até o comportamental. Entretanto, se olharmos com profundidade, perceberemos que essa estrutura de mundo “livre” existe tão somente no plano teórico e, assim, somos só reprodutores da ordem vigente ou simplesmente cópias, como argumenta Jung.

Obviamente, a nossa cosmovisão sofre influências externas, esse é um processo natural. Da mesma maneira que a vida em sociedade necessita de regras a fim de manter o convívio social dentro de certos limites éticos. Sendo assim, pensar no exercício da liberdade como algo ilimitado é impossível, já que todas as coisas possuem o seu contraponto e limitações. Apesar disso, a existência de pontos limitadores não implica a inexistência da liberdade e o condicionamento irrestrito a valores passados por uma ordem “superior”.

Todavia, é isso que tem acontecido, temos sido escravizados ou, lembrando o João Neto Pitta, “colonizados pelo pensamento alheio”. E pior, por uma ideologia extremamente nociva para nós enquanto seres humanos. Fomos reduzidos a estatística, na qual somos divididos entres os condicionados e os condicionáveis. Ou seja, não existe nessa estrutura a concepção de um ser livre, que exerce a capacidade de raciocínio e afeto para discernir sobre o que quer e deseja. Todos são domesticáveis em potencial.

Esse controle é feito por meio da conversão à sociedade de consumo e seus valores fundamentais, que reduz tudo a um valor mercadológico precário, rotativo e obsoleto. A mídia com todos os seus tentáculos está a serviço do grande capital, que não visa outra coisa a não ser a conversão de mais pessoas, contemplando o deus consumo em seu templo maior: os shoppings centers. Lugar de alegria, satisfação, preenchimento de vazios e liberdade irrestrita, pelo menos teoricamente ou midiaticamente. Mas, em um mundo regido também pelas aparências, pelo espetáculo, o importante não é o que é, e sim, o que aparenta ser, sobretudo, aos olhos dos outros.

Aliás, nesse esquema, não basta ter, é necessário parecer que tenha, expor, mostrar, iludir, ganhar aplausos, tapinhas nas costas, sorrisos falsos e olhar invejosos. Em outras palavras, é preciso confessar ao mundo que você é um vencedor, que é um bom filho de “Deus”, que é recompensado por seguir os seus preceitos, ir ao seu templo e contemplá-lo 24 horas por dia. E existem ferramentas muito úteis para isso, as redes sociais que o digam.

Toda essa teatralidade da vida cotidiana, montada com cortinas que nunca se fecham, é apresentada como verdade e nós — com nossa psique altamente fragilizada — a compramos com extrema facilidade. Para os mais duros na queda, nada que mil repetições não sejam capazes de construir, afinal, como disse Joseph Goebbels, ministro da propaganda na Alemanha Nazista: “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”.

Apesar disso, a grande maioria de nós não está revoltada com a sua condição, pelo contrário, aceitamos o jugo de bom grado. Ou pior, o buscamos. É claro que não possuímos o domínio das relações de força na sociedade, não controlamos as leis, o sistema jurídico, tampouco, a mídia. Somos “apenas” espectadores vorazes de uma batalha desigual e opressora. Entretanto, será que não há o que ser feito? Será que não existem alguns pontos de luz que tentam nos iluminar? Eu sei o quanto é difícil se libertar e quão alto é o preço que se paga pela liberdade. Mas de que adianta ter o conforto de uma vida “segura”, se é por meio dessa “segurança” que a servidão e os males decorrentes desta se tornam possíveis?

Como disse Rosa Luxemburgo: “Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem”. É preciso, então, se movimentar, correr, gesticular, falar, até que o som das correntes seja insuportável e nós consigamos despertar de um sonho ridículo que apresenta um espetáculo celestial em meio a um inferno cercado de grades manchadas com sangue, suor e sofrimento. Se uma mente que se abre jamais volta ao tamanho original, a que se liberta jamais aceita retornar à prisão; porque por mais que as condições sejam adversas, o princípio da autonomia está dentro de nós, quando decidimos romper o medo de abrir os olhos e passamos a enxergar. Sendo assim, o cárcere não é criado do lado de fora, é criado do lado de dentro, já que a chave que prende é a mesma que liberta, pois não existe pior prisão do que uma mente fechada.

Por Erick Morais
No site "Pensar Contemporâneo".

sábado, 9 de fevereiro de 2019

Sentimento infantil

"Retome o seu sentimento infantil de admiração e reverência pelo mundo ao seu redor. Veja o mundo como um lugar mágico. Lembra-se de quando você era criança e como o mundo parecia mágico? Esta sensação de encantamento é o espírito da sua criança interior e a mensagem de hoje se trata de encontrar este lugar dentro de você e trazer esta criança para se divertir novamente."

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

A genialidade de Eduardo Galeano

"A utopia lá do Horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte copie dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia?
Serve para isso:  para que eu não deixe de caminhar."

"Os cientistas dizem que somos feitos de átomos, mas um passarinho me diz que somos feitos de histórias.“

"O que são as pessoas de carne e osso? Para os mais notórios economistas, números. Para os mais poderosos banqueiros, devedores. Para os mais influentes tecnocratas, incômodos. E para os mais exitosos políticos, votos.“

"A realidade dá os cursos práticos, A TV se encarrega da teoria.“

"Esse foi o mandamento que Deus esqueceu: Serás parte da Natureza. Obedecerás a Natureza da qual fazes parte.“

"A história é um profeta com o olhar voltado para trás: pelo que foi, e contra o que foi, anuncia o que será.“

"Eu não acredito em caridade. Eu acredito em solidariedade. Caridade é tão vertical: vai de cima para baixo. Solidariedade é horizontal: respeita a outra pessoa e aprende com o outro. A maioria de nós tem muito o que aprender com as outras pessoas."

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Fritz Kahn - Ciência.

"A ciência não é uma coleção de  
conhecimentos, nem a busca da
verdade, e sim a formação de
conceitos... que são instrumentos de
conhecimento artificialmente
construídos... o ser humano não sabe o
que as coisas são, mas o que ele pensa
sobre elas."

Fritz Kahn.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Eu me atrevo a olhar para longe

Eu me atrevo a olhar para longe! pois de lá que eu vim...
não vou ficar aqui respirando seu oxigênio de menino pequeno, porque você só pensou de chegar até aqui
e por isso não quer que ninguém se compare a você.
Tem medo desse meu olhar ousado... Tem medo de olhar dentro dos meus olhos e enxergar o quanto e ainda onde hei de chegar. Não trouxe espinhos para os seus pés, porque eles são pequenos para suportar o que anseia a minha alma,
Eu trouxe flores... Troco minhas rosas por seus abrolhos... Sim, flores para tentar alegrar o seu dia, e os seus olhos
abarrotados daqueles espinhos da sua psicose.
Menino... não tenha medo... se você quiser, também pode voar! Nascerá asas dos seus sonhos, mas é que nem mesmo aprendeu sonhar.
Eu me atrevo a olhar para hoje, pois foi de lá que eu vim, e seu minúsculo oxigênio está a me matar.
Eu sinto medo, vou voar... Sinto medo da sua pequenez que tenta me fazer parar.

Joana Oviedo

Comparação

O primeiro filósofo que li, o dinamarquês Soeren Kiekeggard, um solitário que me faz companhia até hoje, observou que o início da infelicidade humana se encontra na comparação. Experimentei isso em minha própria carne. Foi quando eu, menino caipira de uma cidadezinha do interior de Minas, me mudei para o Rio de Janeiro, que conheci a infelicidade. Comparei-me com eles: cariocas, espertos, bem falantes, ricos. Eu diferente, sotaque ridículo, gaguejando de vergonha, pobre: entre eles eu não passava de um patinho feio que os outros se compraziam em bicar. Nunca fui convidado a ir à casa de qualquer um deles. Nunca convidei nenhum deles a ir à minha casa. Eu não me atreveria. Conheci, então, a solidão. A solidão de ser diferente. E sofri muito. E nem sequer me atrevi a compartilhar com meus pais esse meu sofrimento. Seria inútil. Eles não compreenderiam. E mesmo que compreendessem, eles nada podiam fazer. Assim, tive de sofrer a minha solidão duas vezes sozinho. Mas foi nela que se formou aquele que sou hoje. As caminhadas pelo deserto me fizeram forte. Aprendi a cuidar de mim mesmo. E aprendi a buscar as coisas que, para mim, solitário, faziam sentido. Como, por exemplo, a música clássica, a beleza que torna alegre a minha solidão...

Rubem Alves.

Rubem Alves

Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.

Rubem Alves.