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sexta-feira, 25 de março de 2016

Bruxas Modernas

Mulheres de poder.

Por: Luis Pellegrini

“Chegou a nossa bruxinha!” Foi assim que a dona da casa saudou uma amiga convidada para o jantar. A anfitriã respondeu sorrindo quando perguntei por que chamara a outra daquele modo: “Ela estuda uma porção de bruxarias, tarô, astrologia, e sabe ler as linhas da mão”.

A “bruxinha” era jovem, bonita e elegante. Psicóloga de profissão, era casada e mãe de dois filhos. Quando me brindou com um sorriso cheio de encanto, perguntei a meus botões: Então são essas as bruxas de hoje? Se forem, o que fazer com a imagem estereotipada da bruxa tradicional, mulher má, velha e feia, corcunda, verruga na ponta do nariz, a voar nos céus montada em vassoura, ou diante de um caldeirão a cozinhar sapos e asas de morcegos com a intenção de produzir malefícios?

Uma pergunta puxa outras: O que é, afinal, a bruxa? Por que, hoje, chamar de bruxa a mulher que se interessa por ocultismos, adivinhações e magias já não é um insulto e sim, muito mais, um elogio carinhoso? O que mudou, a natureza da bruxa, ou simplesmente a visão que temos dela?

A bruxa, definida como mulher que conhece os segredos das leis mágicas da natureza – tanto a natureza externa, do mundo, quanto a interna, humana – existe provavelmente desde os tempos das cavernas. Seu objetivo fundamental é conquistar um poder de transformação sobre as coisas do mundo, sobre os outros e sobre si mesma. Bruxa, portanto, é mulher de poder.

Curandeiras, parteiras, sacerdotisas

No decorrer dos milênios, tanto nas civilizações do Ocidente quanto nas do Oriente, essas mulheres de poder quase sempre desempenharam livremente o seu papel, respeitadas e admiradas pelas pessoas. Eram curandeiras, parteiras, sábias nos usos medicinais das ervas, folhas, raízes, conhecedoras dos mistérios da natureza, da vida e da morte. Eram também sacerdotisas, profetisas, médiuns que funcionavam como elemento de ligação entre os vivos e os mortos, entre os humanos e os deuses.

Claro, havia também homens que exerciam essas funções. Mas eram minoria. Desde sempre, a natureza sensível da mulher foi considerada mais adequada para perceber os segredos da terra e manipular suas forças. No passado, como no presente, as mulheres são as herdeiras das antigas tradições dos tempos matriarcais, pré-cristãos, quando pontificava uma divindade feminina, a Grande Mãe Terra, mais simplesmente chamada A Deusa. Ela dominou a sociedade durante muito tempo, até o advento, há apenas dois ou três mil anos, do ciclo patriarcal, no qual a divindade máxima é um deus masculino, feito à imagem e semelhança dos homens. Desde então, tudo se inverteu. Os valores defendidos e ensinados passaram a ser aqueles convencionalmente atribuídos ao princípio masculino – a honra, a valentia, a competitividade, o espírito de conquista. Pouco a pouco, foram sendo esmagados os valores atribuídos ao princípio feminino – a receptividade, a adaptabilidade, a cooperação, o respeito à natureza e suas leis.

No decorrer da era patriarcal, as mulheres foram colocadas num plano muito inferior ao dos homens. Identificadas como causa e objeto do pecado pela tradição judaico-cristã, consideradas instrumentos do diabo para a perdição dos homens, as mulheres perderam quase todas as possibilidades de afirmação.

Desprestígio começou na Idade Média

Foi na Europa medieval, dominada pela religião patriarcal cristã, que se cristalizou o desprestígio da condição feminina. Todo o poder se concentrou nas mãos dos homens. Em primeiro lugar vinha o deus masculino; em seguida seus representantes na terra, o papa e o rei, com suas respectivas cortes; depois o senhor feudal; e finalmente o cidadão do sexo masculino. Para as mulheres praticamente nada restava na repartição do poder. Quase escravas dos seus senhores, seus papéis sociais limitavam-se à função de esposa e mãe, ou às profissões que reproduziam na sociedade esses mesmos papéis: enfermeiras, cozinheiras, costureiras, parteiras, domésticas. As que desejavam escapar desse destino podiam entrar para um convento (para se tornar esposas de Cristo), ou mergulhar no difícil caminho da prostituição (esposas de todos os homens).

Mas o desejo de liberdade, quando se instala no coração e na mente de uma mulher, é capaz de remover montanhas. Mesmo naquela situação de asfixia, algumas mulheres se rebelaram contra a camisa-de-força patriarcal e procuraram escapar dela. Entre essas mulheres estavam as bruxas. Herdeiras –conscientes ou inconscientes – da antiga tradição libertária dos tempos matriarcais, as bruxas faziam uso dos conhecimentos mágicos oriundos dessa tradição passada de mãe para filha, com o objetivo de conquistar poder. Muitas tornaram-se realmente mulheres de conhecimento e poder, e sua presença logo se destacou no meio da massa de mulheres reprimidas e esmagadas.

O poder patriarcal identificou nessas mulheres um perigo, uma ameaça, e reagiu. Como poderiam aqueles homens – por um lado, eles próprios prisioneiros dos papéis masculinos estereotipados que eram obrigados a representar e, por outro, pelos dogmas de uma igreja que dominava pelo terror – admitir a existência de mulheres mais livres e poderosas (no sentido mágico) do que eles próprios?

A ordem foi acabar com essas mulheres e, na onda terrível de perseguição, até alguns homens foram condenados à morte pelo mesmo “crime”: a bruxaria. Mas, segundo as estatísticas, as mulheres constituíram cerca de 80% das vítimas.

Oitenta por cento daqueles que a Inquisição mandou para a fogueira eram mulheres. Principal acusação: prática de bruxaria.

60 mil mulheres queimadas vivas

Tribunais da Inquisição eclesiástica surgiram em toda parte nos países europeus e inclusive nas Américas do Norte e do Sul. Calcula-se que cerca de 60 mil mulheres foram queimadas vivas entre os séculos 14 e 18. Um genocídio que, levando-se em conta a exiguidade da população naquela época, pode ser comparado ao massacre dos judeus pelos nazistas.

A acusação formal nesses julgamentos sumários era de heresia ou de pacto com o demônio. Mas, na verdade, bastava que o cidadão, principalmente se fosse mulher, se diferenciasse um pouco dos padrões da moral e do senso comum estabelecidos, para ser jogado no braseiro. Joana D’Arc foi queimada porque queria ser guerreira; Giordano Bruno, por afirmar que a Terra não era o centro do universo. Os anais da Inquisição estão cheios de relatos inverossímeis para a mentalidade de hoje. Existe, a título de exemplo, a história de uma mulher que não conseguia acordar durante a noite quando o marido a chamava. A infeliz foi parar num tribunal, denunciada pelo próprio marido, que a acusou de, durante o sono, abandonar o corpo em espírito para encontrar-se com o demônio. A mulher foi condenada e morreu na fogueira.

Dessa paranoia masculina nasceu a imagem feia e negativa que até hoje conservamos das bruxas. Mas, no bojo dos recentes movimentos de libertação da mulher e de resgate dos valores do feminino, essa imagem passa por um rápido processo de transformação. Ao lado da eclosão de ciências “femininas”, como a ecologia, estreitamente ligadas às leis e necessidades da terra, existe hoje, em todo o mundo, um enorme interesse pelos conhecimentos e valores essenciais da bruxaria. Claro, uma bruxaria moderna, de linguagem e roupagens renovadas, e não mais conectada a feitiços baratos à base de sapos, morcegos, vassouras e caldeirões. Muitas centenas de livros sobre o tema foram lançados nas últimas décadas, e seus autores apontam para o ressurgir de uma espiritualidade baseada na sacralização da natureza – exatamente o tipo de espiritualidade desde sempre praticado pelas bruxas.

Muitas analogias podem ser feitas entre a base essencial da religião das bruxas e a moderna psicologia. Por exemplo, as bruxas consideram reais quaisquer pensamentos ou fantasias, acreditando que eles influenciam concretamente as ações no presente. Assim, um fato realmente ocorrido e uma fantasia inventada pela imaginação têm idêntico valor psicológico. A psicologia tem essa mesma visão.

Na mente reside, para as bruxas, o poder de produzir mudanças, o poder de transformação. E cada mudança, acreditam, começa pelo encorajamento de uma atitude psicológica favorável a ela. Para exemplificar, se você deseja mudar de profissão, comece por se imaginar no desempenho de uma outra atividade que lhe proporcione sucesso, prazer e entusiasmo.

Ideias: Primeiro na mente, depois no mundo

Pelo fato de acreditarem que uma ideia deve viver na mente antes de viver no mundo, as bruxas atribuem grande importância à vida imaginativa. Por isso, as técnicas que ensinam a estimular e a focalizar a imaginação (como os recentes métodos batizados de visualização criativa ou a neurolinguística) constituem plataformas básicas da moderna bruxaria, junto ao poder da vontade e a força da mente.

Artefatos tradicionais ainda utilizados por algumas bruxas modernas, como a bola de cristal, espelhos mágicos, incenso, velas, joias, amuletos e talismãs, são na verdade usados como meios de capturar e fixar a atenção para, em seguida, desencadear processos cognitivos sutis da mente.

Na bruxaria, a vontade individual é sagrada. Depois de aprender a visualizar os seus desejos, a bruxa aplica o poder da sua vontade para trazê-los à realidade.

A única regra que controla e restringe o jogo da vontade é de tipo ético: ela nunca deve ser usada com propósitos egoístas ou destrutivos. A regra de ouro da bruxaria é: “Faça tudo aquilo que quiser, até o ponto em que o seu querer comece a perturbar ou ferir os outros”. O raciocínio que está por detrás dessa lei baseia-se muito mais num sentido de equilíbrio do que num ideal caridoso ou moralista. As bruxas acreditam que tudo aquilo que fazem produz efeitos que retornam a elas muito mais fortes do que a ação inicial. Pela “lei do retorno”, axioma fundamental da magia, o mundo é, para cada um de nós, um imenso espelho: tudo que projetamos nele, sejam atos, pensamentos, emoções ou sentimentos, mais cedo ou mais tarde voltará, como um reflexo, para aquele que fez a projeção. Assim, praticar magia para o bem trará sempre compensações positivas. Mas fazer feitiços maléficos é uma atividade muito perigosa, porque ao fazê-los a bruxa envolve-se com forças destrutivas que podem repercutir sobre a sua própria vida.

Mas, por outro lado, se alguém praticar o mal contra uma bruxa, ela estará, devido a essa mesma lei, perfeitamente a salvo ao executar o seu ato de vingança. Usará, nesse, caso, a própria energia negativa desencadeada pelo agressor, simplesmente devolvendo-a à origem.

Como a bruxinha cheia de charme que encontrei naquele jantar, as bruxas modernas estão soltas, livres e atuantes. Confundem-se a tal ponto com a mulher comum que sou tentado a dizer que toda mulher pode (e talvez deva) ser uma bruxa. Elas são pessoas que entenderam que magia não precisa ser, necessariamente, uma atividade que envolva estranhas cerimônias feitas atrás de portas fechadas.

A magia das bruxas é coisa tão natural quanto o ar que se respira, e o universo inteiro, dentro e fora de nós, faz vibrar constantemente o seu misterioso poder mágico. A natureza é mágica, e a mulher e o homem, seres que sintetizam todo o microcosmo natural, são também reservatórios do poder mágico.

Da revista Brasil 247

sábado, 30 de novembro de 2013

Imagens Ambiguas

Vocês já se depararam com algumas imagens no qual você ao olhar enxerga uma determinada figura ou forma, e ao olhar com atenção ou verificar outros detalhes você passa a enxergar uma imagem totalmente diferente? Pois é, são as chamadas imagens ambiguas, que trazem para o ser humano uma dimensão diferente de acordo com algum ponto de atenção, fazendo com que as figuras e fotos pintadas possuam um duplo sentido.
Dependendo de como o cérebro da pessoa funciona, o que varia para cada ser humano, você pode ter mais facilidade para ver um tipo de imagem do que a outra, enquanto outras pessoas podem achar mais difícil ver o mesmo que você observou.
Selecionamos nesse artigos as imagens e fotos ambíguas mais legais da internet, esperamos que gostem e que todos consigam enxergar os dois sentidos de cada imagem.

Imagem Ambígua: Casal ou Caveira
Nessa imagem você vê um casal apaixonado ou uma caveira?

Cálice ou Rostos Humanos
Nessa foto você enxerga um cálice ou dois rostos humanos?

Caveira ou Mulher?
Você enxerga uma mulher se arrumando ou uma caveira?

Velha ou Nova?
Imagem bem legal: Você vê uma moça jovem ou uma mulher idosa?

Velhos ou Músicos?
Nessa pintura podemos ver um casal de idosos ou dois músicos.

Velho ou Mesa de Jantar?
Pintura onde podemos ver um velho ou uma mesa de jantar

Fotos Ambiguas

 

Essas são fotos reais que bombaram na internet, onde a foto da margem para uma outra interpretação. A princípio pode parecer alguma montagem, mas se você olhar com muita atenção pelo menos duas vezes irá descobrir o que causou a confusão na foto.

Casal Trocado
Olhe cuidadosamente e vai reparar quem realmente está deitado e quem está sentado

Homem Mulher?
A primeira impressão é que o homem tem corpo de mulher…mas…

Pé no Lugar da Mão?
Pé no Lugar da Mão? repare bem que a mão na verdade está coçando o pé

Tapete Voador
Tapete Voador? Infelizmente não, repare que a sombra vem de uma bandeira…

Seu cérebro travou em algumas imagens e pinturas? Esperamos que tenham gostado das fotos de duplo sentido!

 http://www.oqueeoquee.com/imagens-ambiguas/

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A garotinha que nos faz sorrir e pensar completa 50 anos em 2014

mafalda 1Por Nubia Silveira

Você se lembra dessa garotinha aí ao lado? Simpática, inteligente, defensora do meio ambiente, preocupada com os rumos da política, ela conquistou amigos pelo mundo todo. Fala vários idiomas, do galego ao dinamarquês. E, mais do que a repressão, odeia sopa. Com essa dica, você – logicamente – lembrou o nome dela. Mafalda se prepara para comemorar 50 anos, em 2014. O dia do nascimento (única data aceita pelo seu criador) é 29 de setembro de 1964, quando, pela primeira vez, apareceu como personagem de uma historieta, nas páginas do semanário argentino Primera Plana. No ano seguinte, mudou-se para El Mundo.

Mafalda é a grande criação do argentino Joaquín Lavado, filho de espanhóis. Conhecido por Quino, desde que nasceu, ele só soube seu verdadeiro nome ao entrar na escola. O apelido o distinguia do tio Joaquín Tejón, pintor e desenhista. Foi ele quem ajudou Quino a descobrir sua vocação ainda nos primeiros anos de vida.

O nome escolhido para a personagem que faria tanto sucesso se deve a uma história em quadrinhos que Quino criou, em 1963, para o lançamento de uma linha de produtos eletrodomésticos. Os produtos se chamavam Mansfield e todos os personagens da HQ tinham nomes iniciados com M. A campanha foi abortada, mas Quino ficou com Mafalda.

O surgimento da menina que olha penalizada para o mundo, a sua mãe, dedicada a cuidar do marido e dos filhos, e o seu pai, que parece um velho aos 37 anos, coincide com o início da ditadura brasileira e a eleição de Arturo Illia, na Argentina. O peronismo havia sido proscrito e os hermanos passavam a viver um novo período político, mais aberto e democrático do que o enfrentado pelos brasileiros.


MAFALDA E SUA TURMA 
Turma de amigos

O traço simples, leve, limpo e expressivo de Quino transforma em obra de arte cada quadro de uma tira. Os pequenos detalhes compõem as historietas que nos fazem sorrir e pensar. Os temas são os cotidianos: as guerras mundiais, o engarrafamento no trânsito, o alto custo de vida, as férias na praia, o aprendizado escolar.

Mafalda, com um laço no alto da cabeça, muda da dúvida ao espanto, apenas levantando a cabeça, abrindo ou fechando a boca. O mesmo acontece com a sua turma. Quino é preciso na sua criação. As dúvidas e angústias de Filipe não poderiam ser representadas por outro garotinho que não aquele de cabelo e queixo que avançam muito além do pescoço. Quem imaginaria Manolo, o tosco que só pensa em ser dono de uma rede de supermercados, de outra forma que não o gordinho atarracado, com cabelos espetados?

A egoísta e, muitas vezes, invejosa Susanita, que só pensa em casar e ter filhos, é desenhada com um cabelo volumoso, nariz pequeno e cara de velha. A característica de Miguelito, também cheio de dúvidas, mas menos angustiado do que Filipe, são os cabelos, formado por folhas como as da alface.
Mais tarde, surgiram Libertad, pequena como a liberdade, menor do que o nenê Guile, irmão de Mafalda. Desde cedo, ele aprende a protestar contra as injustiças e a falta de liberdade de expressão. Ele odeia mortadela e – horror dos horrores – se delicia com uma sopa. E que nome melhor poderia ter a tartaruga de estimação, se não burocracia?

MAFALDA E O MUNDOA turminha de Quino foi mudando de casa, passando por novos jornais e revistas, e conquistando espaço em outros países. As tiras passaram a ser reunidas em pequenos livretos. A coleção completa é composta por 10 livretos, pois em 1973 Quino decidiu não mais desenhá-las. Só voltou a desenhar a personagem para algum momento ou campanha específica, como a lançada pela Unicef, em 1977, pela Declaração dos Direitos da Criança.

Quino e a estátua de sua Mafalda |
Quino e a estátua de sua Mafalda | Foto: saraivaconteudo.com.br

Imortal sucesso

Quino afasta-se de Mafalda e segue com a sua produção de humor gráfico. Apesar de não mais desenhar as tiras, Mafalda não morre. Cresce na preferência dos leitores. O sucesso é tão grande que, ao completar 30 anos, em 1994, tornou-se nome de praça, em Buenos Aires. Na capital argentina, ela e seus amigos, também, deram nome a ruas.

Hoje, no bairro de San Telmo, argentinos e turistas costumam posar para fotos ao lado da estátua de Mafalda. O bairro foi escolhido porque faz parte da história das tiras. Em 1964, quando começou a desenhar a personagem, Quino vivia em San Telmo, a meia quadra de onde hoje está a estátua.

Muitos locais ali o inspiraram e fazem parte das tiras. Um exemplo é o edifício envidraçado, na frente do qual a menina e os amigos sentavam para acompanhar o movimento da rua.

Mafalda completará 50 anos, sem nunca ter crescido. E é certo que ela continua atual. O mundo não mudou. Mafalda ainda pode olhar para o globo terrestre, após ouvir o noticiário internacional, e dizer-lhe condoída: “Se você tivesse fígado… que hepatite, hein?”

http://www.sul21.com.br/jornal/todas-as-noticias/cultura/a-garotinha-que-nos-faz-sorrir-e-pensar-completa-50-anos-em-2014/

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O poder secreto dos animais: eles têm dons paranormais

Cães telepatas, gatos capazes de prever a morte das pessoas, elefantes que sabem quando um terremoto irá acontecer. Os animais percebem muito mais do que nossos sentidos conseguem captar. A ciência reconhece isso, mas ainda não consegue explicar

Por Luis Pellegrini

Oscar, um lindo gato de pelo malhado, possui o dom de prever a morte de alguém. Oscar mora no Steere House Nursing and Rehabilitation Center, no Estado de Rhode Island (EUA), uma instituição que toma conta de pacientes idosos que sofrem de demência senil. Ele foi adotado pela equipe médica em 2005, junto com outros animais abandonados, para distrair e fazer companhia aos pacientes e a seus familiares, nas horas de visita. Oscar, no entanto, para consternação geral, passava a maior parte do tempo escondido ou arredio, não parecendo muito interessado em socializar com os pacientes e visitantes. Mostrava-se, na verdade, bastante distante. Um ano se passou, até que Oscar deu mostras de querer se dedicar a tarefas bem mais especializadas: confortar pacientes moribundos durante as suas últimas horas de agonia.

A equipe, composta de médicos e enfermeiros, percebeu que Oscar começara a fazer rondas de quarto em quarto. Na porta de cada um deles, repetia o mesmo ritual: empurrava a porta com a cabeça, observava o paciente e cheirava o ar. Raramente ele passa muito tempo com alguém – exceto com aqueles que estão vivendo suas últimas horas.

Companheiro das últimas horas

No início, parecia que a presença de Oscar sobre a cama de um paciente moribundo devia-se a um mero acaso. Mas, com o tempo, o seu número de acertos ficou tão grande que, quando ele sobe na cama e se deita ao longo do paciente, os enfermeiros já ligam para a família avisando que o doente está nas últimas. Se impedido de entrar no quarto de um paciente nessas condições, Oscar se mostra teimoso e, com a pata, procura empurrar a porta e forçar a própria entrada. Vinte e cinco vezes seguidas, Oscar previu com exatidão qual paciente seria o próximo a morrer. Em todas as vezes, ele penetrou no quarto e, silenciosamente, permaneceu lá dentro até o desenlace.

O médico David Dosa, clínico da Steere House, no início duvidou do talento peculiar de Oscar. Depois, mudou totalmente de opinião. Em artigo escrito em 2007 para o New England Journal of Medicine, ele conta: "A Senhora K. permanece tranquilamente em seu leito, com respiração calma porem muito fraca... Oscar entra no quartos e cheira o ar. Rodeia a cama duas vezes, até saltar sobre ela e colocar-se ao lado da senhora K. Uma enfermeira entra no quarto para ver como estava a paciente. Nota a presença de Oscar. Preocupada, ela telefona para a família da paciente. Meia hora depois, os familiares da senhora K. chegam à clínica. Oscar permanece tranquilo sobre o seu leito. Um garoto, neto da paciente, pergunta a sua mãe: 'O que o gato está fazendo ali?' A mãe, segurando as lágrimas, responde: 'Ele está ajudando a vovó chegar ao céu".

Meia hora depois, a senhora K. dá seu último suspiro. Logo em seguida, Oscar se levanta, olha ao redor, e deixa o quarto tão silenciosamente que a família nem percebe.

Oscar, um superdotado

Trazido de um abrigo de animais, Oscar cresceu na unidade para dementes senis da Steere House. A clínica adotou há anos um programa em que animais são levados à companhia dos pacientes, a fim de que estes tenham manifestações de afeto e amizade. Cerca de seis animais residem ali, promovendo conforto aos pacientes. Mas só Oscar demonstrou a capacidade especial de perceber qual paciente morrerá em breve.

Depois de aproximadamente seis meses, médicos e enfermeiras da clínica notaram que o gato fazia sua própria ronda entre os pacientes. Ele cheirava e observava os doentes, e às vezes escolhia um deles para ir deitar-se junto. O que surpreendia a todos era que os pacientes com quem Oscar dormia vinham a falecer cerca de duas a quatro horas depois de sua chegada.

Um dos primeiros casos anotados referia-se a uma paciente que tinha um coágulo na perna. Oscar aninhou-se em volta de sua perna e ali permaneceu até a mulher falecer, cerca de duas horas depois. Outro caso exemplar foi o do médico que havia feito um prognóstico de morte iminente, baseado nas condições do paciente: Oscar simplesmente se afastou, fazendo com que o médico acreditasse que o dom do gato houvesse desaparecido. Dez horas depois, Oscar aproximou-se novamente do doente e se aninhou junto dele. A morte do paciente ocorreu cerca de duas horas depois – um intervalo muito longo para o prognóstico inicial do médico.

O que poderia explicar o fenômeno

A precisão de Oscar, que até agora conta com muitas dezenas de casos comprovados, levou o pessoal que trabalha na clínica a instituir um novo e incomum protocolo: toda vez que ele dorme com um paciente, os parentes deste são notificados de sua morte iminente. Na maioria das vezes, a família do paciente não presta atenção no fato de que Oscar está presente na hora da morte; em algumas ocasiões, entretanto, quando é afastado do quarto a pedido dos parentes, o gato fica andando de um lado para o outro em frente à porta, miando em protesto. Quando permanece, Oscar fica com o doente até que este venha a exalar seu último suspiro – momento em que o gato se levanta, dá uma olhada e parte silenciosamente.

Várias foram as hipóteses formuladas para explicar os poderes de Oscar. Os gatos conseguem cheirar as substâncias químicas que são eliminadas pelas pessoas, pouco antes de morrer? Os gatos simplesmente são ótimos observadores, melhores do que os próprios médicos? Os gatos possuem algum sentido ou sensibilidade especial, que não conseguimos explicar mas que realmente funciona? Serão donos de algum poder paranormal? Nenhuma resposta definitiva foi encontrada até agora, e na clínica Steere House Oscar continua tranquilamente a desempenhar o seu papel.

Oscar, no entanto, está longe de ser o primeiro e único animal a manifestar capacidades extraordinárias e inexplicáveis. Todos os animais, algumas espécies mais particularmente, possuem capacidades de percepção que superam em muito aquelas humanas. A tal ponto que seus feitos, observados um sem-número de vezes, em todos os tempos e lugares, fazem com que se confundam e se percam os limites entre a ciência e a magia. Nas últimas décadas, um cientista famoso pesquisou o complexo universo das estranhas percepções dos animais e construiu a respeito uma teoria unitária. Esse homem é Rupert Sheldrake, escritor e biólogo inglês, que explicou os resultados de sua pesquisa no livro Dogs that know their owners are coming home (Cachorros que sabem que seus donos estão chegando em casa).

Os gatos não são os únicos

No livro são relatados diversos testemunhos relativos a prodigiosos eventos que têm como protagonistas animais capazes de perceber coisas que o homem não consegue. Um estudo particular de Sheldrake é dedicado à telepatia. A palavra significa aproximadamente "perceber de longe" e, nos casos relatados no livro, são descritas situações nas quais, por exemplo, gatos previram antecipadamente o retorno a casa do próprio dono, ou alguma situação de perigo a ele relacionada ou, mais simplesmente, captaram com o pensamento um chamado a distância do dono, sem que houvesse nenhuma possibilidade de ouvi-lo com os ouvidos físicos.

Há, em todo o mundo, inúmeros episódios de animais que, afastados de suas casas ou dos seus donos pelas causas mais diversas, encontram o caminho de casa até mesmo depois de anos de busca e de perigosas viagens. Sheldrake fala disso em seu livro, examinando casos de cães, gatos, cavalos e pássaros que conseguem voltar a seu domicílio, pouco importando a imensa distância que parecia tornar o feito praticamente impossível. A conclusão das suas pesquisas é que são de pouco ou nenhum valor o olfato e a memória visual dos lugares que os animais cruzaram. Em muitos casos, era na verdade impossível tomar consciência dos espaços percorridos – por exemplo, no caso de viagens aéreas ou de trem (e pensemos que os citados animais escolheram meios e estradas totalmente diversas daquelas usadas durante a viagem de ida). Tudo se passa como se os animais tivessem um mapa magnético na cabeça, um "radar" funcionando o tempo todo, capaz de conduzir seus passos em situações críticas. Uma espécie de GPS biológico.

Conexão afetiva incrementa o dom paranormal

Existem também capacidades particulares dos animais que, além de nos deixar atônitos, podem nos ser muito úteis. Por exemplo, alguns cães preveem os ataques epiléticos nas pessoas, capacidade estudada e demonstrada em estudo conduzido pelo neurologista Adam Kirton, do Children's Hospital, de Alberta, Canadá, em 2004. O estudo, realizado com 60 cães, demonstrou que 15% deles são bastante precisos na previsão de uma crise epilética do próprio dono, sem necessidade de treinamento. Há vários casos em que o animal, mesmo estando a grande distância do dono, corria subitamente em direção a ele quando o mesmo estava na iminência de ter um ataque.

Essa virtude extraordinária parece ligada unicamente ao grau de conhecimento afetivo, por parte do cão, da pessoa que apresenta esse problema. Para alguns cientistas, isso provavelmente deriva da capacidade olfativa que os animais possuem: antes de um ataque epilético, o corpo humano poderia sofrer alterações fisiológicas que levariam a mudanças na sudorese e na composição química do suor, mudanças que os cães conseguiriam perceber, ou melhor, cheirar. Mas trata-se realmente apenas de olfato?

A mais conhecida capacidade paranormal dos animais é, sem dúvida, a de prever terremotos e outros importantes cataclismos geológicos. Em 2004, horas antes do tsunami que devastou o litoral de vários países asiáticos, elefantes nas proximidades de praias na Indonésia e no Sri Lanka começaram a manifestar sinais de grande inquietação. Vários arrebentaram as correntes que os prendiam e fugiram para o alto de colinas, como que prevendo que as áreas estavam prestes a serem inundadas.

Os animais também vão ao paraíso

Na Europa e na China, zonas sujeitas a abalos sísmicos, todos prestam atenção quando animais em cativeiro – como aqueles trancados em zoológicos – mostram sinais de inquietação. Desde a antiguidade há relatos que falam dessa capacidade de previsão dos animais, que, bem antes do momento da catástrofe, começam a comportar-se de maneira estranha, mostrando um forte desejo de abandonar a casa do dono e fugir para longe, como se quisessem, ao mesmo tempo, salvar a própria pele e avisar as pessoas de que não é mais o caso de permanecer naquele lugar.

Outra obra sobre o tema, Anche gli animali vanno in paradiso (Os animais também vão ao paraíso), dos pesquisadores italianos S. Apuzzo e M. D'Ambrosio (Edizioni Mediterranee), narra muitos episódios surpreendentes e inexplicáveis. No capítulo sobre experiências conduzidas em laboratório e destinadas a provar que alguns animais percebem nitidamente os acontecimentos até mesmo quando são impedidos de usar seus sentidos normais, narra-se a história de um cão boxer que foi ligado a um eletrocardiógrafo numa sala à prova de som, enquanto sua dona se encontrava em outro aposento. Sem que a mulher fosse avisada, um indivíduo estranho invadiu a sala e começou a insultá-la e a ameaçá-la de agressão física. A mulher ficou realmente amedrontada, e seu cão, trancado na outra sala, pareceu perceber que sua dona estava em perigo. O boxer entrou em agitação e seu ritmo cardíaco subiu violentamente.

Outro relato fala de um norte-americano que hospedou em sua casa o gato persa de sua mãe, que partira em viagem à Inglaterra. O gato e a idosa senhora tinham vivido juntos no mesmo apartamento durante quatro anos, e nunca tinham se separado por mais de um dia. Era compreensível, portanto, que durante vários dias o animal parecesse assustado e arredio, mas ele logo se habituou ao novo ambiente e parecia então razoavelmente sereno. Mas um dia, um mês depois da partida de sua dona, ele se encolheu num canto da sala, miando desconsoladamente, recusando a comida e toda a atenção que quiseram lhe dar. No entardecer do segundo dia, esse gato passou a emitir miados pungentes, desesperados. Uma hora depois, o dono da casa recebeu um telefonema avisando-o de que sua mãe acabara de falecer de um ataque cardíaco, quando a transportavam para o hospital.


O que os animais ensinam

A psicóloga de animais Beatrice Lydecker, autora do livro What the animals tell me (O que os animais me ensinaram), defende a idéia de que o esforço que os animais fazem para se comunicar conosco é muito maior do que podemos perceber. Para ela, a maioria das mensagens que eles nos mandam escapa totalmente à nossa atenção. Para Beatrice, os animais não se comunicam conosco verbalmente, e sim por intermédio de percepções extrassensoriais. Ela cita os resultados de uma série de testes que demonstrariam como uma pessoa pode se comunicar com seu animal preferido usando uma linguagem não verbal e visualizando aquilo que deseja. Essa opinião é compartilhada também pelos zoólogos Maurice e Robert Burton, autores da enciclopédia Inside the animal world (Por dentro do mundo animal), que trata de comportamento animal. A obra narra vários exemplos extraordinários de telepatia animal.

Por seu lado, o pesquisador norte-americano J.B. Rhine, considerado o pai da parapsicologia científica, já afirmava que experimentos bem controlados sobre a percepção extrassensorial dos animais confirmavam a evidência e sugeriam que a capacidade dos animais de transmitir e receber mensagens telepáticas é uma propriedade adquirida do organismo animal e precede a consciência sensorial.

O gato, animal mágico no antigo Egito

No Egito dos tempos faraônicos, matar um gato era um crime punido severamente, não importando se essa morte fosse provocada ou acidental. Mas quando um gato morria naturalmente, conta o historiador Heródoto, as pessoas da casa choravam em luto, como se tivessem perdido um membro da família. O gato era embalsamado e ritualmente sepultado.

Os egípcios o chamavam Myu, uma evidente onomatopéia. O gato era venerado em muitas outras regiões do país, sobretudo em Bubastis, cidade do Baixo Egito, onde a principal divindade era Bastet, a deusa com cabeça de gato.

Assim como a própria Bastet, o gato era inimigo das serpentes. Seu culto era muito difundido também em Tebas e Mênfis. Nos arredores dessas cidades foram descobertos cemitérios de gatos contendo cerca de 200 mil múmias desses animais. Parece que o gato macho era animal consagrado ao Sol e ao deus Osíris, e a gata, à Lua e à deusa Ísis.

O gato, cuja pupila sofre variações que lembram as fases da Lua, costumava ser comparado à esfinge por causa da sua natureza secreta e misteriosa e por sua sensibilidade aos fenômenos elétricos e magnéticos. Além disso, sua posição "enrolada" habitual e seu hábito de dormir dias inteiros faziam dele, aos olhos dos sacerdotes, a imagem ideal do meditador, mostrada como exemplo aos neófitos. No Livro dos Mortos egípcio o gato é chamado Matu, quando combate contra Apófis, a serpente píton dos pântanos, símbolo das forças maléficas e traiçoeiras. Afirmava-se, também, que o gato possuía nove almas e gozava de nove vidas sucessivas.

http://www.brasil247.com/pt/247/revista_oasis/90866/O-poder-secreto-dos-animais-eles-t%C3%AAm-dons-paranormais.htm

sábado, 12 de janeiro de 2013

A cidade de Iquitos no Peru e a Casa de Ferro de Gustave Eiffel.

Iquitos é uma cidade do Peru com mais de 400.000 habitantes, situada no meio da floresta amazônica, sendo a maior cidade do mundo não conectada por estradas.

A cidade surgiu a partir de uma missão jesuíta implantada em 1750, na região povoada pelos índios Iquitos, e em 1828 foi fundada oficialmente, tornando-se capital da província de Maynas, região de Loreto, por estar incrustada em um ponto estratégico. A partir de 1880, graças à indústria da borracha, começou sua expansão se tornando uma das cidades mais prósperas do Peru. Sua opulência ainda pode ser constatada nas suas construções como a Casa de Ferro desenhada pelo arquiteto francês Gustave Eiffel (construtor da famosa torre que leva seu nome em Paris) e construída para a  Exposição Internacional de Paris, em 1889.

Um dos barões da borracha, Anselmo del Aguila, estava na europa na época da Exposição Internacional e resolveu comprá-la, transferindo-a para o meio da floresta amazônica. O prédio foi desmontado, posto em uma embarcação e atravessou o oceano atlântico, entrando na América do Sul pelo litoral brasileiro e percorrendo todo o amazonas e partes de outros rios até chegar a Iquitos.

A casa de Ferro

Casa de Fierro circa 1890, visto desde la entonces Plaza de Armas.

File:Iquitos Casa de Hierro01.jpg

File:Iquitos-Casa de Hierro (4).jpg

A saga, a opulência, e as excentricidades dos barões da borracha foram imortalizadas pelo cineasta alemão Werner Herzog no filme Fitzcarraldo:

"Brian Sweeney Fitzgerald ("Fitzcarraldo", na pronúncia dos nativos), fã do tenor italiano Enrico Caruso, sonha em construir uma casa de ópera na remota cidade de Iquitos, no alto Amazonas. Fitzgerald já havia investido numa Estrada de Ferro, a Transandina, e falhara. Tentava conseguir os recursos com um novo empreendimento, uma fábrica de gelo. Graças a esses negócios improváveis, ele foi chamado de "Conquistador do Inútil". Finalmente, consegue dinheiro de sua amante, dona do bordel da cidade, e compra um grande barco fluvial, tentando encontrar uma nova rota para transportar a borracha, de terras que conseguiu a autorização governamental para explorar.
Alucinado, transpõe morros e matas com o barco, à custa de vidas humanas e muito sofrimento. Com este projeto, Herzog ganhou o prêmio de Melhor Direção no Festival de Cannes." http://pt.wikipedia.org/wiki/Fitzcarraldo

terça-feira, 6 de novembro de 2012

O que podemos aprender com os gansos selvagens

"Podemos aprender muito com os gansos selvagens. Quando um ganso bate as asas, por exemplo, voando numa formação em V, cria um vácuo para a ave seguinte passar, e o bando inteiro tem um desempenho 71% melhor do que se voasse sozinho. 

Sempre que um ganso sai da formação, sente subitamente a resistência do ar por tentar voar sozinho e, rapidamente, volta para a formação, aproveitando o vácuo da ave imediatamente à frente. Quando um ganso líder se cansa, ele passa para trás e imediatamente outro assume seu lugar, voando para a posição da ponta. Na formação, os gansos que estão atrás grasnam para encorajar os da frente a aumentar a velocidade. 

Se um deles adoece, dois gansos abandonam a formação e seguem o companheiro doente, para ajudá-lo e protegê-lo. Ficam com ele até que esteja apto a voar de novo ou venha a morrer. Só depois disso eles voltam ao procedimento normal com outra formação ou vão atrás de outro bando.

A lição dos gansos: Pessoas que compartilham uma direção comum e senso de comunidade podem atingir mais facilmente os objetivos. Para atingir nossos objetivos, é necessário estar junto com aqueles que se dirigem para onde queremos ir, dando e aceitando ajuda.

É preciso haver um revezamento na liderança e nas tarefas pesadas. As pessoas, assim como os gansos, dependem umas das outras. Precisamos assegurar que nosso grasnido seja encorajador para nossa equipe e que a ajude a melhorar seu desempenho. É preciso estar ao lado dos colegas também nos momentos difíceis."

domingo, 21 de outubro de 2012

A quebra de paradigmas na criação

Afinal de contas quem inventou o avião: os Irmãos Wright ou Santos-Dumont?Cronologicamente foram os americanos, mas então por que ainda se discute isso? A discussão na verdade gira em torno do paradigma “voar”. O que significa afinal voar? A resposta para essa pergunta nos dirá quem afinal voou primeiro. Se voar significa ser lançado de cima de um precipício, por um estilingue/catapulta, planar por alguns metros e “cair com estilo”, então pode ter certeza que os Wrights foram os primeiros, pois foi exatamente isso que eles fizeram. Se voar significar decolar em um terreno plano, sem ajuda externa, voar por alguns metros e aterrisar em segurança, então com certeza o brasileiro voou primeiro.

O paradigma é trilho que orienta nosso pensamento e quando alguém diz para pensarmos “out of the Box” ela está dizendo exatamente para rompermos os paradigmas. Fazer algo dentro do modelo mental padrão facilita a comunicação, pois nossos receptores não precisarão fazer esforço algum para compreender aquilo que é vigente em sua cultura, mas por isso mesmo nos coloca em lugar comum.

Você já pensou porque o banco da bicicleta tem aquele formato esquisito, que depois de um tempo sentado nele dói a sua bunda e seu cóccix? A bicicleta foi criada na época do velho oeste, e quem a projetou tinha em mente o velho paradigma da sela de cavalo, assento clássico do meio de transporte (cavalo) mais comum da época. Alguns designers que conseguiram romper esse paradigma sugeriram bancos assim:

Portanto, quando estiver criando algo, busque a sua origem e a descarte, tente chegar ao resultado que deseja, mas partindo de um ponto totalmente diferente e inusitado. Rompendo os paradigmas você permitirá que seu cérebro re-combine os elementos de uma maneira totalmente nova, gerando algo inesperado e realmente criativo.
Busque a origem e descarte

A bitola das ferrovias (distância entre os dois trilhos) nos Estados Unidos é de 4 pés e 8,5 polegadas. Por que esse número foi utilizado? Porque era esta a bitola das ferrovias inglesas e como as americanas foram construídas pelos ingleses, esta foi a medida utilizada.

Por que os ingleses usavam esta medida? Porque as empresas inglesas que construíam os vagões eram as mesmas que construíam as carroças, antes das ferrovias e se utilizavam do mesmo ferramental das carroças.


Por que das medidas (4 pés e 8,5 polegadas) para as carroças? Porque a distância entre as rodas das carroças deveria servir para as estradas antigas da Europa, que tinham esta medida.
E por que tinham esta medida? Porque essas estradas foram abertas pelo antigo império romano, quando de suas conquistas e tinham as medidas baseadas nas antigas bigas romanas.
E por que as medidas das bigas foram definidas assim? Porque foram feitas para acomodar dois traseiros de cavalos!

Agora veja: o ônibus espacial americano, o Space Shuttle, utiliza dois tanques de combustível sólido (SRB – Solid Rocket Booster) que são fabricados pela Thiokol, em Utah, nos EUA. Os engenheiros que os projetaram queriam fazê-los mais largos, porém tinham a limitação dos túneis das ferrovias por onde eles seriam transportados, e que tinham suas medidas baseadas na bitola da linha férrea. 

Assim, um dos projetos mais avançados da engenharia mundial em design e tecnologia acabou sendo afetado pelo tamanho do traseiro dos cavalos da Roma antiga!

 Do blog Memento

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Físicos tentam provar que vivemos na "Matrix"

Cientistas da Universidade de Bonn, Alemanha, estão levando a sério a hipótese de que o nosso universo poderia ser uma gigantesca simulação de computador ao melhor estilo “Matrix”. Liderados pelo físico Silas Beane, tentam encontrar a “assinatura cósmica” dessa simulação e a natureza da nossa “visão restrita” que nos impediria de percebermos essa virtualidade do real. Para superar essa “visão restrita” tentam criar uma simulação de nosso universo simulado (uma espécie de meta-simulação), o que faria lembrar não só filmes como “O Décimo Terceiro Andar” (1999) e “Matrix” (1999), mas também a cosmologia gnóstica e o Princípio da Correspondência do Hermetismo e Alquimia da antiguidade em Alexandria.

Segundo o físico Silas Beane da Universidade de Bonn na Alemanha, a busca dessa assinatura passaria pela substituição do espaço-tempo em um universo simulado computacional a partir de minúsculos espaços cúbicos parecidos com grades (teoria do retículo de Gauge) que forneceriam novas visões sobre a natureza da matéria em si.

O problema seria a nossa “visão restrita” por vivermos dentro de uma simulação. E como conseguiríamos identificar essas “restrições” e, dessa maneira, termos a capacidade de criar uma nível “meta”, um olhar de sobrevoo da simulação em si? Como superar essas limitações para podemos encontrar a “assinatura cósmica”? No mundo micro físico essa limitação seria o “efeito Greisen-Zatsepin-Kusmin”: quando partículas de alta energia interagem com a radiação cósmica de fundo, perdem a energia que viajou por longas distâncias. Embora essa energia seja a força fundamental que dá origem à força nuclear entre prótons e nêutrons, não conseguimos vê-las em todas as direções, embora viajem ao longo dos eixos das estruturas que a equipe de físicos pretende simular em computadores.

O que mais intriga as pessoas sobre este assunto é que existem reais possibilidades com a tecnologia atual de encontrarmos o efeito citado. Sendo assim, seríamos capazes de observar a orientação da estrutura em que nosso próprio Universo é simulado.

O filme “O Décimo Terceiro Andar” encadeia três níveis de mundos simulados, um dentro do outro (o filme é baseado no livro de Daniel Galouye Simulacron 3). Esses níveis entram em contato por meio de uma complexa trama de personagens que são nativos ao nível, visitantes daquele nível e personagens que transcendem o nível: o “Simulacro Um”, o futuro aparente de Los Angeles de 2.024; “Simulacro Dois”, o aparente presente de Los Angeles de 1998; e “Simulacro Três”, o aparente passado de Los Angeles e Pasadena em 1937. Filmicamente, as diferenças visuais entre os níveis é dada pela cor sépia (1937), fotografia noir (1998) e fotografia em tons pastéis (2024). Como os habitantes de cada nível ali nasceram, vivem e trabalham, tomam cada “fotografia” ou “décor” do seu mundo como natural.

“Show de Truman” vai explorar mais fundo essa ironia de que o que tomamos como “realidade” é o resultado de uma projeção do nosso psiquismo e não uma percepção a partir de algo ontologicamente dado. Isso é exemplarmente mostrado na seqüência em que Truman rouba um veleiro e cruza o mar cenográfico da cidade-estúdio de Seaheaven.  Nas tomadas em que Truman está no leme do veleiro, o horizonte do mar é apresentado com uma exagerada anomalia ótica: é um horizonte muito próximo, sem curvatura, talvez o horizonte de um mundo plano. Truman não percebe essa evidente anomalia, pois, afinal, ali nasceu e cresceu, tornando tudo naturalmente como dado e evidente.

Em “Matrix” vemos na traição que o personagem Cypher comete contra o grupo de militantes liderados por Morpheus as limitações das entidades da Matrix: os sentidos que nos traem ao fazer-nos experimentar simultaneamente o prazer e a dor. Cypher manda às favas o “deserto do real” para querer experimentar os sabores e texturas simuladas, embora saiba ser tudo uma ilusão da percepção e dos sentidos.

Cosmologia gnóstica: mundos dentro de mundos

Essa hipótese cosmológica da existência de mundos simulados, um dentro do outro tal qual a estrutura de uma “cebola cósmica” já era a proposição do professor gnóstico Basilides na antiguidade (viveu em Alexandria entre 117 e 138 DC) sobre um universo composto por 365 mundos, onde um plano desconhece a existência do outro.

Temos ainda o Princípio da Correspondência do Gnosticismo Hermético, os três planos de correspondência do Universo (Físico, Mental e Espiritual) sintetizados pela seguinte máxima de Hermes de Trimegisto: “o que está em cima é como está embaixo, o que está embaixo é como está em cima”. Hermes via esses níveis como graus ascendentes da grande escada da Vida.

http://cinegnose.blogspot.com.br/2012/10/fisicos-tentam-provar-que-vivemos-na.html#more

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Que orixá rege o ano?

Por Luciana Ribeiro

Maria Stella de Azevedo Santos
Este é um artigo que possui objetivo esclarecedor. Tentarei tornar compreensível um assunto que surge todo princípio de ano. A imprensa faz reportagens e as pessoas indagam uma das outras ou perguntam a si mesmas sobre o orixá que influenciará o novo ano que surge. Fazem isso na tentativa de adivinhar o que é preciso ser DIVINADO.

Adivinhar é fazer conjecturas sobre um tema usando a intuição, o que todo ser humano pode fazer. Divinar, todavia, é entrar em comunicação com o sagrado, através de rituais guiados por sacerdotes. É claro que todo ser vivo, por possuir uma parcela divina, é capaz de se conectar com os deuses. Mas a utilização de oráculos, os quais fornecem informações mais precisas sobre o destino da comunidade, requer uma preparação especial e um estilo de vida que propicia à intuição, inerente a todos, apresentar-se de maneira muita mais clara. A intuição se transforma aqui em revelação: quando os véus que encobrem os mistérios são retirados pelos deuses, a fim de que nossa jornada aconteça de uma maneira orientada e, assim, possamos cumprir a tarefa que nos foi legada com o mínimo de percalços possível, o que torna a vida bem mais leve.

Os leitores acostumados com os artigos que escrevo poderão estranhar a formalidade deste texto. É que “há tempo para tudo”: para contar anedotas, falar poesias, refletir sobre a vida… Esse tema pede seriedade! Faço isso porque creio ser a imprensa o meio ideal para esclarecer assuntos, que só não são melhor comentados por falta de oportunidade e conhecimento. Tendo agora essa oportunidade que me é dada pelo jornal A TARDE não quero desperdiçá-la. Mesmo tendo eu a consciência de que nada se modifica de um dia para o outro, aproveitarei o momento para tentar fazer com que a população melhor compreenda as respostas do oráculo trazido pelos africanos para o Brasil, esperando que as sementes aqui jogadas possam um dia florescer e dar bons frutos.

A pergunta correta não é qual o orixá que rege o ano, e sim qual o orixá que rege o ano para aquelas pessoas que cultuam estas divindades e estão vinculadas à comunidade em que o Jogo de Búzios foi utilizado. Se isso não for bem esclarecido e, consequentemente, bem compreendido, parece que todos os sacerdotes erram em suas respostas, uma vez que uma Iyalorixá diz que o orixá do ano é Iyemanjá, enquanto outra diz que é Oxum, ou um Babalorixá diz que é Oxossi. Mesmo correndo o risco de o texto ficar enfadonho, insistirei em alguns pontos, a fim de elucidá-los melhor.

No nosso Terreiro, o Ilê Axé Opo Afonjá, o regente do ano 2012 é Xangô. A referida divindade, que se revelou no Jogo feito por mim, não está comandando o mundo inteiro, nem mesmo o Brasil ou a Bahia. Ela é o guia das pessoas que, de uma maneira ou outra (mais profunda – como é o caso dos iniciados; ou mais superficial – os devotos que freqüentam a “Casa”), estão vinculadas a mim enquanto Iyalorixá, ou ao Terreiro em questão.

O leitor, diante dessa explicação, poderá ficar confuso e sentir necessidade de perguntar: “E eu, que não cultuo orixá e não tenho relação com o Candomblé, não serei orientado nem protegido por nenhuma divindade?”. A resposta é: Claro que sim! Por aquela que você cultua ou acredita. Um católico, ou um protestante, será guiado pelos ensinamentos de Jesus; um budista, pelas sábias orientações de Buda…

Outra pergunta ainda poderá surgir: “E quanto às pessoas que não são religiosas, elas ficarão a toa?”. Não, é claro que não. Essas serão guiadas e orientadas pela natureza, que é a presença concreta do Deus abstrato. Seus instintos, protegidos por suas cabeças e corações, conduzirão suas vidas de modo que seus passos sigam sempre na direção correta.

Que Xangô – divindade da eloqüência, da estratégia, do fogo que produz o movimento necessário a todo tipo de prosperidade – possa receber, de meus filhos espirituais, cultos suficientes para que fortalecido possa torná-los cada vez mais fortes para enfrentar as intempéries que todo ano traz consigo. Obrigado Ano Velho pelas experiências passadas para Ano Novo.

Texto de Maria Stella de Azevedo Santos é Iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá

sábado, 29 de outubro de 2011

A Estética antecipando a Ciência.

1 - Pinturas Rupestres.

Seriam astronautas?
Uma pintura no Vale Camonica, na Itália.
valcamonica
Wandlebury (Inglaterra)



2 – Hieróglifos egípcios



3 – Pinturas , gravuras, desenhos .








 


TAPEÇARIA DO SÉCULO XV,  mostrando no canto superior direito um objeto em forma de aeronave.

 


AFRESCO "A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS CRISTO", NO MONASTÉRIO DE DETCHANI, NA IUGOSLÁVIA, FINALIZADO EM 1.351.

4 – Leonardo da Vinci.
Desenho de uma Máquina Voadora
 




Helicópetero



Avião


 
 
 
 
 
 
 





5 – Julio Verne. 20.000 Léguas Submarinas.
Submarino Atômico?
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6 – Outros
 
Computadores inteligentes
 
Em 1951, o inglês Arthur C. Clarke publicou A Sentinela, conto que daria origem a 2001: Uma Odisséia no Espaço, filme de Stanley Kubrick sobre um supercomputador, HAL, que comanda uma espaçonave e adquire vontade própria (na foto, a imagem de um astronauta aparece refletida no HAL). Hoje, a capacidade de processamento do cérebro humano já foi igualada, talvez até superada, por máquinas. Em 1997, por exemplo, um supercomputador da IBM bateu o campeão de xadrez Gari Kasparov em um tira-teima.

Submarinos
 
Em 1869, o escritor francês Julio Verne (1828-1905) imaginou um submarino que utilizava um combustível eficiente e praticamente inesgotável. A história do capitão Nemo e dos tripulantes do submarino Nautilus (foto), em Vinte Mil Léguas Submarinas, inspirou um filme homônimo dos estúdios Walt Disney, em 1954. Um ano depois, surgiu o primeiro submarino de verdade movido por propulsão nuclear – que foi batizado de Nautilus em homenagem ao veículo descrito por Verne.

Viagem no tempo
 
Em 1895, H.G. Wells (1866-1946) publicou A Máquina do Tempo. O livro teve duas adaptações para o cinema. A mais recente delas, de 2000, com o ator Guy Pearce (foto), foi dirigida por Simon Wells, bisneto do escritor inglês. Só no início do século 20, com a Teoria da Relatividade, de Albert Einstein, a ciência passou a encarar com seriedade esse tema. Hoje se sabe que um corpo que se move a uma velocidade próxima à da luz pode atravessar uma galáxia em poucos segundos, mesmo que, para quem olha da Terra, essa travessia pareça levar milhares de anos.

Animais híbridos
 
No romance Frankenstein (1816), da inglesa Mary Shelley (1797-1851), o personagem principal é criado da união de partes retiradas de diversos corpos humanos. Ainda não chegamos a tanto, mas os cientistas já conseguem produzir bizarrices como Rama, resultante do cruzamento de um camelo e de uma lhama, nascida em 1998. A história de Shelley teve inúmeras adaptações para o cinema, como a versão de 1994 dirigida por Kenneth Branagh, com o ator Robert de Niro (foto) na pele da Criatura.

Viagem à Lua
 
Ao descrever uma viagem à Lua, o escritor Julio Verne incluiu pormenores impressionantes. Em tom profético, os livros Da Terra à Lua (1865) e Viagem ao Redor da Lua (1869) apresentam muito do que, de fato, ocorreria com o projeto americano Apollo, quase um século depois. A forma cilíndrico-cônica do foguete, o tempo da viagem e os efeitos da falta de gravidade foram alguns detalhes antecipados por Verne. Seus livros inspiraram o clássico Uma Viagem à Lua (1902), de George Méliès, o primeiro filme de ficção científica da história (foto).

sábado, 10 de setembro de 2011

Dom Helder Câmara

Por Maria Auxiliadora Ribeiro
Recentemente foi lançado no mercado cultural um livro mediúnico trazendo as reflexões de um padre depois da morte, atribuído, justamente, ao Espírito Dom Helder Câmara, bispo católico, arcebispo emérito de Olinda e Recife, desencarnado no dia 28 de agosto de 1999, em Recife (PE).
O livro psicografado pelo médium Carlos Pereira, da Sociedade Espírita Ermance Dufaux, de Belo Horizonte, causou muita surpresa no meio espírita e grande polêmica entre os católicos. O que causou mais espanto entre todos foi a participação de Marcelo Barros, monge beneditino e teólogo, que durante nove anos foi secretário de Dom Helder Câmara, para a relação ecumênica com as igrejas cristãs e as outras religiões.

Marcelo Barros secretariou Dom Helder Câmara no período de 1966 a 1975 e tem 30 livros publicados. Ao prefaciar o livro Novas Utopias, do espírito Dom Helder, reconhecendo a autenticidade do comunicante, pela originalidade de suas idéias e, também, pela linguagem, é como se a Igreja Católica viesse a público reconhecer o erro no qual incorreu muitas vezes, ao negar a veracidade do fenômeno da comunicação entre vivos e mortos, e desse ao livro de Carlos Pereira, toda a fé necessária como o Imprimátur do Vaticano. É importante destacar, ainda, que os direitos autorais do livro foram divididos em partes iguais, na doação feita pelo médium, à Sociedade Espírita Ermance Dufaux e ao Instituto Dom Helder Câmara, de Recife, o que, aliás, foi aceito pela instituição católica, sem qualquer constrangimento.

No prefácio do livro aparece também o aval do filósofo e teólogo Inácio Strieder e a opinião favorável da historiadora e pesquisadora Jordana Gonçalves Leão, ambos ligados à Igreja Católica. Conforme eles mesmos disseram, essa obra talvez não seja uma produção direcionada aos espíritas, que já convivem com o fenômeno da comunicação, desde a codificação do Espiritismo; mas, para uma grandiosa parcela da população dentro da militância católica, que é chamada a conhecer a verdade espiritual, porque "os tempos são chegados", estes ensinamentos pertencem à natureza e, conseqüentemente, a todos os filhos de Deus.

A verdade espiritual não é propriedade dos espíritas ou de outros que professam estes ensinamentos e, talvez, porque, tenha chegado o momento da Igreja Católica admitir, publicamente, a existência espiritual, a vida depois da morte e a comunicação entre os dois mundos.

Na entrevista com Dom Helder Câmara, realizada pelos editores, o Espírito comunicante respondeu as seguintes perguntas sobre a vida espiritual:
Dom Helder, mesmo na vida espiritual, o senhor se sente um padre?
Não poderia deixar de me sentir padre, porque minha alma, mesmo antes de voltar, já se sentia padre. Ao deixar a existência no corpo físico, continuo como padre porque penso e ajo como padre. Minha convicção à Igreja Católica permanece a mesma, ampliada, é claro, com os ensinamentos que aqui recebo, mas continuo firme junto aos meus irmãos de Clero a contribuir, naquilo que me seja possível, para o bem da humanidade.
Do outro lado da vida o senhor tem alguma facilidade a mais para realizar seu trabalho e exprimir seu pensamento, ou ainda encontra muitas barreiras com o preconceito religioso?
Encontramos muitas barreiras. As pessoas que estão do lado de cá reproduzem o que existe na Terra. Os mesmos agrupamentos que se formam aqui se reproduzem na Terra. Nós temos as mesmas dificuldades de relacionamento, porque os pensamentos continuam firmados, cristalizados em crenças em determinados pontos que não levam a nada. Resistem à idéia de evolução dos conceitos. Mas, a grande diferença é que por estarmos com a vestimenta do espírito, tendo uma consciência mais ampliada das coisas podemos dirigir os nossos pensamentos de outra maneira e assim influenciar aqueles que estão na Terra e que vibram na mesma sintonia.
Como o senhor está auxiliando nossa sociedade na condição de desencarnado?
Do mesmo jeito. Nós temos as mesmas preocupações com aqueles que passam fome, que estão nos hospitais, que são injustiçados pelo sistema que subtrai liberdades, enriquece a poucos e colocam na pobreza e na miséria muitos; todos aqueles desvalidos pela sorte. Nós juntamos a todos que pensam semelhantemente a nós, em tarefas enobrecedoras, tentando colaborar para o melhoramento da humanidade.
Como é sua rotina de trabalho?
A minha rotina de trabalho é, mais ou menos, a mesma... Levanto-me, porque aqui também se descansa um pouco, e vamos desenvolver atividades para as quais nos colocamos à disposição. Há grupos que trabalham e que são organizados para o meio católico, para aqueles que precisam de alguma colaboração. Dividimo-nos em grupos e me enquadro em algumas atividades que faço com muito prazer.
Qual foi a sua maior tristeza depois de desencarnado? E qual foi a sua maior alegria?
Eu já tinha a convicção de que estaria no seio do Senhor e que não deixaria de existir.
Poder reencontrar os amigos, os parentes, aqueles aos quais devotamos o máximo de nosso apreço e consideração e continuar a trabalhar, é uma grande alegria. A alegria do trabalho para o Nosso Senhor Jesus Cristo.
O senhor, depois de desencarnado, tem estado com freqüência nos Centros Espíritas?
Não. Os lugares mais comuns que visito no plano físico são os hospitais; as casas de saúde; são lugares onde o sofrimento humano se faz presente. Naturalmente vou à igreja, a conventos, a seminários, reencontro com amigos, principalmente em sonhos, mas minha permanência mais freqüente não é na casa espírita.
O senhor já era reencarnacionista antes de morrer?
Nunca fui reencarnacionista, diga-se de passagem. Não tenho sobre este ponto um trabalho mais desenvolvido porque esse é um assunto delicado, tanto é que o pontuei bem pouco no livro. O que posso dizer é que Deus age conforme a sua sabedoria sobre as nossas vidas e que o nosso grande objetivo é buscarmos a felicidade mediante a prática do amor. Se for preciso voltar a ter novas experiências, isso será um processo natural.
Qual é o seu objetivo em escrever mediunicamente?
Mudar, ou pelo menos contribuir para mudar, a visão que as pessoas têm da vida, para que elas percebam que continuamos a existir e que essa nova visão possa mudar profundamente a nossa maneira de viver.
Minha tentativa de adaptação a essa nova forma de escrever foi muito interessante, porque, de início, não sabia exatamente como me adaptar ao médium para poder escrever. É necessário que haja uma aproximação muito grande entre o pensamento que nós temos com o pensamento do médium. É esse o grande de todos nós porque o médium precisa expressar aquilo que estamos intuindo a ele. No início foi difícil, mas aos poucos começamos a criar uma mesma forma de expressão e de pensamento, aí as coisas melhoraram. Outros (médiuns) pelos quais tento me comunicar enfrentam problemas semelhantes.
Foi uma surpresa saber que poderia se comunicar pela escrita mediúnica?
Não. Porque eu já sabia que muitas pessoas portadoras da mediunidade faziam isso. Eu apenas não me especializei, não procurei mais detalhes, deixei isso para depois, quando houvesse tempo e oportunidade. Imaginamos que haja outros padres que também queiram escrever mediunicamente, relatarem suas impressões da vida espiritual.
Por que Dom Helder é quem está escrevendo?
Porque eu pedi. Via-me com a necessidade de expressar aos meus irmãos da Terra que a vida continua e que não paramos simplesmente quando nos colocam dentro de um caixão e nos dizem "acabou-se". Eu já pensava que continuaria a existir, sabia que IGREJA CATÓLICA JÁ RECONHECE COMUNICAÇÃO COM OS ESPÍRITOS haveria algo depois da vida física. Falei isso muitas vezes. Então, senti a necessidade de me expressar por um médium quando estivesse em condições e me fossem dadas as possibilidades. É isto que eu estou fazendo.
Outros padres, então, querem escrever mediunicamente em nosso País?
Sim. E não poucos. São muitos aqueles que querem usar a pena mediúnica para poder expressar a sobrevivência após a vida física. Não o fazem por puro preconceito de serem ridicularizados, de não serem aceitos, e resguardam as suas sensibilidades espirituais para não serem colocados numa situação de desconforto. Muitos padres, cardeais até, sentem a proteção espiritual nas suas reflexões, nas suas prédicas, que acreditam ser o Espírito Santo, que na verdade são os irmãos que têm com eles algum tipo de apreço e colaboram nas suas atividades.
Como o senhor se sentiu em interação com o médium Carlos Pereira?
Muito à vontade, pois havia afinidade, e porque ele se colocou à disposição para o trabalho. No princípio foi difícil juntar-me a ele por conta de seus interesses e de seu trabalho. Quando acertamos a forma de atuar, foi muito fácil, até porque, num outro momento, ele começou a pesquisar sobre a minha última vida física. Então ficou mais fácil transmitir-lhe as informações que fizeram o livro.
O senhor acredita que a Igreja Católica irá aceitar suas palavras pela mediunidade?
Não tenho esta pretensão. Sabemos que tudo vai evoluir e que um dia, inevitavelmente, todos aceitarão a imortalidade com naturalidade, mas é demais imaginar que um livro possa revolucionar o pensamento da nossa Igreja. Acho que teremos críticas, veementes até, mas outros mais sensíveis admitirão as comunicações. Este é o nosso propósito.
É verdade que o senhor já tinha alguns pensamentos espíritas quando na vida física?
Eu não diria espírita; diria espiritualista, pois a nossa Igreja, por si só, já prega a sobrevivência após a morte. Logo, fazermos contato com o plano físico depois da morte seria uma conseqüência natural. Pensamentos espíritas não eram, porque não sou espírita. Sem nenhum tipo de constrangimento em ter negado alguns pensamentos espíritas, digo que cheguei a ter, de vez em quando, experiências íntimas espirituais.
Igreja - Há as mesmas hierarquias no mundo espiritual?
Não exatamente, mas nós reconhecemos os nossos irmãos que tiveram responsabilidades maiores e que notoriamente tem um grau evolutivo moral muito grande. Seres do lado de cá se reconhecem rapidamente pela sua hombridade, pela sua lucidez, pela sua moralidade. Não quero dizer que na Terra isto não ocorra, mas do lado de cá da vida isto é tudo mais transparente; nós captamos a realidade com mais intensidade. Autoridade aqui não se faz somente com um cargo transitório que se teve na vida terrena, mas, sobretudo, pelo avanço moral.
Qual seu pensamento sobre o papado na atualidade?
Muito controverso esse assunto. Estar na cadeira de Pedro, representando o pensamento maior de Nosso Senhor Jesus Cristo, é uma responsabilidade enorme para qualquer ser humano. Então fica muito fácil, para nós que estamos de fora, atribuirmos para quem está ali sentado, algum tipo de consideração. Não é fácil. Quem está ali tem inúmeras responsabilidades, não apenas materiais, mas descobri que as espirituais ainda em maior grau. Eu posso ter uma visão ideológica de como poderia ser a organização da Igreja; defendi isso durante minha vida. Mas tenho que admitir, embora acredite nesta visão ideal da Santa Igreja, que as transformações pelas quais devemos passar merecem cuidado, porque não podemos dar sobressaltos na evolução. Queira Deus que o atual Papa Ratzinger (Bento XVI) possa ter a lucidez necessária para poder conduzir a Igreja ao destino que ela merece.
O senhor teria alguma sugestão a fazer para que a Igreja cumpra seu papel?
Não preciso dizer mais nada. O que disse em vida física, reforço. Quero apenas dizer que quando estamos do lado de cá da vida, possuímos uma visão mais ampliada das coisas. Determinados posicionamentos que tomamos, podem não estar em seu melhor momento de implantação, principalmente por uma conjuntura de fatores que daqui percebemos. Isto não quer dizer que não devamos ter como referência os nossos principais ideais e, sempre que possível, colocá-los em prática.
Espíritas no futuro?
Não tenho a menor dúvida. Não pertencem estes ensinamentos a nossa Igreja, ou de outros que professam estes ensinamentos espirituais. Portanto, mais cedo ou mais tarde, a nossa Igreja terá que admitir a existência espiritual, a vida depois da morte, a comunicação entre os dois mundos e todos os outros princípios que naturalmente decorrem da vida espiritual.IGREJA CATÓLICA JÁ RECONHECE COMUNICAÇÃO COM OS ESPÍRITOS
Quais são os nomes mais conhecidos da Igreja que estão cooperando com o  progresso do Brasil no mundo espiritual?
Enumerá-los seria uma injustiça, pois há base em todas as localidades. Então, dizer um nome ou outro seria uma referência pontual porque hámuitos, que são poucos conhecidos, mas que desenvolvem do lado de cá da vida um trabalho fenomenal e nós nos engajamos nestas iniciativas de amor ao próximo.
Amor - Que mensagem o senhor daria especificamente aos católicos agora, depois da morte?
Que amem, amem muito, porque somente através do amor vai ser possível trazer um pouco mais de tranqüilidade à alma. Se nós não tentarmos amar do fundo dos nossos corações, tudo se transformará numa angústia profunda. O amor, conforme nos ensinou o Nosso Senhor Jesus Cristo, é a grande mola salvadora da humanidade.
Que mensagem o senhor deixaria para nós, espíritas?
Que amem também, porque não há divisão entre espíritas e católicos ou qualquer outra crença no seio do Senhor. Não há. Essa divisão é feita por nós, não pelo Criador. São aceitáveis porque demonstram diferenças de pontos de vista, no entanto, a convergência é única, aqui simbolizada pela prática do amor, pois devemos unir os nossos esforços.
Que mensagem o senhor deixaria para os religiosos de uma maneira geral?
Que amem. Não há outra mensagem senão a mensagem do amor. Ela é a única e principal mensagem que se pode deixar.