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sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Balada de Sacco e Vanzetti, parte 2

Balada de Sacco e Vanzetti, parte 2

Pai, sim, sou prisioneiro
Não tema relatar meu crime
O crime de amar os esquecidos
Só quem cala deveria se envergonhar

E agora direi quem está contra nós
Uma arte vívida durante séculos
Olhe pelos anos e a encontrará
Escurecendo toda nossa história
Contra nós está a lei
Sua imensa força e poder
Contra nós está a lei!
A polícia sabe como fazer de um homem
Um culpado, mesmo sendo inocente
Contra nós está o poder da polícia!
As mentiras sem vergonha que contaram
Nunca poderão ser pagas sequer com ouro
Contra nós está o poder do ouro!
Contra nós está o ódio racista
Pelo simples fato de sermos pobres

Meu querido pai, sou prisioneiro
Não tema relatar meu crime
O crime de amor e irmandade
Só quem cala deveria se envergonhar!

Comigo tenho meu amor, minha inocência
Aos trabalhadores e aos pobres
Por todos eles sou forte e seguro
E tenho esperanças
A rebelião, a revolução não necessita de dólares
Eles sim precisam
A imaginação, o sofrimento, a leveza do amor
E o cuidado para com outro ser humano
Nunca roubem, nunca matem
Vocês são partes da vida e da esperança!
A revolução avança de humano a humano
E de coração a coração!
Eu tenho a sensação quando miro as estrelas
De que somos crianças na vida
A morte é um mero detalhe

Composição: Ennio Morricone / Joan Baez

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Era uma vez

Era Uma Vez
Kell Smith

Era uma vez
O dia em que todo dia era bom
Delicioso gosto e o bom gosto
Das nuvens serem feitas de algodão
Dava pra ser herói
No mesmo dia em que escolhia ser vilão
E acabava tudo em lanche, um banho quente
E talvez um arranhão

Dava pra ver
A ingenuidade, a inocência cantando no tom
Milhões de mundos e universos tão reais
Quanto a nossa imaginação
Bastava um colo, um carinho
E o remédio era beijo e proteção
Tudo voltava a ser novo no outro dia
Sem muita preocupação

É que a gente quer crescer
E, quando cresce, quer voltar do início
Porque um joelho ralado
Dói bem menos que um coração partido

É que a gente quer crescer
E, quando cresce, quer voltar do início
Porque um joelho ralado
Dói bem menos que um coração partido

Dá pra viver
Mesmo depois de descobrir que o mundo ficou mau
É só não permitir que a maldade do mundo
Te pareça normal
Pra não perder a magia de acreditar
Na felicidade real
E entender que ela mora no caminho
E não no final

É que a gente quer crescer
E, quando cresce, quer voltar do início
Porque um joelho ralado
Dói bem menos que um coração partido

É que a gente quer crescer
E, quando cresce, quer voltar do início
Porque um joelho ralado
Dói bem menos que um coração partido

Era uma vez!

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Karn Evil 9: 3rd Impression Emerson, Lake & Palmer

Karn Evil 9: 3rd Impression 
Emerson, Lake & Palmer

Homem solitário; nasceu da pedra
Marcará a poeira do tempo
Suas mãos acenderão a chama da sua alma
Lançará uma corda para uma árvore e suspenderá o universo
Até o vento da alegria soprar frio

Medo que zumbi nas orelhas dos homens
E trazeiros dos repugnantes chefes
Medo..........morte..........no vento.......

Home de aço, reza e ajoelha
Com fervor esta ardendo a tocha
Golpeado na face da noite
Atrai uma lâmina de compaixão
Beijada por incontáveis reis
Cujas trombetas incrustadas de jóias cegam sua visão

Paredes que o homem não pensou que cairiam
Os altares dos justos
Esmagados..........poeira........no vento

Homem não se renda a quem voa em minha nave
Perigo!
Deixe o computador do comando falar
Estranho!
Carregue seu programa. eu sou você

Sem racks de computador em meu caminho
Somente sangue pode acalmar minha dor
Guardiões da nova e clara madrugada
Deixam os mapas da guerra serem desenhados

Alegre-se! a glória é nossa!
Nossos jovens homens não tem morrido em vão
Suas sepulturas não precisam de flores
As fitas tem seus nomes gravados

Eu sou tudo que existe
Negativo! primitivo! limitado! eu te deixo viver!
Mas eu te dei vida
O que você poderia fazer?
Fazer o que era direito
Eu sou perfeito! e você?

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Jamais Serão Gustavo Black Alien

Agora o quê?
Então, do que se trata
Eu sei do que eu me trato
Olha em volta quanta gata, é fato
Muito além do pó no prato
Fritar no quarto
Poeira lunar no ar, espetacular, novato
A minha mente cria meu inferno e melodia
Minhas crias, meu caderno, beat quente, noite fria
Quem diria, no meu terno predileto eu sou filmado
Puro dialeto no BMW insufilmado
Black Alien on the microphone, friends call me Gus
Vice versa, my verse to the universe
Niterói a Londres, Nova York, Lisboa, Paris
Numa boa em Tókio
Talkin’ worldwide, music please
Essa é a vida que eu sempre quis, nem sabia
As ruas ouvem o que a gente diz, eu sabia
De noventa e três, onde estava, esteve, fez?
Dropo versos pra vocês no meu português-inglês
O mundo nunca vai mandar em mim
Prefiro o som do cantonês, eles impõem o mandarim
Enfim, eu quero que se foda
Eu vou até o fim, espadachim no estilo mestre Yoda

Só se fala groselha
Meu silêncio é caridade
Se eu for agir na velha, hm
O que eu penso de verdade é
Presidentes são temporários, baby
Meu despertar, temporão
Música boa é pra sempre
E esses otários jamais serão

Eu bebo jazz, blues, soul, reggae, funk, rocknroll
Respiro hardcore, punk, o flow do Speed, speed flows
Conta quantos Benjamins nessas notas de 100 dólar
Quantos vêm à mim dizendo “Black é nossa escola”
Uns de coração, outros da boca pra fora
Pois da boca pra dentro, a alma não colabora
Nunca tive a pretensão, se não me falhe a memória
Nem vou sair na mão, só uso o pé a qualquer hora
Ossos do ofício, são os ossos do ofício
Se vêm de vacilação, quebramos ossos no ofício
Eles dizem que acabou, informo: Não, é só o início
Beatmakers, velhos sócios no meu mais antigo vício
Conto meus problemas pros meus amigos de hospício
E aí paro de reclamar que alguma coisa tá difícil
A zona de conforto é o lugar aonde os sonhos morrem
Zona de conflito é onde esses covardes correm

Jamais Serão
Gustavo Black Alien

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Beijo carmim de brilho furtacor

Boca de beijo carmim
Menta aclara o dia aumenta a euforia
Quero esse sabor pra mim
Menina da cor da prata

Gata se confunde em flor
Transe de magia, graça e alegria
De um brilho furtacor

Ademar.

terça-feira, 25 de junho de 2019

Trem-Bala - Ana Vilela

Não é sobre ter todas as pessoas do mundo pra si
É sobre saber que em algum lugar alguém zela por ti
É sobre cantar e poder escutar mais do que a própria voz
É sobre dançar na chuva de vida que cai sobre nós

É saber se sentir infinito
Num universo tão vasto e bonito, é saber sonhar
Então fazer valer a pena
Cada verso daquele poema sobre acreditar

Não é sobre chegar no topo do mundo e saber que venceu
É sobre escalar e sentir que o caminho te fortaleceu
É sobre ser abrigo e também ter morada em outros corações
E assim ter amigos contigo em todas as situações

A gente não pode ter tudo
Qual seria a graça do mundo se fosse assim?
Por isso, eu prefiro sorrisos
E os presentes que a vida trouxe pra perto de mim

Não é sobre tudo que o seu dinheiro é capaz de comprar
E sim sobre cada momento, sorriso a se compartilhar
Também não é sobre correr contra o tempo pra ter sempre mais
Porque quando menos se espera a vida já ficou pra trás

Segura teu filho no colo
Sorria e abraça os teus pais enquanto estão aqui
Que a vida é trem-bala, parceiro
E a gente é só passageiro prestes a partir

Segura teu filho no colo
Sorria e abraça os teus pais enquanto estão aqui
Que a vida é trem-bala parceiro
E a gente é só passageiro prestes a partir.

sábado, 22 de junho de 2019

Redescobrir

Como se fora brincadeira de roda
Memória!
Jogo do trabalho na dança das mãos
Macias!
O suor dos corpos, na canção da vida
Histórias!
O suor da vida no calor de irmãos
Magia!

Como um animal que sabe da floresta
Perdida!
Redescobrir o sal que está na própria pele
Macia!
Redescobrir o doce no lamber das línguas
Macias!
Redescobrir o gosto e o sabor da festa
Magia!

Vai o bicho homem fruto da semente
Memória!
Renascer da própria força, própria luz e fé
Memorias!
Entender que tudo é nosso, sempre esteve em nós
História!
Somos a semente, ato, mente e voz
Magia!

Não tenha medo meu menino novo
Memória!
Tudo principia na própria pessoa
Beleza!
Vai como a criança que não teme o tempo
Mistério!
Amor se fazer é tão prazer que é como fosse dor
Magia!

Como se fora a brincadeira de roda
Memória!
Jogo do trabalho na dança das mãos
Macias!
O suor dos corpos na canção da vida
Histórias!
O suor da vida no calor de irmãos
Magia!

Compositor: Gonzaguinha

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Janelle Monáe - Many Moons (Muitas Luas)

Estamos dançando livremente, mas nós estamos presos no subterrâneo
E todos tentam descobrir a saída
Hey hey hey, tudo que eu queria dizer
Foi apagado e depois jogado fora
E dia-a-dia nós vivemos em transe.

Nós marchamos por toda parte, até que o sol se põe, filhos da noite (em uma roda)
Sonhos desfeitos, sem luz do sol, crimes intermináveis, ansiamos por liberdade
Você está livre, mas em sua mente, você está em um beco sem saída.

Ele viveu no setor 10
Ele teve um amigo chamado Benjamin
Veleje, veleje, Susan
Tão forte por tanto tempo
Tudo que eu quero é cantar minha canção simples
Isto é quadrado ou redondo, rico ou pobre?
No final do dia e da noite, tudo que queremos é mais.

Eu mantenho meus pés no chão
E uso minhas asas quando a tempestade chega
Eu mantenho meus pés no chão para a liberdade
Você está livre, mas em sua mente, você está em um beco sem saída.

Oh, faça chover, não é uma coisa caindo do céu
(A bala de prata está na sua mão, e a guerra está esquentando)
E quando a verdade cai, os gritos se espalham
(Revolucione sua vida e encontre um caminho para sair)
E quando você desce, ao invés de subir
(Você tem que ooh, ah, como uma pantera)
Diga-me: você é ousado o suficiente para alcançar o amor?

Direitos civis, guerra civil
Capa de rato, prostituta drogada
Despreocupado, boate
Bêbado, banheira
Exilado, esquisito
Enteado, show de horrores
Garota negra, cabelo ruim
Nariz largo, olhar frio
Toque de sapatos, Broadway
Smoking, férias
Bloqueio criativo, canção de amor
Palavras estúpidas, música apagada
Tiros, casa laranja
Homem morto andando com uma boca suja
Leite estragado, pão bolorento
Bem-estar, a peste bubônica
Contrato de gravação, lâmpada
Mantenha-se de costas, garoto bandido não-corporativo
Câncer de mama, resfriado comum
HIV, esperança perdida
Excesso de peso, auto-estima
Desajuste, sonho quebrado
Tanque de peixes, tigela pequena
Mente fechada, porão escuro
Garota conectada, controle do androide
Afaste-se agora, eles estão tentando roubar sua alma!
Microfone, uma etapa
Garota levada, indignação
Briga de rua, guerra sangrenta
Instigadores, terceiro andar
Criança promíscua, coração partido
DST, quarentena
Heroína, coque na cabeça
Capítulo final, leito de morte
Suor, pele de metal
Lágrimas metálicas, manequim
Despreocupado, boate
Bêbado, banheira
Casa branca, Jim Crow
Mentiras sujas, meus cumprimentos

E quando o mundo só te trata mal
Apenas venha comigo, e eu te levarei para casa
Não há necessidade de malas
Quem colocou sua vida na zona de perigo?
Você está caindo como uma pedra que rola
Sem tempo para fazer a mala
Você simplesmente não pode parar seu coração de se pendurar
O homem velho morre, e o bebê nasce
Mu-mu-mu-mude sua vida
E quando o mundo só te trata mal
Apenas venha conosco e nós vamos levá-lo para casa
Shan-shan-shan-shan-gri-la

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Desconstrução - Tiago Iorc

Quando se viu pela primeira vez
Na tela escura de seu celular
Saiu de cena pra poder entrar
E aliviar a sua timidez
Vestiu um ego que não satisfez
Dramatizou o view da rotina
Como fosse dadiva divina
Queria só um pouco de atenção
Mas encontrou a própria solidão
Ela era só uma menina

Abrir os olhos não lhe satisfez
Entrou no escuro de seu celular
Correu pro espelho pra se maquiar
Pintou de dor a sua palidez
E confiou sua primeira vez
No rastro de um pai que não via
Nem a própria mãe compreendia
O passo tempo de prazeres vãos
Viu toda graça escapar das mãos
E voltou pra casa tão vazia

Amanheceu tão logo se desfez
Se abriu os olhos de um celular
Aliviou a tela ao entrar
Tirou de cena toda timidez
Alimentou as redes de nudez
Fantasiou o brio da rotina
Fez de sua pele sua sina
Se estilhaçou em cacos virtuais
Nas aparências todos tão iguais
Singularidades em ruinas

Entrou no escuro de sua palidez
Estilhaçou seu corpo celular
Saiu de cena pra se aliviar
Vestiu o drama uma última vez
Se liquidou em sua liquidez
Viralizou no cio da ruina
Ela era só uma menina
Ninguém notou a sua depressão
Seguiu o bando a deslizar a mão
Para assegurar uma curtida

Desconstrução
Compositor: Tiago Iorc

quarta-feira, 1 de maio de 2019

Bob Dylan, vencedor de Grammy, Oscar e Nobel

7 letras de músicas para entender o Nobel de Bob Dylan

Músico americano surpreendeu a todos ao vencer o maior prêmio da literatura mundial dado pela Academia Sueca. 

Além de 12 Grammys e um Oscar (por Things Have Changed, tema do filme Garotos Incríveis), Bob Dylan agora também possui um Nobel de Literatura. “Ele é o grande poeta, um grande poeta dentro da tradição da língua inglesa. Um autor original que carrega com ele a tradição e está há mais de 50 anos inovando e se renovando. Homero e Safo escreveram poesias que eram para ser lidas em voz alta, assim como as de Bob Dylan”, disse a secretária permanente da Academia Sueca, Sara Danius, após o anúncio do prêmio ao músico. 

Com mais de 50 anos de carreira, Bob Dylan inspirou muitos músicos e se tornou um grande nome do folk e do rock, com suas letras fortes e memoráveis. VEJA selecionou alguns dos versos mais poderosos do músico para explicar a escolha da Academia Sueca. Confira a lista abaixo:

1. The Times They Are a-Changin’

Uma das canções mais clássicas de Dylan foi lançada em 1964, em uma época em que os Estados Unidos sofriam grandes transformações sociais, com a contracultura, o movimento pelos direitos civis e o debate sobre a Guerra do Vietnã, e se tornou uma das canções políticas e de protesto mais populares da história, um verdadeiro hino de manifestações:

“Venham senadores, congressistas/ Por favor escutem o chamado / Não fiquem parados no vão da porta / Não congestionem o corredor / Pois aquele que se machuca / Será aquele que nos impediu / Há uma batalha lá fora / E está rugindo / E logo irá balançar suas janelas / E fazer ruir suas paredes / Pois os tempos estão mudando”

2. Blowin’ in the Wind

Lançada em 1962, a canção possui uma sequência de perguntas retóricas, que abordam temas como paz e liberdade, e cujas respostas estão na cara de todos, mas ao mesmo tempo são intangíveis como o vento.

“Quantas estradas um homem precisa andar / Antes que possam chamá-lo de homem? / Quantos mares uma pomba branca precisa sobrevoar / Antes que ela possa descansar na areia? / Sim, e quantas balas de canhão precisam voar / Até serem para sempre banidas? / A resposta, meu amigo, está soprando ao vento”

3. Like a Rolling Stone

Lançada em 1965, a canção fala de uma mulher que antes era rica e nobre, mas, por causa de uma reviravolta do destino, perdeu todo o dinheiro que tinha, e agora mendiga pelas ruas, e precisa defender a si mesma de um mundo desconhecido e hostil.

“Era uma vez, você se vestia tão bem / Em seu auge, dando esmola aos mendigos, não era? / As pessoas diziam “Cuidado, boneca! Você pode se dar mal!” / Você pensou que estavam brincando / Você costumava rir / De todos que vagavam à sua volta / Agora, você não fala tão alto / Agora, você não parece tão orgulhosa / Tendo que roubar sua próxima refeição / Qual é a sensação? / Qual é a sensação? / De estar sem lar? / Como uma completa desconhecida? / Como uma pedra solta?”

4. Knockin’ on Heaven’s Door

Produzida para a trilha sonora do filme Pat Garrett e Billy the Kid (1973), a canção já foi regravada por diversos artistas, como Guns N’ Roses e Avril Lavigne e até ganhou uma versão em português com Zé Ramalho. Entrando no clima do faroeste do cinema, Dylan escreve em seus versos a última súplica de um xerife.

“Tire este distintivo de mim / Eu não posso mais usá-lo / Está ficando escuro, escuro demais para enxergar / Sinto como se eu estivesse batendo à porta do paraíso / Bate, bate, bate à porta do paraíso”

5. Hurricane  

Em 1975, Bob Dylan lançou Hurricane para protestar contra a prisão do boxeador Rubin “Hurricane” Carter, que foi preso injustamente por assassinato, em 1966, no auge da carreira. Nos versos, o cantor denuncia o racismo da polícia e da sociedade americana, um tema que continua válido 40 anos depois.

Todas as cartas de já estavam marcadas / O julgamento foi um circo, ele não teve a menor chance / O juiz fez das testemunhas de Rubin bêbados / E para os brancos que assistiam, ele era um revolucionário / Para os negros, apenas mais um crioulo maluco / Ninguém duvidava que ele tivesse apertado o gatilho / Embora não conseguissem mostrar a arma / O promotor público disse que era ele o responsável / E o júri, todos de brancos, concordou”

Com a revista Veja, acima 

6. Make You Feel My Love

A canção foi escrita por Bob Dylan em 1997, mas, um mês antes de o cantor divulgar a faixa, Billy Joel lançou uma versão com o título To Make You Feel My Love. A música alcançou fama recente na voz de Adele, que regravou o single para o seu primeiro álbum, 19, em 2008.

“Eu sei que você ainda não se decidiu / Mas saiba que eu nunca lhe faria mal / Sei disso desde que nos conhecemos / Na minha cabeça, não há dúvidas, eu sei o lugar a que você pertence / Eu passaria fome, eu ficaria triste e deprimido / Eu iria me arrastando avenida abaixo / Não há nada que eu não faria / Para fazer você sentir o meu amor”

 7. Jockerman

Coringa 

De pé sobre as águas
Distribuindo o seu pão 
Enquanto os olhos do ídolo
Com a cabeça de ferro brilham 

Navios distantes
Navegam pra bruma 
Você nasceu com uma serpente em ambos os punhos
Enquanto um furacão soprava 

Liberdade, bem ali na esquina pra você
Mas com a Verdade tão distante
Que bem iria fazer? 

Coringa dançando para a melodia do rouxinol
Pássaro voa alto à luz da lua
Oh, Coringa

Tão rápido o sol se põe no céu,
Você se ergue e se despede de ninguém 
Tolos se precipitam
Aonde os anjos temem pisar

Ambos os futuros tão cheios de horror
Você não revela nenhum 
Trocando mais uma camada de pele
Mantendo um passo à frente do perseguidor interior 

Você é um homem da montanha
Você pode caminhar sobre as nuvens

Manipulador das multidões
Você faz os sonhos se torcerem
Você vai pra Sodoma e Gomorra,
Mas o que te importava?
Não tem ninguém por lá
Que quisesse casar com sua irmã 

Um amigo do mártir,
Um amigo da mulher da vergonha, 
Você olha a fornalha ardente
Vê o homem rico sem nome

O livro de Levítico
E o Deuteronômio 
A lei da selva e o mar
Foram seus únicos mestres

Na fumaça de um crepúsculo
Sobre um corcel branco como leite
Michelangelo, realmente,
Podia ter esculpido sua figura 
Descansando nos campos, longe do espaço turbulento,
Meio adormecido entre as estrelas
Com um cachorro pequeno lambendo a sua face 

O homem do rifle faz tocaia
Para o doente e o aleijado
O pastor vai receber o mesmo
Quem vai chegar primeiro, é incerto 

Cacetetes e canhões de água,
Gás lacrimejante, cadeados,
Coquetéis molotov, e pedras,
Atrás de cada cortina  
Juízes de coração falso
Morrendo nas teias que tecem 

Apenas uma questão de tempo
Até que a noite venha se aproximando 
É um mundo repleto de sombras
Os céus são escorregadios e cinza 

Uma mulher deu à luz um príncipe hoje
E o vestiu de escarlate
Ele vai colocar o sacerdote no bolso
Vai colocar a lâmina para aquecer
Vai tirar as crianças sem mãe das ruas
E colocá-las aos pés de uma prostituta.

Oh, coringa, você conhece o desejo do homem!
Oh, coringa, você não oferece qualquer réplica!

Coringa dança para a melodia do rouxinol
Pássaro voa alto à luz da lua
Oh, Coringa

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Karn Evil 9: 3rd Impression

Karn Evil 9: 3rd Impression
Emerson, Lake & Palmer

Homem solitário; nasceu da pedra
Marcará a poeira do tempo
Suas mãos acenderão a chama da sua alma
Lançará uma corda para uma árvore e suspenderá o universo
Até o vento da alegria soprar frio

Medo que zumbi nas orelhas dos homens
E trazeiros dos repugnantes chefes
Medo..........morte..........no vento.......

Home de aço, reza e ajoelha
Com fervor esta ardendo a tocha
Golpeado na face da noite
Atrai uma lâmina de compaixão
Beijada por incontáveis reis
Cujas trombetas incrustadas de jóias cegam sua visão

Paredes que o homem não pensou que cairiam
Os altares dos justos
Esmagados..........poeira........no vento

Homem não se renda a quem voa em minha nave
Perigo!
Deixe o computador do comando falar
Estranho!
Carregue seu programa. eu sou você

Sem racks de computador em meu caminho
Somente sangue pode acalmar minha dor
Guardiões da nova e clara madrugada
Deixam os mapas da guerra serem desenhados

Alegre-se! a glória é nossa!
Nossos jovens homens não tem morrido em vão
Suas sepulturas não precisam de flores
As fitas tem seus nomes gravados

Eu sou tudo que existe
Negativo! primitivo! limitado! eu te deixo viver!
Mas eu te dei vida
O que você poderia fazer?
Fazer o que era direito
Eu sou perfeito! e você?

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Hotel das Estrelas, Jards Macalé

Dessa janela sozinha
Olhar a cidade me acalma
Estrela vulgar a vagar
Rio e também posso chorar
E também posso chorar

Mas tenho os olhos tranqüilos
De quem sabe seu preço
Essa medalha de prata
Foi presente de uma amiga
Foi presente de uma amiga

Mas isso faz muito tempo
Sobre o pátio abandonado
Mas isso faz muito tempo
Em doze quartos fechados
Mas isso faz muito tempo
Profetas nos corredores
Mas isso faz muito tempo
Mortos embaixo da escada

No fundo do peito esse fruto
Apodrecendo a cada dentada
Oh! No fundo do peito esse fruto
Apodrecendo a cada dentada

Dessa janela sozinha
Olhar a cidade me acalma
Estrela vulgar a vagar
Rio e também posso chorar
Oh, e também posso chorar.

Hotel das Estrelas
Jards Macalé

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Janelle Monáe - PYNK

Rosa 

Rosa como o seu interior, amor
Rosa por trás de todas as portas, loucura
Rosa como a língua que vai descendo, talvez
Rosa como o paraíso encontrado

Rosa como quando você está tímida por dentro, amor
Rosa é a verdade que você não pode esconder, talvez
Rosa como as dobras do seu cérebro, loucura
Rosa conforme nós enlouquecemos

Então, aqui estamos nós, no carro
Deixando nossos rastros pela avenida
Eu quero cair nas estrelas
Me perder no escuro é minha parte preferida
Vamos contar as formas pelas quais poderíamos fazer isso durar para sempre

Sol, dinheiro, mantendo o ritmo
Toque o seu sutiã e deixe-o cair

Ah, sim, alguns gostam disso
Ah, ah, alguns gostam disso
Ah, sim, alguns gostam
Porque, garoto, tudo bem
Se você tem o azul
Nós temos o rosa

Rosa como os lábios ao seu redor, talvez
Rosa como a pele que está por baixo, amor
Rosa onde é o interior mais profundo, loucura
Rosa além da floresta e das coxas

Rosa como os segredos que você esconde, talvez
Rosa como a pálpebra dos seus olhos, amor
Rosa é onde tudo isso começa, loucura
Rosa como os corredores do seu coração

Rosa como o seu interior, amor (somos todos rosa)
Rosa como as paredes e as portas, talvez (por dentro, somos todos rosa)
Rosa como seus dedos nos meus, talvez
Rosa é a verdade que você não pode esconder

Rosa como sua língua circulando, amor
Rosa como o sol se pondo, talvez
Rosa como os buracos no seu coração, amor
Rosa é minha parte preferida


Janelle Monáe - Muitas Luas

Janelle Monáe
Many Moons (Muitas Luas)

Estamos dançando livremente, mas nós estamos presos no subterrâneo
E todos tentam descobrir a saída
Hey hey hey, tudo que eu queria dizer
Foi apagado e depois jogado fora
E dia-a-dia nós vivemos em transe.

Nós marchamos por toda parte, até que o sol se põe, filhos da noite (em uma roda)
Sonhos desfeitos, sem luz do sol, crimes intermináveis, ansiamos por liberdade
Você está livre, mas em sua mente, você está em um beco sem saída.

Ele viveu no setor 10
Ele teve um amigo chamado Benjamin
Veleje, veleje, Susan
Tão forte por tanto tempo
Tudo que eu quero é cantar minha canção simples
Isto é quadrado ou redondo, rico ou pobre?
No final do dia e da noite, tudo que queremos é mais.

Eu mantenho meus pés no chão
E uso minhas asas quando a tempestade chega
Eu mantenho meus pés no chão para a liberdade
Você está livre, mas em sua mente, você está em um beco sem saída.

Oh, faça chover, não é uma coisa caindo do céu
(A bala de prata está na sua mão, e a guerra está esquentando)
E quando a verdade cai, os gritos se espalham
(Revolucione sua vida e encontre um caminho para sair)
E quando você desce, ao invés de subir
(Você tem que ooh, ah, como uma pantera)
Diga-me: você é ousado o suficiente para alcançar o amor?

Direitos civis, guerra civil
Capa de rato, prostituta drogada
Despreocupado, boate
Bêbado, banheira
Exilado, esquisito
Enteado, show de horrores
Garota negra, cabelo ruim
Nariz largo, olhar frio
Toque de sapatos, Broadway
Smoking, férias
Bloqueio criativo, canção de amor
Palavras estúpidas, música apagada
Tiros, casa laranja
Homem morto andando com uma boca suja
Leite estragado, pão bolorento
Bem-estar, a peste bubônica
Contrato de gravação, lâmpada
Mantenha-se de costas, garoto bandido não-corporativo
Câncer de mama, resfriado comum
HIV, esperança perdida
Excesso de peso, auto-estima
Desajuste, sonho quebrado
Tanque de peixes, tigela pequena
Mente fechada, porão escuro
Garota conectada, controle do androide
Afaste-se agora, eles estão tentando roubar sua alma!
Microfone, uma etapa
Garota levada, indignação
Briga de rua, guerra sangrenta
Instigadores, terceiro andar
Criança promíscua, coração partido
DST, quarentena
Heroína, coque na cabeça
Capítulo final, leito de morte
Suor, pele de metal
Lágrimas metálicas, manequim
Despreocupado, boate
Bêbado, banheira
Casa branca, Jim Crow
Mentiras sujas, meus cumprimentos

E quando o mundo só te trata mal
Apenas venha comigo, e eu te levarei para casa
Não há necessidade de malas
Quem colocou sua vida na zona de perigo?
Você está caindo como uma pedra que rola
Sem tempo para fazer a mala
Você simplesmente não pode parar seu coração de se pendurar
O homem velho morre, e o bebê nasce
Mu-mu-mu-mude sua vida
E quando o mundo só te trata mal
Apenas venha conosco e nós vamos levá-lo para casa
Shan-shan-shan-shan-gri-la

sábado, 28 de abril de 2018

Jockerman, Bob Dylan - tradução

Jockerman - Tradução.
CORINGA

De pé sobre as águas
Distribuindo o seu pão (1)
Enquanto os olhos do ídolo
Com a cabeça de ferro brilham (2)

Navios distantes
Navegam pra bruma (3)
Você nasceu com uma serpente em ambos os punhos
Enquanto um furacão soprava (4)

Liberdade, bem ali na esquina pra você
Mas com a Verdade tão distante
Que bem iria fazer? (5)

Coringa dançando para a melodia do rouxinol
Pássaro voa alto à luz da lua
Oh, Coringa

Tão rápido o sol se põe no céu,
Você se ergue e se despede de ninguém (6)
Tolos se precipitam
Aonde os anjos temem pisar

Ambos os futuros tão cheios de horror
Você não revela nenhum (7(
Trocando mais uma camada de pele
Mantendo um passo à frente do perseguidor interior (8)

Você é um homem da montanha
Você pode caminhar sobre as nuvens

Manipulador das multidões
Você faz os sonhos se torcerem
Você vai pra Sodoma e Gomorra,
Mas o que te importava?
Não tem ninguém por lá
Que quisesse casar com sua irmã (9)

Um amigo do mártir,
Um amigo da mulher da vergonha, (10)
Você olha a fornalha ardente
Vê o homem rico sem nome (11)

O livro de Levítico
E o Deuteronômio (12)
A lei da selva e o mar
Foram seus únicos mestres

Na fumaça de um crepúsculo
Sobre um corcel branco como leite
Michelangelo, realmente,
Podia ter esculpido sua figura (13)
Descansando nos campos, longe do espaço turbulento,
Meio adormecido entre as estrelas
Com um cachorro pequeno lambendo a sua face (14)

O homem do rifle faz tocaia
Para o doente e o aleijado
O pastor vai receber o mesmo
Quem vai chegar primeiro, é incerto (15)

Cacetetes e canhões de água,
Gás lacrimejante, cadeados,
Coquetéis molotov, e pedras,
Atrás de cada cortina  (16)
Juízes de coração falso
Morrendo nas teias que tecem (17)

Apenas uma questão de tempo
Até que a noite venha se aproximando (18)
É um mundo repleto de sombras
Os céus são escorregadios e cinza (19)

Uma mulher deu à luz um príncipe hoje
E o vestiu de escarlate (20)
Ele vai colocar o sacerdote no bolso (21)
Vai colocar a lâmina para aquecer (22)
Vai tirar as crianças sem mãe das ruas
E colocá-las aos pés de uma prostituta.(23)

Oh, coringa, você conhece o desejo do homem!
Oh, coringa, você não oferece qualquer réplica!

Coringa dança para a melodia do rouxinol
Pássaro voa alto à luz da lua
Oh, Coringa

(1) No primeiro verso, já temos a referência a Jesus, embora em nenhum momento da canção ele seja diretamente mencionado. Mas Jesus é quem caminha, ou fica em pé, sobre as águas do Lago de Genesaré, na Galiléia. No segundo verso, a referência é ao milagre da multiplicação dos pães (ver Mateus 14, 14 a 33).

(2) Deve ser a inveja que faz brilhar os olhos do ídolo feito de ferro, diante da visão do Deus vivo.

(3) Os navios do lago da Galiléia, onde Jesus caminhou sobre as águas? Uma metáfora das vidas caminhando para a morte?

(4) Hércules estrangulou com os punhos, no berço, duas serpentes enviadas por Juno para matá-lo. Também o furacão indica um momento de perturbação, talvez uma referência à reação violenta do velho mundo ameaçado pela nova era que seria inaugurada pelo Messias. Herodes e o massacre dos inocentes.

(5) Nesta estrofe, a referência talvez seja à tentação de Jesus no Jardim de Getsemani. Ele poderia se livrar de seus perseguidores e de seu destino. Bastaria rezar ao Pai, e um exército de anjos surgiria para afastá-lo do cálice. Mas com a Verdade perdida, de que serviria? Jesus não se apresenta como o Caminho, a Vida e a Verdade? E a Verdade não libertará? Seja feita a Vossa vontade, portanto. (cf. João 8, 21 a 47).

(6) O sol se põe, a morte na cruz? E, após, erguer-se pode ser uma referência à ressurreição, e que não haveria despedida, porque permaneceria vivo como Espírito Santo para seus discípulos.

(7) Um aspecto do Coringa, o misterioso. Os tolos e os anjos têm de enfrentar seus destinos, e a morte, cada qual à sua maneira, mas ambos na escuridão. “Pois eu vos digo: Amai vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem, para serdes filhos de vosso Pai que está nos céus. Porque ele faz nascer o sol para bons e maus, e chover sobre justos e injustos.”

(8) Novas referências à ressurreição? O perseguidor interior = a morte?

(9) A referência aqui é a Gênesis, 18 e 19. O Jokerman é identificado com o próprio Deus, que decidiu destruir Sodoma e Gomorra pela impiedade de seus habitantes. Mas antes envia dois anjos que vão livrar o justo Ló e sua família da aniquilação. “Ninguém por lá que quisesse casar com sua irmã” - a irmã do Jokerman seria as duas filhas de Ló, o homem justo? Casar com elas seria desposar a justiça. Mas os habitantes de Sodoma queriam violentar os hóspedes de Ló, os anjos do Senhor. O que importava ao Senhor visitar a terra dos homens ímpios? Ainda assim, Ele o faz, na representação de Seus anjos, e conforme a instigação de Abraão, para defender os Seus justos. Ou, melhor dizendo, os que tentam ser justos. Não é fácil entender a atitude de Ló, sacrificando a honra de suas filhas pela de seus hóspedes.

(10) “Amigo do mártir”, como, por exemplo, no apedrejamento de Estêvão (Atos, 7, 54 a 60), o primeiro mártir. “Amigo da mulher da vergonha”, por exemplo, ao salvar do apedrejamento a mulher adúltera (João, 8, 1 a 11), ou ao perdoar os pecados da mulher comumente identificada como Maria Madalena (Lucas, 7, 36-50).

(11) O rico sem nome aparece na parábola do rico e do pobre Lázaro, Lucas, 16, 19-31. Este rico da parábola de fato arde no fogo, e não tem nome, ao contrário do pobre, chamado Lázaro. Talvez não ter nome signifique perder a identidade, por amor à riqueza, ou que a condenação não se prende a um homem específico, mas à condição do homem, qualquer homem, que se prende à riqueza. Que idolatra a riqueza.

(12) Quando perguntaram a Jesus qual era o maior mandamento da Lei, Ele respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, com toda a alma e com toda a mente. Este é o maior e o primeiro mandamento. Mas o segundo é semelhante a este: Amarás o próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” (cf. Mateus, 22, 34 a 40). O primeiro mandamento Jesus retira de Deuteronômio 6,5, e o segundo, de Levítico, 19,18. Daí os mestres de Jesus, além da lei da selva e o mar, isto é, a própria natureza.

(13) Michelangelo realmente esculpe a figura de Jesus, mas apenas na Pietá, que eu me lembre. O “corcel branco como leite” pode ser apenas símbolo de majestade.

(14) Este trecho me parece uma representação da natureza dupla de Jesus, divina e humana. Em paralelo, o turbulento espaço/as estrelas, e os campos/o cachorrinho lambendo a face.

(15) Os pastores, os doentes, os aleijados, são todos vítimas do homem com o rifle fazendo tocaia, da crueldade e da covardia humanas, da morte. Permanece oculto o destino de cada um, quem vai ser o primeiro a enfrentar a morte? (Who´ll get there first is uncertain). Compare nota 7.

(16) Nas imagens de um distúrbio de rua, de um conflito entre policiais e manifestantes, um símbolo para a violência que se oculta em cada coração. A hipocrisia.

(17) Nova imagem de hipocrisia, agora como causadora da perdição daqueles mesmos que a praticam.

(18) Noite=morte. A igualadora, inescapável. “Apenas uma questão de tempo...”

(19) Imagem trágica da vida: incerta, enganadora (cinza), com a sorte mutável (escorregadia), e ameaçada pelo mal (mundo repleto de sombras).

(20) Nesta vida trágica surge a esperança, Jesus, o Príncipe que foi dado à luz pela humilde Maria. Ela o vestiu de escarlate, cor que denota nobreza, ou com seu próprio sangue no momento do parto, a natureza humana desse Deus surpreendente, motivo de escândalo para tantos?

(21) São diversas as passagens em que Jesus surpreende e confunde os sacerdotes, os escribas, os doutores da Lei. Por exemplo, Mateus, 22, 15 - 22, 41 - 46; João, 3, 1 - 15. E “ficaram todos tão espantados que perguntavam uns aos outros: “O que é isso? Uma doutrina nova, dada com autoridade! Ele manda até nos espíritos impuros e eles lhe obedecem” (Marcos, 1, 27 - 28).

(22) “Colocar a lâmina para aquecer”, como um ferreiro que aumenta o gume da espada, tornando-a mais afiada. “Não penseis que vim trazer a paz à terra. Não vim trazer a paz, e sim a espada. Pois vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora de sua sogra. Os inimigos da gente serão os próprios parentes” (Mateus, 10, 34 - 36 e Miquéias, 7,6).

(23) Jesus mostra-se frequentemente surpreendente, como estes versos, subvertendo os valores corriqueiros. Ver nota 10, exemplos da atitude de Jesus, escandalosa aos olhos de seus contemporâneos, de perdão diante das “mulheres da vergonha”. “Tirar as crianças sem mãe das ruas, e colocá-las ao pé da prostituta”, significará amparar as crianças deixadas ao abandono pela indiferença humana, e honrar as prostitutas, habituais repositórios do desprezo dos felizardos(as) bem-de-vida, confiando aqueles órfãos aos cuidados destas.

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Oriente

Se oriente, rapaz
Pela constelação do Cruzeiro do Sul
Se oriente, rapaz
Pela constatação de que a aranha
Vive do que tece
Vê se não se esquece
Pela simples razão de que tudo merece
Consideração

Considere, rapaz
A possibilidade de ir pro Japão
Num cargueiro do Lloyd lavando o porão
Pela curiosidade de ver
Onde o sol se esconde
Vê se compreende
Pela simples razão de que tudo depende
De determinação

Determine, rapaz
Onde vai ser seu curso de pós-graduação
Se oriente, rapaz
Pela rotação da Terra em torno do Sol
Sorridente, rapaz
Pela continuidade do sonho de Adão

Oriente
Gilberto Gil

sábado, 14 de abril de 2018

O quereres

Onde queres revólver, sou coqueiro
E onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão
...
Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor

Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói
...
Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor
....
O quereres
Caetano Veloso

"Eu que não sei quase nada do mar"

Garimpeira da beleza te achei na beira de você me achar
Me agarra na cintura, me segura e jura que não vai soltar
E vem me bebendo toda, me deixando tonta de tanto prazer
Navegando nos meus seios, mar partindo ao meio, não vou esquecer.

Eu que não sei quase nada do mar descobri que não sei nada de mim

Clara noite rara nos levando além da arrebentação
Já não tenho medo de saber quem somos na escuridão

Clara noite rara nos levando além da arrebentação
Já não tenho medo de saber quem somos na escuridão

Me agarrei em seus cabelos, sua boca quente pra não me afogar
Tua língua correnteza lambe minhas pernas como faz o mar
E vem me bebendo toda me deixando tonta de tanto prazer
Navegando nos meus seios, mar partindo ao meio, não vou esquecer

Eu que não sei quase nada do mar descobri que não sei nada de mim

Clara noite rara nos levando além da arrebentação
Já não tenho medo de saber quem somos na escuridão

Clara noite rara nos levando além da arrebentação
Já não tenho medo de saber quem somos na escuridão

"Eu que não sei quase nada do mar"
Ana Carolina/ Jorge Vercilo

quinta-feira, 8 de março de 2018

Ressuscita-me

"Ressuscita-me
Ainda que mais não seja
Porque sou poeta
E ansiava o futuro".

Maiakovski,
adaptação de Caetano Veloso

segunda-feira, 5 de março de 2018

Clube de esquina n° 2

Porque se chamava moço
também se chamava estrada
viagem de ventania

Porque se chamava homem
também se chamavam sonhos
e sonhos não envelhecem

Em meio a tantos gases lacrimogêneos ficam calmos, calmos, calmos.

E lá se vai mais um dia

E basta contar compasso
E basta contar consigo
que a chama não tem pavio

De tudo se faz canção
E o coração na curva de um rio
rio, rio, rio

Clube de esquina n° 2
Beto Guedes