quarta-feira, 1 de maio de 2019

Bob Dylan, vencedor de Grammy, Oscar e Nobel

7 letras de músicas para entender o Nobel de Bob Dylan

Músico americano surpreendeu a todos ao vencer o maior prêmio da literatura mundial dado pela Academia Sueca. 

Além de 12 Grammys e um Oscar (por Things Have Changed, tema do filme Garotos Incríveis), Bob Dylan agora também possui um Nobel de Literatura. “Ele é o grande poeta, um grande poeta dentro da tradição da língua inglesa. Um autor original que carrega com ele a tradição e está há mais de 50 anos inovando e se renovando. Homero e Safo escreveram poesias que eram para ser lidas em voz alta, assim como as de Bob Dylan”, disse a secretária permanente da Academia Sueca, Sara Danius, após o anúncio do prêmio ao músico. 

Com mais de 50 anos de carreira, Bob Dylan inspirou muitos músicos e se tornou um grande nome do folk e do rock, com suas letras fortes e memoráveis. VEJA selecionou alguns dos versos mais poderosos do músico para explicar a escolha da Academia Sueca. Confira a lista abaixo:

1. The Times They Are a-Changin’

Uma das canções mais clássicas de Dylan foi lançada em 1964, em uma época em que os Estados Unidos sofriam grandes transformações sociais, com a contracultura, o movimento pelos direitos civis e o debate sobre a Guerra do Vietnã, e se tornou uma das canções políticas e de protesto mais populares da história, um verdadeiro hino de manifestações:

“Venham senadores, congressistas/ Por favor escutem o chamado / Não fiquem parados no vão da porta / Não congestionem o corredor / Pois aquele que se machuca / Será aquele que nos impediu / Há uma batalha lá fora / E está rugindo / E logo irá balançar suas janelas / E fazer ruir suas paredes / Pois os tempos estão mudando”

2. Blowin’ in the Wind

Lançada em 1962, a canção possui uma sequência de perguntas retóricas, que abordam temas como paz e liberdade, e cujas respostas estão na cara de todos, mas ao mesmo tempo são intangíveis como o vento.

“Quantas estradas um homem precisa andar / Antes que possam chamá-lo de homem? / Quantos mares uma pomba branca precisa sobrevoar / Antes que ela possa descansar na areia? / Sim, e quantas balas de canhão precisam voar / Até serem para sempre banidas? / A resposta, meu amigo, está soprando ao vento”

3. Like a Rolling Stone

Lançada em 1965, a canção fala de uma mulher que antes era rica e nobre, mas, por causa de uma reviravolta do destino, perdeu todo o dinheiro que tinha, e agora mendiga pelas ruas, e precisa defender a si mesma de um mundo desconhecido e hostil.

“Era uma vez, você se vestia tão bem / Em seu auge, dando esmola aos mendigos, não era? / As pessoas diziam “Cuidado, boneca! Você pode se dar mal!” / Você pensou que estavam brincando / Você costumava rir / De todos que vagavam à sua volta / Agora, você não fala tão alto / Agora, você não parece tão orgulhosa / Tendo que roubar sua próxima refeição / Qual é a sensação? / Qual é a sensação? / De estar sem lar? / Como uma completa desconhecida? / Como uma pedra solta?”

4. Knockin’ on Heaven’s Door

Produzida para a trilha sonora do filme Pat Garrett e Billy the Kid (1973), a canção já foi regravada por diversos artistas, como Guns N’ Roses e Avril Lavigne e até ganhou uma versão em português com Zé Ramalho. Entrando no clima do faroeste do cinema, Dylan escreve em seus versos a última súplica de um xerife.

“Tire este distintivo de mim / Eu não posso mais usá-lo / Está ficando escuro, escuro demais para enxergar / Sinto como se eu estivesse batendo à porta do paraíso / Bate, bate, bate à porta do paraíso”

5. Hurricane  

Em 1975, Bob Dylan lançou Hurricane para protestar contra a prisão do boxeador Rubin “Hurricane” Carter, que foi preso injustamente por assassinato, em 1966, no auge da carreira. Nos versos, o cantor denuncia o racismo da polícia e da sociedade americana, um tema que continua válido 40 anos depois.

Todas as cartas de já estavam marcadas / O julgamento foi um circo, ele não teve a menor chance / O juiz fez das testemunhas de Rubin bêbados / E para os brancos que assistiam, ele era um revolucionário / Para os negros, apenas mais um crioulo maluco / Ninguém duvidava que ele tivesse apertado o gatilho / Embora não conseguissem mostrar a arma / O promotor público disse que era ele o responsável / E o júri, todos de brancos, concordou”

Com a revista Veja, acima 

6. Make You Feel My Love

A canção foi escrita por Bob Dylan em 1997, mas, um mês antes de o cantor divulgar a faixa, Billy Joel lançou uma versão com o título To Make You Feel My Love. A música alcançou fama recente na voz de Adele, que regravou o single para o seu primeiro álbum, 19, em 2008.

“Eu sei que você ainda não se decidiu / Mas saiba que eu nunca lhe faria mal / Sei disso desde que nos conhecemos / Na minha cabeça, não há dúvidas, eu sei o lugar a que você pertence / Eu passaria fome, eu ficaria triste e deprimido / Eu iria me arrastando avenida abaixo / Não há nada que eu não faria / Para fazer você sentir o meu amor”

 7. Jockerman

Coringa 

De pé sobre as águas
Distribuindo o seu pão 
Enquanto os olhos do ídolo
Com a cabeça de ferro brilham 

Navios distantes
Navegam pra bruma 
Você nasceu com uma serpente em ambos os punhos
Enquanto um furacão soprava 

Liberdade, bem ali na esquina pra você
Mas com a Verdade tão distante
Que bem iria fazer? 

Coringa dançando para a melodia do rouxinol
Pássaro voa alto à luz da lua
Oh, Coringa

Tão rápido o sol se põe no céu,
Você se ergue e se despede de ninguém 
Tolos se precipitam
Aonde os anjos temem pisar

Ambos os futuros tão cheios de horror
Você não revela nenhum 
Trocando mais uma camada de pele
Mantendo um passo à frente do perseguidor interior 

Você é um homem da montanha
Você pode caminhar sobre as nuvens

Manipulador das multidões
Você faz os sonhos se torcerem
Você vai pra Sodoma e Gomorra,
Mas o que te importava?
Não tem ninguém por lá
Que quisesse casar com sua irmã 

Um amigo do mártir,
Um amigo da mulher da vergonha, 
Você olha a fornalha ardente
Vê o homem rico sem nome

O livro de Levítico
E o Deuteronômio 
A lei da selva e o mar
Foram seus únicos mestres

Na fumaça de um crepúsculo
Sobre um corcel branco como leite
Michelangelo, realmente,
Podia ter esculpido sua figura 
Descansando nos campos, longe do espaço turbulento,
Meio adormecido entre as estrelas
Com um cachorro pequeno lambendo a sua face 

O homem do rifle faz tocaia
Para o doente e o aleijado
O pastor vai receber o mesmo
Quem vai chegar primeiro, é incerto 

Cacetetes e canhões de água,
Gás lacrimejante, cadeados,
Coquetéis molotov, e pedras,
Atrás de cada cortina  
Juízes de coração falso
Morrendo nas teias que tecem 

Apenas uma questão de tempo
Até que a noite venha se aproximando 
É um mundo repleto de sombras
Os céus são escorregadios e cinza 

Uma mulher deu à luz um príncipe hoje
E o vestiu de escarlate
Ele vai colocar o sacerdote no bolso
Vai colocar a lâmina para aquecer
Vai tirar as crianças sem mãe das ruas
E colocá-las aos pés de uma prostituta.

Oh, coringa, você conhece o desejo do homem!
Oh, coringa, você não oferece qualquer réplica!

Coringa dança para a melodia do rouxinol
Pássaro voa alto à luz da lua
Oh, Coringa

Nenhum comentário:

Postar um comentário