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domingo, 23 de outubro de 2022

Pessoas "malditas" - 1

 Maldito, um rótulo que estigmatiza a arte - 1

A arte foi dessacralizada. A contemplação deu lugar à participação. A palavra foi deformada em grito, o som se fez ruído, a cor agrediu e o gesto atingiu o transe. O cinema acabou com a conseqüência temporal, o teatro pôs fim à separação ortodoxa ator-espectador, a dança entrou em convulsão, a música se dirigiu também aos olhos e a pintura se apropriou dos objetos em vez de pintá-los. O frenesi, a estridência e o transe dominaram os espetáculos. 

Rebelde e inconformada com a própria década, a arte retirou desta o tom selvagem da violência com que escreveu, cantou e criou a mitologia dos anos 60. Estava deflagrada, irreversivelmente, a maldição, que já havia atingido os artistas do mundo inteiro tempos atrás.

Mas já vai longe a famosa década de 60 e muita gente já pode falar dela para os filhos. Alguns já estão falando dela para seus netos. Mas ela permanece uma área de referência muito forte, graças à variedade de desejos políticos, não burocratizados, que mobilizou e colocou em discussão. E permaneceu ainda mais forte porque a década de 70 foi um período de refluxo e rebordosas as mais variadas, tornando ainda mais sedutoras as possibilidades desencadeadas na década de 60. E nada mais maldito do que a Geração Beat, que teve seus anos de máxima potência entre, justamente, 55 e 60. Com as cabeças feitas pelo ácido, saíam pela estrada figuras como Jack Kerouac, Allen Ginsberg, Neal Cassady e outros tantos tidos como malditos.

É o maldito Allen Ginsberg, velho admirador e conhecedor de artistas franceses (não menos malditos) como Apollinaire, Rimbaud, Celine, Breton, quem vai fazer a ponte entre a geração Beat americana e os movimentos europeus de contestação na década de 60. Essas considerações todas nos levam à questão central da matéria: maldição. Por que, desde a antiguidade, alguns artistas foram considerados malditos? Que conceitos regem a classificação? Na realidade, maldição (do latim male e dictio) refere-se, de certo modo, à má dicção, mau dito, mau feito. Enfim valores do bem e do mal, do bom e do mau.

A maldição implica sempre estar à margem da sociedade. Ser maldito em arte ou na vida, ou em ambas, é um fardo que não se carrega voluntariamente, pois o criador, ainda que nem sempre consiga, almeja a compreensão, quer estar ao lado do homem, quer subir junto com ele. Maldito é um rótulo que não permite a indiferença e que revela o fato artístico como elemento de inquietação e inconformismo, e quem o realiza como agente confesso ou não da transgressão e da dessacralização. O maldito se posiciona à margem da cultura dominante com seus valores estabelecidos, parâmetro pelo qual se julga o novo. A maldição não é procurada, é simplesmente vivida.

Foi vivendo a maldição que Jean-Luc Godard, por exemplo, realizou Je Vous Salue Marie, onde trata de uma forma totalmente inesperada, irônica e desmistificadora, figuras como a da Virgem Mareia e de José. Ao longo de sua carreira, Godard foi um contestador profissional dentro de sua arte, procurando derrubar os tabus. “O que eu quero antes de tudo é destruir a idéia de cultura”, declarou certa vez.

A maldição é condição de quem nela está, de quem não concorda com as regras artísticas ou sociais, ou ambas, e deseja a sua mudança, contribuindo para subverte-la, antecipando o futuro e, muitas vezes, preparando um paradoxo póstumo, o reconhecimento de sua obra pela história, a imposição de um novo rótulo para atenuar a contundência de sua ação: os clássicos Rimbaud, Van Gogh, Pasolini ou mesmo Glauber Rocha, incompreendidos quando vivos, incensados quando mortos, itens importantes no quadro da indústria cultural que tem na arte dita maldita um potencial mercadológico constante.

O fato que mais ressalta na vida e nas obras desses autores malditos é que eles transgrediram os preceitos morais dominantes em suas épocas. Van Gogh só vendeu um quadro em vida e terminou suicidando-se de desespero. Ernest Hemingway, ao sentir-se incapaz de criar, teve o mesmo fim. Baudelaire, além de ir parar nas barras dos tribunais acusado de imoralismo em seu livro, era um excêntrico na maneira de se comportar em público. Enfim, esses homens hoje considerados geniais sofreram na vida as mais diversas privações. Assim sofreu também o dramaturgo Jean Genet, com sua força poética, violência, erotismo criminoso e fantasia desvairada. Quem viu o filme “Querelle”, de Fassbinder a partir da história de Genet, pode comprovar a maldição desse francês irreverente.

Do blog do Gutemberg

domingo, 25 de setembro de 2022

Pitágoras - Punir adultos

“ Os momentos que vivemos com nossos filhos serão sempre lembrados. Eduquem as crianças, para que não seja necessário punir os adultos.”

-Pitágoras-

quarta-feira, 23 de março de 2022

O Mito Da Caverna

O Mito da Caverna, Platão

(...) Certa vez, uma das pessoas presas nesta caverna consegue se libertar das correntes e sai para o mundo exterior. A princípio, a luz do sol e a diversidade de cores e formas assustam o ex-prisioneiro, fazendo-o querer voltar para a caverna.

No entanto, com o tempo, ele acabou por se admirar com as inúmeras novidades e descobertas que fez. Assim, tomado por compaixão, decide voltar para a caverna e compartilhar com os outros prisioneiros todas as informações sobre o mundo exterior.

As pessoas que estavam na caverna, porém, não acreditaram naquilo que o ex-prisioneiro contava e chamaram-no de louco. Para evitar que suas ideias atraíssem outras pessoas para os “perigos da insanidade”, os prisioneiros mataram o fugitivo.

Interpretação do Mito da Caverna

Para Platão, a caverna simbolizava o mundo onde todos os seres humanos vivem. As sombras projetadas em seu interior representam a falsidade dos sentidos, enquanto as correntes significam os preconceitos e a opinião que aprisionam os seres humanos à ignorância e ao senso comum.

Platão descreve a importância do senso crítico e da razão para que os indivíduos possam se “libertar das correntes” e buscar o conhecimento verdadeiro, representado pelo mundo exterior à caverna.

O prisioneiro que se liberta das correntes e volta para ajudar seus iguais significa o papel do filósofo, aquele que tem como objetivo de libertar o máximo de pessoas da ignorância.

Já o desfecho trágico do ex-prisioneiro é uma referência ao que ocorreu com seu mestre, Sócrates. Acusado de corromper a juventude com seu pensamento questionador, o filósofo julgado e condenado à morte pelos atenienses.

O Mito da Caverna chama atenção por manter-se atual. A alegoria de Platão pode ser interpretada como uma crítica aos que, por preguiça ou falta de interesse, não questionam a realidade e aceitam as ideias impostas por um grupo dominante.


Texto completo:

https://www.significados.com.br/mito-da-caverna/.



quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Menino... não tenha medo.

Eu me atrevo a olhar para longe! pois de lá que eu vim...
não vou ficar aqui respirando seu oxigênio de menino pequeno, porque você só pensou de chegar até aqui
e por isso não quer que ninguém se compare a você.
Tem medo desse meu olhar ousado... Tem medo de olhar dentro dos meus olhos e enxergar o quanto e ainda onde hei de chegar. Não trouxe espinhos para os seus pés, porque eles são pequenos para suportar o que anseia a minha alma, 
Eu trouxe flores... Troco minhas rosas por seus abrolhos... Sim, flores para tentar alegrar o seu dia, e os seus olhos
abarrotados daqueles espinhos da sua psicose.
Menino... não tenha medo... se você quiser, também pode voar! Nascerá asas dos seus sonhos, mas é que nem mesmo aprendeu sonhar.
Eu me atrevo a olhar para hoje, pois foi de lá que eu vim, e seu minúsculo oxigênio está a me matar.
Eu sinto medo, vou voar... Sinto medo da sua pequenez que tenta me fazer parar.

Joana Oviedo