A moda coloca todo estilo de vida em estado de permanente e interminável revolução.
A moda tem o papel de operador chefe da transformação da mudança constante do modo de vida humano.
Atual forma da moda é definida pela colonização e exploração, pelos mercados de consumo, desse aspecto da condição humana.
A moda é um dos principais motores do "progresso" (ou seja, tipo de mudança que diminui, difama e, outras palavras, desvaloriza tudo aquilo que ela deixa atrás de si e substitui por algo novo).
A moda associada ao "progresso" em um processo irrefreável, sem relação com nossos desejos e indiferente a nossos sentimentos - um processo cuja força irresistível e insuperável exige nossa humilde submissão segundo o princípio de "Se não pode vencê-los, junte-se a eles".
O progresso segundo as crenças instiladas pelos mercados de consumo, é uma ameaça mortal ao preguiçoso, ao imprudente e ao indolente. O imperativo de "juntar-se ao progresso" é inspirado pelo desejo de escapar do espectro da catástrofe pessoal causada por fatores sociais, impessoais, cujo hálito podemos sentir constantemente sobre nossa nuca. Ele evoca a chave do "voo para o futuro".
O progresso, em suma passou do discurso da melhoria compartilhada da existência para o discurso da sobrevivência pessoal. Pensamos em "progresso" não no contexto de elevar nosso status, mas de evitar o fracasso. Se você não quer afundar, deve continuar mudando o guarda-roupa, a mobília, a aparência e os hábitos - em suma, você.
Uma vez que os esforços coordenados e resolutos do mercado de consumo fizeram com que a cultura fosse subjugada pela lógica da moda, torna-se necessário - para ser uma pessoa e ser visto como tal - demonstrar sua capacidade de ser outra. O modelo pessoal da busca da identidade torna-se o camaleão.
Não é preciso acrescentar, já que seria óbvio, que a mudança de foco da posse para o descarte e alienação de coisa se encaixa perfeitamente na lógica de uma economia orientada para o consumo. Uma economia cuja condição "sine qua non" de sobrevivência, é o descarte rápido, e cada vez mais abundante, na lata do lixo, dos bens comprados.
Trecho do livro "A cultura no Mundo Líquido Moderno", de Zygmunt Bauman
Prezado Assis Ribeiro,
ResponderExcluirNão existe melhoria compartilhada para a humanidade. Somos seres racionais, logo, extremamente egoístas !!!
Abração
Mário Mendonça