domingo, 1 de maio de 2016

Maturidade Psicológica

Habituada a criança a ter as suas necessidades e anseios resolvidos, imaturamente, pelos adultos, nega-se a crescer, evitando as responsabilidades que enfrentará. Acreditando-se credora de todos os direitos, cria mecanismos inconscientes de evasão dos deveres, reagindo pelas mais variadas como ridículas formas de atitude, nas quais demonstra prevalência do período infantil. O que se sucede são o adulto susceptível, medroso, instável, ciumento que não superou a crise da infância. Se refugia em mecanismos desculpistas para não lutar, mantendo-se distante de tudo quanto possa gerar decisão, envolvimento responsável, enfrentamento. Fugindo das situações que exigem definição, parte para as formulações e comportamentos parasitas, buscando nas pessoas que considera fortes.. Com efeito, cresce-lhe a área dos conflitos da personalidade, com a predominância da autocompaixão, num esforço egoísta de receber carinho e assistência, sem a consciência da necessidade de retribuição. Crê-se merecedor de tudo, em detrimento do esforço de ser útil ao próximo e à comunidade. Instável emocionalmente, ama como fuga, buscando apoio, e transfere a pessoa querida as responsabilidades e preocupações que lhe são pertinentes, tornando o vínculo afetivo insuportável para o eleito. 
O homem nasceu para a autorealização; os problemas devem constituir-lhe meio de desenvolvimento em razão de serem-lhe estímulos e desafios, sem os quais o tédio se lhe instalaria, desmotivando-o para a luta.
Partindo de decisões mais simples, o exercício de ações responsáveis, nas quais o insucesso faz parte dos empreendimentos, o homem deve evitar os mecanismos de evasão , assim como as justificativas sem sentido. Toda fuga psicológica contribui para a manutenção do medo da realidade, não levando a lugar algum. 
Todo esforço a ser enviado em favor da libertação dos mecanismos de fuga contribui para apressar o equilíbrio emocional, o amadurecimento psicológico, de modo a assumir a sua humanidade, que é a característica definidora do indivíduo: sua memória, seus valores, seus atos, seu pensamento. 
Num bom relacionamento, não há predominância de uma vontade sobre a do outro, porém em bom entrosamento, que sugere a eleição da sugestão melhor. O afeto conquista sem se impor. A pessoa de personalidade infantil deseja o espaço do outro, sem querer ceder aquele que acredita seu. 
Toda doação gratifica. Aquele que se recusa a distribuição padece a hipertrofia da emoção, mesmo estando na posse do excesso. Somente doa, cede, quem tem e é livre, interiormente amadurecido, realizado. Somente se perde o que não se tem, que é a posse da usura, e não o valor que pode ser multiplicado. 
A reconquista da identidade: Ocultando a identidade, mascara-se com personalidades temporárias - e que são copiadas de pessoas que lhe parecem bem, aquelas que quebram a rotina e que, de alguma forma, fizeram-se amadas ou temidas. Na superficialidade da encenação, asfixia-se, mais se conflitando em razão da postura insustentável que se vê obrigado a manter. Com efeito do desequilíbrio, passa a fingir em outras áreas, evitando a atitude leal e aberta. É pessoa de difícil relacionamento, vez que tem a preocupação de agradar, não sendo coerente com a sua realidade interior e, mutilando-se psicologicamente, abandona os compromissos, as situações e amizades que lhe pareçam desinteressantes ou perturbadoras.. 
É um dever emocional assumir a sua identidade, conhecer-se e deixar-se conhecer. Deste modo o indivíduo tem o dever de enfrentar-se, de descobrir qual é a sua identidade e, acima de tudo, aceitar-se. Aceitar-se como se é estimula o autoaprimorar-se, superando os limites e desajustes por educação, disciplina e lutas empreendidas em favor de conquistas mias expressivas. A própria identidade é a vida manifestada em casa ser.

O prolongamento da idade infantil, em mecanismos escapistas da personalidade, faz com que a existência permaneça como um jogo, e os bens, como as pessoas, tornem-se brinquedos nas mãos de seus possuidores. 
A integridade e a segurança defluem do que se é, jamais do que se tem. 

A conscientização dos fenômenos neuróticos não deve engendrar vítimas novas contra as quais sejam atiradas todas as responsabilidades. Isso impede o amadurecimento psicológico do paciente, que busca justificar seus insucessos. 
A experiência terapêutica exige os recursos técnicos e as pessoas especializadas para o tentame (falando de viagem ao passado), evitando-se apressadas conclusões falsas e o mergulho em climas obsessivos que impõem mais cuidadosa análise e tratamento adequado. 
A consciência expressa-se em uma atitude perante a vida, um desvendar de si mesmo, de quem se é, equipando-se de lucidez que não permite mecanismos de evasão da realidade. Esses momentos de consciência impõem exercício, até que sejam aceitos como natural manifestação de comportamento. Para tanto, devem ser considerados os diversos critérios de duração, de frequência e de largueza, como de discernimento. Por quanto tempo se permanece consciente, em estado de identificação? Quantas vezes o fenômeno se repete e de que o indivíduo está consciente?

Trecho do livro "O Homem Integral", de Joanna de Angellis, psicografado por Divaldo Franco.

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