sábado, 6 de setembro de 2014

"Os golpes de Estado no programa de Marina Silva"

Carta Maior

Democracia de 'alta intensidade' sem partidos fortes. Justiça social com Estado mínimo. O programa de Marina é uma bomba institucional.

por: Saul Leblon

A pergunta levada às urnas é como pavimentar um ciclo de crescimento mais justo em meio à desordem sistêmica que o ideário neoliberal abraçado por Marina e Aécio instalou na economia mundial. 


O campo progressista diz que isso só acontecerá se as forças descontroladas dos mercados forem submetidas ao imperativo democrático do interesse público.

Trata-se de subtrair espaços à incerteza e à volatilidade da lógica financeira.

A crise de representação intuída pelo descontentamento e a incerteza em relação ao futuro evidencia que nos limites atuais da democracia brasileira isso não ocorrerá.

Mais democracia exige mais organização.




Exige partidos mais fortes.

Movimentos sociais mais articulados.

Instituições adicionais que tornem os governos mais permeáveis.

Exige informação plural.

Exige um Estado com poder de coordenação capaz de mobilizar recursos e políticas que contemplem os anseios e urgências da sociedade no curto, médio e longo prazo.

Exige planejamento público que estabeleça coerência entre o horizonte do investimento pesado e as emergências inadiáveis.

Marina pensa diferente.

Democracia de 'alta intensidade' sem partidos fortes.

Justiça social com Estado mínimo.

O programa de Marina é uma bomba institucional.

O capítulo econômico é um golpe de Estado contra a participação da sociedade.
E esta é golpeada por medidas antagônicas que implodem o sistema representativo, piorando-o.

Não é uma 'difamação petista'.

Na verdade, a melhor crítica a essa algaravia de uma candidata eólica, que muda de ideia ao sabor dos ventos da conveniência – e o faz entre uma página e outra de um programa marmorizado de golpes e contragolpes contra si mesmo — foi feita por um sincero simpatizante.

(...)

As contradições estruturais no programa de Marina Silva não refletem apenas confusão.

Tampouco 'falhas de editoração', como se alegou em relação ao casamento gay, ao apoio à energia nuclear e, possivelmente, em breve, em relação aos pontos agora denunciados pela honestidade intelectual de um simpatizante, como Renato Janine Ribeiro.

A verdade é que o espaço de coerência entre democracia e mercadismo — que nunca foi amplo — se estreitou ainda mais a partir de 2008, mesmo para a dissimulação de uma terceira via.

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