sábado, 30 de agosto de 2014

Ruídos do silêncio

Por: Eliana Rezende

A experiência do silêncio em uma sociedade tão ruidosa como a nossa pode causar estranheza, perturbação ou mesmo um sentido de estar esquecido, à margem de algo ou alguma coisa.
Às vezes, o silêncio tem um som ensurdecedor e quando vem da alma pode conter ainda mais ruídos.
Os ruídos das memórias fazem com que, em inúmeras vezes, nos sintamos atordoados pelos seus sons. Trazem-nos experiências vividas, caminhos trilhados, experiências compartilhadas ou o seu contrário: caminhos interrompidos, laços desfeitos, ideias e projetos inacabados.

Conviver com tais ruídos pode fazer pensar que a surdez seja o caminho mais desejável nessas horas.
Mas o silêncio aqui referido não é aquele exterior vindo de fora para dentro. Aquele que muitas vezes e em vão buscamos em lugares e espaços físicos artificiais ou naturais. É o silêncio interior, aquele que faz com que pensamentos e problemas pessoais fiquem longe e deixem espaços para que o pensamento criativo trafegue rápido e ágil por saberes e fazeres que acrescentem. Que tragam largura ao espírito e que aprofundem sua sabedoria e autoconhecimento. Escrito por: Eliana Rezende - Curitiba, Março de 2014
É tranquilizador saber que estes silêncios não tem que estar ligados a momentos e espaços formais, mas que podem vir de toda e qualquer experiência propiciada por viagens e deslocamentos físicos ou mentais, por travessias de fronteiras não medidas em quilometragens e marcos geográficos, mas sim por aqueles abismos d'alma que como vales profundos nos fazem encontrar com nossos limites finitude.

Silêncios que vêm de experimentações e sensações oriundas de diferentes expressões artísticas, culturais, olfativas, gustativas - cabem aqui filmes, exposições, experiências gastronômicas, ou seja, tudo o que se ofereça aos sentidos reflexão contemplativa.

Mas esse silêncio povoado pelos ruídos da alma faz muito barulho e rapidamente descobrimos que quem nos habita pode ter muito mais a dizer que qualquer coisa que esteja lá fora; seja aparentemente ruidoso ou silencioso. Es
crito por: Eliana Rezende - Curitiba, Março de 2014
Esse silêncio de alma ou os seus ruídos devem ser considerados como as vagas que encontramos no mar: são sempre prenúncios de algo. Do lado de cá, temos mesmo é que aprender a decodificá-los e entender que eles possuem seu formato de "escrita" em nós. Vincam caminhos, traçam percursos, indicam trilhas, opções, trechos abandonados, rumos perseguidos. Nos dizem de onde viemos e para onde vamos.
Atordoa-me apenas quando os ruídos de dentro sendo tão maiores calam os de fora, e causam em seu possuidor o temor de com ele se encontrar. O bom mesmo é quando ruído e silêncio encontram a harmonia de sons, sem sobras e nem faltas. Escrito por: Eliana Rezende - Curitiba, Março de 2014

O que de fato fica como dica é talvez respeitar tanto um quanto o outro e encontrar suas formas de manifestações em nós.

Experimente desligar os sons externos (fones, iPhones, tv, e tudo o que está a tua volta) e ouça o que vem de dentro de você: faça-se companhia! Descubra o que o teu EU tem a lhe dizer. Talvez descubra que esteve tanto tempo ao lado de quem você nem conhece direito.  Não tenha receio do que os sons da tua alma venham a lhe revelar. Você não está sozinho: está em tua companhia! Descubra que escrita tua alma tem e que mensagem traz. 
Abraços e tenha atenção aos seus silêncios e seus ruídos, buscando neles o que te falta para aqueles lampejos de inspiração: serão úteis de fato! É só ouvir...

 http://pensadosatinta.blogspot.com.br/2014/03/ruidos-do-silencio.html


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