- "Tens a certeza?"
Vejam, não se trata aqui de duvidar por duvidar ou criar um celeuma de qualquer ordem: seja político, ideológico, científico ou religioso. É mesmo procurar trazer à baila a importância e o valor que o pensamento crítico propicia. E este só encontra terreno fértil ante à dúvida. É preciso questionar sempre para que as respostas venham não por mera osmose, mas a partir de um trabalho sério de crítica e reflexão.
Vejo como sendo "natural" ao humano a busca de
crer antes até de entender.
A História está repleta de exemplos aonde a credulidade conduziu
povos e nações inteiras a confrontar-se com suas piores partes e vaticínios.
Tudo em nome de uma pretensa verdade absoluta.
A dúvida, portanto seria um caminho mais sábio que favoreceria a
possibilidade de compreender não de um ponto de vista meramente crédulo, mas
estruturado e embasado.
As crenças, tais como as doutrinas não têm em seu horizonte a dúvida e o questionamento. São passivamente consumidas. E talvez daí o imobilismo e a acomodação que propicia. Toma-se o dado como fato absoluto, e sem questionamentos simplesmente assume-se tal como a única via possível.
As crenças, tais como as doutrinas não têm em seu horizonte a dúvida e o questionamento. São passivamente consumidas. E talvez daí o imobilismo e a acomodação que propicia. Toma-se o dado como fato absoluto, e sem questionamentos simplesmente assume-se tal como a única via possível.
Talvez o maior problema da credulidade sejam as
"verdades interiores" que se pautam sobre nossas crenças pessoais e
estas muitas vezes não possuem qualquer lógica. Daí a importância da passagem dos anos. O caminho do
amadurecimento é exatamente encontrar crítica num universo que é o pessoal e
com ele compreender o que está em volta.
Caminho difícil este de amadurecer, não é?
Interessante adotarmos a dúvida e pensarmos em sua atualidade contemporânea, quando é uma prática que teve
seus primórdios na filosofia de Platão, Santo Agostinho e, posteriormente
a duvida metódica de Descartes.
Extremamente relevante se pensarmos que estamos
no século XXI e que o humano continua sendo humano. Que as questões que
inquietam e fazem crescer são as mesmas e que as formas de buscá-las estão
sempre à nossa volta.Como disse Nietzsche: “o conhecimento não é o termo de uma caminhada, mas o princípio de um questionamento”. Tal como era concebida, a filosofia buscava preencher os espaços vazios do conhecimento. Em última instância o conhecimento assenta-se na dúvida.
Todas as ações que praticamos e movimentos que fazemos necessitam
ter um sentido.
A crítica pela crítica torna-se vazia se não soubermos o quê perguntamos
e nem para o quê. Se assim o fizermos, seremos apenas amargos expectadores e
incompreensíveis interlocutores.
A dúvida posta neste sentido
específico é a dúvida que busca a compreensão e o entendimento. É a
dúvida feita como crítica assertiva, atenta e
perspicaz. Visa antes de tudo o crescimento pessoal e de todos os que
são
impactados pelo que questionamos. Quando fazemos isto galgamos vários
degraus e
melhoramos muito nossa perspectiva e, quem sabe, até as alheias!
Sócrates resumia a extensão do seu conhecimento com a célebre
frase "Só sei que nada sei". Assim, por maior que seja o nosso
"saber", teremos sempre infinitas possibilidades de aprendizado ao
nosso redor. Daí a importância da dialética, de questionar com lógica e método,
de interagir de forma consciente, para efetivamente construir Conhecimento.
Vale para o ser humano, vale para as empresas, bem como para o
inter-relacionamento destes dois no universo social.
Vejam, aqui fala uma humanista e que considera que por em pauta a dúvida é também não achar-se possuidor de verdades. Quando temos a humildade de reconhecer que nada sabemos e que nossas verdades podem não bastar ao mundo e aos outros, acho que ganhamos muito.
Duvidar antes de tudo é um caminho curto de buscar alternativas criativas e inovadoras para velhas questões, tanto nossas quanto de outros. Por isto tão válida!
Duvidar é também um modo criativo de descobrir que há sempre muitas respostas e que talvez a nossa nem seja a melhor, a primeira e muito menos a última.
O questionamento é sempre um bom começo para o desenvolvimento de
um espírito crítico, inquieto e que busca ir além da acomodação ao que é
dado.
Manter este espírito significa,
entre outras coisas, também duvidar
de que se possua as "verdades e todas as respostas". Talvez aí esteja a
maior de todas as lições: descobrir que pouco ou nada sabemos!
E que todo o tempo temos que nos dar chances para descobrir, aprender e questionar o já sabido, aprendido ou visto.
E que todo o tempo temos que nos dar chances para descobrir, aprender e questionar o já sabido, aprendido ou visto.
A dúvida é de fato o grande elemento impulsionador, e o
questionamento até de si próprio e nossas crenças, dá-nos o sentido de nossa finitude
e do quanto ainda temos que avançar. É aí que se encontra o qualitativo de todo
o processo.
Em alguns casos, as pessoas consideram que "ser do contra" é ser este espírito crítico, quando na realidade essa atitude irrefletida é vazia de posicionamento crítico.
Em geral, fica na superfície e na
obviedade do dado. O espírito crítico, ao contrário, busca compreender
seu interlocutor e com ele avançar um pouco além, dando consistência ao
proposto e pensado.
Tarefa dura essa interlocução, pois
muitas vezes não são pares e sim pessoas que estão em lados opostos e
díspares de um mesmo ponto de origem.
Mas aí, creio que vem o senso
crítico e que não deixa de ser o bom senso: tirar até do diferente algo
que lhe acrescente e ser capaz também de acrescentar.
Pensar criticamente também é compartilhar...é preciso buscar eco às suas vozes interiores e isso só vem na ágora da existência.
Por fim a pergunta, como historiadora, que deixo a todos é: como a dúvida pode ser ferramenta de gestão no século XXI?
Portanto, vamos fazer o mundo girar?
http://pensadosatinta.blogspot.com.br/2014/05/duvidar-e-pensar.html
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