Comentário ao post "Governo Dilma avançou pouco no assunto "gestão""
Volto para afirmar que o problema é político, e deve ser analisado
por este prisma. A "gestão", como prioridade de governo vem ocorrendo
desde a implementação do neoliberalismo com Reagan e Thatcher, e os
resultados pelo mundo estão aí para todo mundo ver.
O seu objetivo é reduzir os governos centrais e transferir para o
particular funções de Estado, e neste sentido a própria "gestão" dentro
dos governos deixa de priorizar serviços essenciais de natureza pública,
e com o lema crescer, crescer, crescer passa a cuidar com exclusividade
das condições que possam favorecer o desempenho das indústrias e do
agronegócio, o dinheiro público deixa de ser utilizado para
investimentos dos chamados serviços públicos essenciais e é direcionado
para o setor privado.
Esse é o crescimento neoliberal aprofunda desigualdades, traz
dificuldades no acesso à educação e saúde e cria precárias condições de
vida para a população, exceto para aqueles que podem pagar pelos
caríssimos serviços particulares médico-hospitalar e escolas
particulares.
Em nome da "gestão" outros conceitos e eufemismos são utilizados como armas para reduzir o Estado, por exemplo:
"Reforma". Termo sempre utilizado para a eliminação
de direitos do trabalho, para o fim da regulamentação pública do capital
e à redução de subsídios públicos que tornavam a vida do pobre mais
acessível, e nunca no sentido de possibilitar mudanças que diminuíam
desigualdades e aumentavam a representação popular, promoviam o
bem-estar público e a restrição do abuso de poder por regimes
oligárquicos ou plutocráticos.
"Austeridade". Utilizado para encobrir os cortes em salários, pensões e bem-estar público. Com a "gestão", medidas de "austeridade"
passam a significar políticas para proteger e mesmo aumentar subsídios
do Estado a negócios e negociatas, criar lucros mais altos para o
capital e maiores desigualdades.
"Recuperação econômica". Significando a recuperação
de lucros pelas grandes corporações. Ela disfarça a ausência total de
recuperação de padrões de vida para as classes trabalhadora e média, a
reversão de benefícios sociais e as perdas econômicas.
"Eficiência". Com esta máxima a "gestão"
dos governos maquiaram as privatizações, e os serviços públicos
essenciais e os estratégicos foram transferidos para o setor privado.
Fiquemos apenas nestes exemplos, e passemos a analisar as causas dos movimentos de ruas.
Esses movimentos que passam a ocorrer, com constância, pelo mundo é
fruto desta despolitização. A política se reduz a atender interesses
privados.
Enquanto na UE a luta da população é para não perder as condições
trazidas pelo política do "bem estar social", bons serviços públicos e
que atendeu à todos, no Brasil a luta será ainda mais acirrada pois por
aqui nunca tivemos essa mínimas condições de vida dignas.
Quando se tenta minimizar o movimento que surge com o MPL,
qualificando-o como se fosse de um bando de baderneiros, de filhinhos de
papai, sem objetividade, de um movimento difuso, tenta-se apenas
enterrar a cabeça no buraco para não enxergar o óbvio.
Esse óbvio é que com a democratização, com o acesso maior às
informações e o avanço do neoliberalismo no nosso país as frágeis
condições mínimas de serviços públicos essenciais se tornam mais
evidente.
Nada de difuso é o movimento. Ele é bastante claro e específico, e
suas bandeiras estão completamente dentro do que é o "bem estar social";
é isso que o movimento quer. Toda a insatisfação manifestado está
dentro dos precários serviços de transportes, educação e saúde, que são
básicos e essenciais para a vida da população.
Mesmo as bandeiras de não à corrupção e as críticas às construções
dos estádios, passam pelo prima de que o governo deu prioridade à
serviços não essenciais e que a corrupção é ralo de altos desvios de
dinheiro que deixam de ser investidos na melhoria da qualidade de vida, e
na própria condição de manutenção do "status quo" de privilégios aos
mais ricos.
Promover o crescimento do país com base na ideologia neoliberal,
acima mencionada, ou promover o desenvolvimento com as ações de algo
próximo ao "Estado de bem estar social" é decisão exclusividade política
e não tem, em sua origem, nada de gestão.
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-erro-da-gestao-como-alternativa-a-politica
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