sexta-feira, 28 de junho de 2013

O erro da gestão como alternativa à política

Comentário ao post "Governo Dilma avançou pouco no assunto "gestão""

Volto para afirmar que o problema é político, e deve ser analisado por este prisma. A "gestão", como prioridade de governo vem ocorrendo desde a implementação do neoliberalismo com Reagan e Thatcher, e os resultados pelo mundo estão aí para todo mundo ver.

O seu objetivo é reduzir os governos centrais e transferir para o particular funções de Estado, e neste sentido a própria "gestão" dentro dos governos deixa de priorizar serviços essenciais de natureza pública, e com o lema crescer, crescer, crescer passa a cuidar com exclusividade das condições que possam favorecer o desempenho das indústrias e do agronegócio, o dinheiro público deixa de ser utilizado para investimentos dos chamados serviços públicos essenciais e é direcionado para o setor privado.

Esse é o crescimento neoliberal aprofunda desigualdades, traz dificuldades no acesso à educação e saúde e cria precárias condições de vida para a  população, exceto para aqueles que podem pagar pelos caríssimos serviços particulares médico-hospitalar e escolas particulares.

Em nome da "gestão" outros conceitos e eufemismos são utilizados como armas para reduzir o Estado, por exemplo:

"Reforma". Termo sempre utilizado para a eliminação de direitos do trabalho, para o fim da regulamentação pública do capital e à redução de subsídios públicos que tornavam a vida do pobre mais acessível, e nunca no sentido de possibilitar mudanças que diminuíam desigualdades e aumentavam a representação popular, promoviam o bem-estar público e a restrição do abuso de poder por regimes oligárquicos ou plutocráticos.

"Austeridade". Utilizado para encobrir os cortes em salários, pensões e bem-estar público. Com a "gestão", medidas de "austeridade" passam a significar políticas para proteger e mesmo aumentar subsídios do Estado a negócios e negociatas, criar lucros mais altos para o capital e maiores desigualdades.

"Recuperação econômica".  Significando a recuperação de lucros pelas grandes corporações. Ela disfarça a ausência total de recuperação de padrões de vida para as classes trabalhadora e média, a reversão de benefícios sociais e as perdas econômicas.

"Eficiência". Com esta máxima a "gestão" dos governos maquiaram as privatizações, e os serviços públicos essenciais e os estratégicos foram transferidos para o setor privado.

Fiquemos apenas nestes exemplos, e passemos a analisar as causas dos movimentos de ruas.
Esses movimentos que passam a ocorrer, com constância, pelo mundo é fruto desta despolitização. A política se reduz a atender interesses privados.

Enquanto na UE a luta da população é para não perder as condições trazidas pelo política do "bem estar social", bons serviços públicos e que atendeu à todos, no Brasil a luta será ainda mais acirrada pois por aqui nunca tivemos essa mínimas condições de vida dignas.

Quando se tenta minimizar o movimento que surge com o MPL, qualificando-o como se fosse de um bando de baderneiros, de filhinhos de papai, sem objetividade, de um movimento difuso, tenta-se apenas enterrar a cabeça no buraco para não enxergar o óbvio.

Esse óbvio é que com a democratização, com o acesso maior às informações e o avanço do neoliberalismo no nosso país as frágeis condições mínimas de serviços públicos essenciais  se tornam mais evidente.

Nada de difuso é o movimento. Ele é bastante claro e específico, e suas bandeiras estão completamente dentro do que é o "bem estar social"; é isso que o movimento quer. Toda a insatisfação manifestado está dentro dos precários serviços de transportes, educação e saúde, que são básicos e essenciais para a vida da população.

Mesmo as bandeiras de não à corrupção e as críticas às construções dos estádios, passam pelo prima de que o governo deu prioridade à serviços não essenciais e que a corrupção é ralo de altos desvios de dinheiro que deixam de ser investidos na melhoria da qualidade de vida, e na própria condição de manutenção do "status quo" de privilégios aos mais ricos.

Promover o crescimento do país com base na ideologia neoliberal, acima mencionada, ou promover o desenvolvimento com as ações de algo próximo ao "Estado de bem estar social" é decisão exclusividade política e não tem, em sua origem, nada de gestão.

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-erro-da-gestao-como-alternativa-a-politica

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