Nos artigos anteriores tratei sobre a maiêutica socrática e a versão platônica. O método interrogativo em que ela descansa, contudo, parece não ser muito diferente do empregado por Parmênides, um dos mais importantes filósofos pré-socráticos e, sem dúvida, um dos pilares da filosofia ocidental.
Platão, ao que parece, não só foi profundamente influenciado pelo pensamento desse filósofo como pelo seu método de filosofar por meio de interrogações, isto é, semelhante ao seguido por Sócrates.
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A maiêutica, a dialética e sofística
Dos diálogos platônicos podemos inferir uma diferença importante entre maiêutica e dialética e sofística.
A maiêutica, como o procedimento usado por Sócrates, consistia em, por meio de perguntas e respostas, mostrar ao interlocutor que ele não sabia realmente de que estava falando. Seu objetivo não era epistêmico, isto é, não era o conhecimento e a verdade dos assuntos discutidos. O objetivo era fundamentalmente ético.
Sócrates pretendia — erroneamente, como sua morte provou — que a pessoa a quem ele levava a se contradizer terminaria reconhecendo sua ignorância e se tornando mais virtuosa.
No caso de Platão, o interlocutor chegava a resultados positivos e — esse era o objetivo perseguido — a reconhecer que sempre soube o que chegou a concluir pela influência do interrogatório, mas que estava esquecido.
No caso de Platão, o que importava era a verdade e o conhecimento, não o melhoramento ético do interlocutor.
Obviamente, esse deve ter sido também o objetivo de Parmênides e é isso que fica claro na passagem que acabei de citar. Num outro sentido, a maiêutica socrática também tinha como alvo a verdade, não sobre os fatos em si, mas sobre o caráter dos interlocutores: evidenciar sua prepotência, sua arrogância e sua ignorância.
Com efeito, os interlocutores até poderiam dizer coisas verdadeiras, mas ficava claro no diálogo que eles não sabiam se eram ou não verdadeiras já que passavam de uma contradição a outra.
Num sentido negativo, a maiêutica socrática, a platônica e a dialética de Parmênides coincidiam nisto: eram métodos que evidenciavam o erro, proposital ou não, dos que diziam saber certas coisas. A discussão não era um fim em si, era um meio para desvendar a verdade ou a falsidade e, sem dúvida, denunciar o falso saber.
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Gonçalo Armijos Palácios*
de Marcos Carvalho Lopes, filosofiapop.com.br
28 de June de 2023 05:00
Artigo completo:
https://filosofiapop.com.br/texto/dialetica-e-sofistica-i-a-dialetica-e-a-filosofia/?
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