sábado, 1 de janeiro de 2022

Esperançar, o Brasil precisa de Paulo Freire.

Não é difícil entender por que Freire desperta ódio e, sobretudo, medo em quem quer um povo calado. Sua pedagogia valoriza a experiência dos que sempre foram pisoteados. Recupera o saber onde a sociedade só vê ignorância. Dá protagonismo a quem foi treinado a só obedecer. Revela que nenhuma opressão é natural e que nada é impossível de mudar. É uma educação para a liberdade.

Seu método dialógico mostra que ninguém é detentor do saber absoluto. O educador aprende ao ensinar e o educando ensina ao aprender. A educação é um ato de amor, porque envolve troca. Isso é uma punhalada na lógica de uma sociedade que naturaliza a desigualdade e a opressão. Por isso Seu Paulo é tão perigoso. Por isso foi perseguido e exilado pela ditadura militar e é hoje atacado violentamente pelos bolsonaristas, os mesmos que dizem que a universidade não pode ser para todos ou que o Brasil tem professores demais.

Além de uma pedagogia revolucionária, reconhecida em todo o mundo, Paulo Freire nos legou um verbo: esperançar. Dizia que a esperança de que precisamos não vem de "esperar", passivo e quieto. Vem de "esperançar", daqueles que sonham com um mundo melhor e agem para que se realize. O Brasil, mais que nunca, precisa esperançar. Precisa de Paulo Freire.

Texto extraído da Folha de São Paulo.

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