O economista e professor Luiz Gonzaga Belluzzo criticou a intenção do governo Jair Bolsonaro em privatizar bancos públicos. "O desenvolvimento brasileiro não é compreensível sem os bancos públicos", disse.
De acordo com o estudioso, "o Banco da Inglaterra, por exemplo, teve um papel fundamental na organização da economia inglesa pré-industrial e depois muito mais na industrialização. Ele funcionava como um banco que permitiu que a riqueza fundiária, a terra, se transformasse na riqueza mobiliária. O salto para a industrialização não se faria sem o Banco da Inglaterra".
Belluzzo citou o caso da China. "China é um exemplo de eficácia e boas políticas com bancos públicos. Mais de 80% do crédito na China é publico. A articulação chinesa são bancos públicos, empresas públicas, cada vez mais refinadas, e impulso ao setor privado. Os chineses são muito pragmáticos. Não têm preconceitos (...) O mercado não existe na forma como o Paulo Guedes quer. O mercado é uma articulação, uma arquitetura. Os chineses aprenderam com os soviéticos que não devem ter uma economia rígida, de comando. Entenderam que é necessário uma economia flexível. Foi isso que levou a China a ter uma participação no comércio mundial igual a do Brasil em 1980 e hoje ter cinco, seis vezes mais", continuou ele durante a palestra Bancos Públicos e o Desenvolvimento Nacional, no Sindicato dos Bancários de São Paulo.
"Se você olhar o gasto público da China, está em 20% do PIB. Não tem déficit. O que eles fizeram? Usaram os bancos públicos como ferramenta parafiscal. Um exemplo é o programa de painéis solares. Começa com uma empresa que produzia esquadrias metálicas, incluem e empresa no programa de expansão, os bancos públicos financiam e as empresas públicas compram. Esse é o maior programa de energia solar do mundo. O Brasil está na contramão disso", explicou.
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Brasil 247
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