terça-feira, 9 de outubro de 2018

O movimento Bolsonaro, o "macho alfa".

O movimento bolsonaro é fantástico. É catártico, tirou as pessoas do armário deixando claro a característica preconceituosa, machista/misógina, agressiva, segregadora, e falseadora de verdades/fake da sociedade brasileira.

Mas, não foi a primeira vez que esse movimento aconteceu no país. Quando lições não são aprendidas elas têm que ser repetidas.

O conluio entre igreja e política é evidente e não vê apenas aqueles sem conhecimento de história ou com mentes incapacitadas de reflexão. O próprio discurso central nos mostra a similitude do discurso de 64 com base na "Tradição, Família e Propriedade" com o pensamento do Bolsonaro tal qual ele abriu sua fala na noite ontem no Jornal da Globo mencionando a família, a moralidade, elogiando e agradecendo às igrejas que apoiam seu movimento.

Essa característica do discurso direcionado a "Tradição, Família e Propriedade" nada mais é do que o eufemismo para indicar de forma dissimulada o padrão segregador, machista e preconceituoso de uma linha de pensamento. Esse mesmo discurso foi visto nas campanhas  do golpe de 1964, na eleição de Collor, de Donald Trump nos Estados Unidos, e foi o mesmo discurso que levou o Hitler ao poder na Alemanha.

As consequências trágicas são vistas, e os casos citados, além de vários outros exemplos demonstram,  logo após essas lideranças chegarem ao poder.

Para os menos estudiosos, o maior líder do golpe de 64 foi o governador do Rio de Janeiro (que conhecidência, hein?) Carlos Lacerda que em apenas seis meses do ato que derrubou o presidente eleito viu o processo de retrocesso que se iniciava e rompeu com o governo militar e meses depois viu os seus direitos políticos cassados. O movimento moralista, dos mesmos princípios da "Tradição, Família e Propriedade", que elegeu Collor, teve desfecho semelhante, ou seja, logo após a vitória daquele movimento as pessoas perceberam, de fato, a distância entre discurso e realidade.

Esses movimentos moralistas são vitoriosos porque "retira do armário" todos aqueles sentimentos que são controlados pelas ferramentas de pesos e contrapesos das regras da sociedade, em momento de traumas profundos - condição que põe para fora tudo aquilo que socialmente temos vergonha de expressar. Saem do armário, tal qual a Caixa de Pandora aberta, os preconceitos, homofobia machismo/misoginia. São movimentos de segregacionismo, intolerância e divisão, como quase todos nós apontamos nas características de Donald Trump, mas, que não conseguimos enxergar quando toca o nosso próprio conjunto.

Como são movimentos de Catarse - contra sentimentos de frustração/decepção que fazem retirar do armário tudo aquilo que sabemos ruim e por isso os guardamos lá dentro -  é preciso que sempre surja um comandante Alfa, um macho Alfa que nos conduza "para o processo de limpeza da sociedade". Não é à toa que as características psicológicas e os discursos de Trump, Collor, Hitler e Bolsonaro são semelhantes, todos prometendo a "limpeza da sociedade" com o resgate dos padrões da tradição e da família, ditos perdidos.

O que também é inegável foi a constatação imediata - logo após esses movimentos serem colimados - da falta de preparo desses líderes de conduzirem a política, da incapacidade de fazer avançar a democracia provocando o retrocesso nas relações, e da tentativa de manietarem as instituições do Estado com o objetivo de controlá-las pelo uso da força. Esses líderes que apelam ao moralismo, nenhum deles, acredita no diálogo; portanto são antidemocráticas e antiliberais.

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