segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Política esvaziada, prenúncio de tempestades

Lula saindo da vida política o PT se encontrará em situação bastante difícil.

A afirmativa não é nem de se estranhar, basta uma análise conjuntural para perceber que o PT é o último partido que nos resta. Todos os outros já não mais existem como estrutura partidária.

Vis-à-vis, Lula é o último líder no Brasil.

Bauman explica e fundamenta com precisão esse período histórico onde não mais existem líderes e as estruturas organizadas se tornaram bastante fragmentadas.

A sua imperdível série sobre o "mundo líquido" é leitura obrigatória para quem quer entender os acontecimentos atuais a partir da fluidez e fragilidade dos grupos organizados, tais como nos sindicatos e nas organizações sociais, a falta de lideranças em qualquer área que seja e a cultura do imediatismo que dificulta qualquer debate político com foco nos problemas estruturantes de médio e longo prazo.

Por isso, Lula e o PT foram alçados como inimigos número um do país em ações midiáticas que utilizaram técnicas articuladas de propaganda promovidas a serviço do "mercado" para disseminar o ódio e a ideia de que o país estava sendo entregue ao "populismo", ao "bolivarianismo", ao "comunismo" e outros idiotismos mais, com o objetivo de causar medo e através dele controlar a direção da economia e a conversão dos atos do governo para os interesses do mercado.

Por isso, a nossa última grande liderança tanto assusta, pois seria o único nome capaz de articular uma resistência mais sólida contra as pretensões invasivas e espoliativas das empresas estrangeiras, no seu conhecido afã em sugar riquezas em países "colonizados".

Esse chamado "mercado" busca extrair as riquezas e aumentar o lucro dos seus investidores, sem preocupação com o destino do país e da sua população.

Para esse modelo não interessa o conceito de nação e o sentimento de pátria. O capital/mercado por ser volátil e especulativo se movimenta para onde quer, a qualquer momento, sem nenhum compromisso fora da ideia de fazer lucro para os seus acionistas e sem limite estabelecido pelo ordenamento legal.

No entanto, o mercado e a mídia ao tirar Lula da jogada, ao invés de deixarem o campo livre para agirem, farão ressurgir o movimento nacionalista por um outro setor onde a fragmentação e fragilidade constatadas no "mundo líquido" de Bauman seria o último a ser atingido; as Forças Armadas.

Se em países mais organizados democraticamente esses movimentos de mercado, como efeito colateral, deram musculatura a candidatos ultranacionalistas como Trump, em países onde a democracia não se desenvolveu restará às Forças Armadas, ávidas por intervir nos destinos do país, tomar as rédeas de proteção ás riquezas nacionais.

Não é por acaso, que tanto Lula, Trump e Bolsonaro recebem ataques violentos e diários da mídia.

Não há mais dúvidas, para os mais atentos, que a mídia representa caninamente os interesses do mercado. Uma pesquisa dentro da caserna irá apontar uma resistência à mídia, uma certa desconfiança ao mercado e uma avidez ao nacionalismo.

O próprio nome de Bolsonaro, que antes encontrava resistência interna nas FFAA,  hoje é quase uma unanimidade na opção para da escolha do seu nome como o candidato que poderia solucionar os problemas brasileiros.

O fato é que a luta política existente hoje pelo mundo é entre MERCADO e DESENVOLVIMENTISMO/NACIONALISMO.

O mercado domina à mídia, mas não domina as populações. Por isso líderes como Lula, capazes de unir a população, tem que ser extirpados do jogo. E isso tem sido feito.

O mercado só não contava com o surgimento de "outsiders" nacionalistas e ultraradicais como Trump e Bolsonaro.

Com estrutura democrática mais sólida o sistema nos Estados Unidos tem tido muitas dificuldades em impedir a governança do presidente eleito e Trump tem vencido todas as armadilhas criadas pelo mercado.

Com estrutura democrática bastante frágil o sistema aqui no Brasil conseguiu o impeachment de Dilma e o impedimento de uma possível eleição de Lula. O grau de manipulação de informações e mesmo atos Ilegais praticados por juízes estão impedindo a campanha do candidato mais forte pelas esquerdas.

Essa campanha sistemática contra as esquerdas pode dificultar a chegada de um candidato que represente esse segmento ao segundo turno. Por sua vez, se Bolsonaro mantiver os índices de intenção de votos colhidos por todos os títulos de pesquisa até agora, a ele estará garantido a ida ao segundo turno. Se for, e sem Lula como oponente, ele terá reais chances de vencer as eleições.

O desespero do mercado e da mídia é exatamente esse. Ter conseguido impedir a campanha de Lula e ver surgir um outro oponente mais radical. Bolsonaro, com apoio das Forças Armadas, seria muito mais deletério do que Lula para as pretensões do mercado.

O desespero do mercado/mídia/centrão/direita e não encontrar um candidato viável já que tentaram o nome de Doria, de Luciano Huck, de Alkimim, de Joaquim Barbosa, de Meireles e nenhum deles decolou, está indo buscar o marqueteiro responsável pela campanha que elegeu Macron na França.

Enquanto isso, enquanto eles não encontram um nome viável, eles vão destruindo os nomes existentes, criando a baderna interna, a insegurança, a incerteza, e tudo isso com a cobertura do Poder Judiciário, o que está trazendo nuvens carregadas, como um prenúncio de tempestades.

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