terça-feira, 9 de janeiro de 2018

O subconsciente repugnante nas redes sociais

O subconsciente repugnante nas redes sociais

Primeira parte - trecho de um artigo de David Trueba, brasil.elpais.com

Nos últimos tempos também descobrimos que os celulares servem para exibir o nosso subconsciente. Até agora o subconsciente era uma coisa que guardávamos para nós mesmos, nem éramos capazes de acessá-lo e às vezes tínhamos que recorrer à hipnose, ao álcool ou à psiquiatria. Expor o subconsciente era uma tarefa de desinibição que exigia um esforço às vezes dramático, como se tivéssemos que intervir com um bisturi em nossas próprias vísceras. Mas graças ao celular, o subconsciente está agora nas redes, nos bate-papos, nas mensagens mais cotidianas.

Todos que comemoram a morte de alguém, todos esses justiceiros das redes, todos esses loucos por protagonismo estão mostrando seu subconsciente inclusive através da piada mais absurda, do comentário mais inútil, do insulto mais brincalhão.

Segunda parte, trecho de um artigo de
Renata Moura -  Da BBC Brasil em Londres

DESINIBIÇÃO ONLINE: QUANDO O USUÁRIO PERDE OS FREIOS.

As redes sociais evocam diferentes aspectos psicológicos do usuário e podem causar o chamado "efeito desinibição online".

Na visão de Balick, isso significa que, na internet, as pessoas ficam mais encorajadas a agir de forma antissocial, comportamento que muitas vezes evitariam se estivessem cara a cara com o outro.

O freio que impede a adoção de certas posturas "na vida real" muitas vezes não funciona no ambiente virtual justamente por causa desse "efeito", diz ele.

"CONTÁGIO PERIGOSO"

O especialista alerta sobre os riscos do "contágio social e emocional" - que é como a reação a esse tipo de caso comumente ganha adeptos e se espalha, o que ele classifica como "perigoso".

"Virar uma cultura de multidão reativa - em que as pessoas se engajam para exigir punição, por exemplo - é assustador: Isso costumava levar as pessoas a lincharem e a cortarem cabeças (no passado)", analisa.

"Para ser claro, a questão não é absolver maus comportamentos. No entanto, devemos ser muito cuidadosos em encorajar uma sociedade baseada em regras populares e humilhação pública".

MENOS EMPÁTICOS E MAIS POLARIZADOS

Pela ausência de complexidade nos relacionamentos e de profundidade emocional, segundo Balick, as redes sociais tendem a reduzir a empatia e o diálogo, acentuando a polarização entre os usuários.

Essas divisões, observa ele, são cada vez mais aparentes através das redes e ampliadas por elas. Isso ocorre "porque é fácil tomar partido sem se envolver na nuance de um argumento".

"O mundo se divide em bom e mau e a nuance se perde. Em encontros cara a cara isso é mais difícil de manter isso porque o diálogo atenua o pensamento polarizado simplista ao permitir que vejamos a humanidade no outro", diz.

Dada a crescente polarização entre ideologias políticas, ele diz considerar que "ser mais empático é fundamental".

"Como temos visto, as redes sociais têm sido um pouco boas demais em isolar pessoas em seus próprios círculos e alimentá-las com notícias (reais e falsas) para reforçar suas posições", diz.

"Mas concessões, compreensão e empatia são cruciais em diversas sociedades e nós precisamos educar nossas tecnologias rapidamente para lidar com isso", conclui

http://www.bbc.com/portuguese/geral-42197265

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