Fadiga de Compaixão é uma forma de estresse pós-traumático, Um estado fruto do desgaste constante de energia provocado pela observação da dor alheia aliado à compaixão.
Esse desgaste leva ao estado emocional no qual algumas pessoas podem ficar ao presenciar o sofrimento físico, psicológico, social e espiritual pelo qual as pessoas ao seu redor passam. Com o passar do tempo, podem chegar a sentir, indiretamente, as dores e as sensações de mal-estar dessas pessoas.
A empatia como desencadeadora do estresse
É decorrência do vínculo emocional entre dois pessoas. Talvez não cheguem a estabelecer uma relação pessoal, mas o simples fato de partilhar os problemas pode gerar o que se chama de empatia.
Nesses casos, saber se colocar no lugar do outro é essencial. Compreender suas necessidades e como a pessoa se sente fortalece o vínculo criado. Entretanto, a empatia também pode pregar uma peça quando atua como um gatilho para alguns tipos de estresse. Na verdade, a empatia é o fator desencadeador do quadro sintomatológico da fadiga de compaixão.
A empatia aumenta a força do vínculo entre duas pessoas Mas, ao mesmo tempo pode aumentar a vulnerabilidade e e o desgaste de uma delas. Quanto maior a empatia, maior o risco de sentir esse efeito.
Mecanismos cerebrais da empatia
Fadiga de compaixão foi um termo cunhado em 1995 por Charles Figley, diretor do Traumatology Institute na Tulane University (em New Orleans, nos Estados Unidos). Ele observou que os profissionais da saúde que trabalhavam com saúde mental de pessoas traumatizadas sentiam indiretamente os efeitos do trauma dos pacientes com os quais lidavam.
Embora a origem desse termo seja relativamente recente, os mecanismos cerebrais que o explicam são conhecidos há algum tempo e estão relacionados com a empatia e as condutas de imitação. Assim, a amígdala, o córtex orbitofrontal e os neurônios espelho são os responsáveis por alguém sentir o que outra pessoa sente.
Além disso, se essas sensações escondem uma dor profunda e um sofrimento enorme, essa capacidade de empatia se potencializa. E a fadiga de compaixão se torna mais evidente.
Sinais que caracterizam a fadiga de compaixão
A fadiga de compaixão é resultado de um processo cumulativo. Como já vimos, esse processo se desenvolve devido a um mal-estar emocional prolongado pelo contínuo e intenso contato com o que está sofrendo.
Mas quais são os sinais e os sintomas que podem evidenciar a fadiga de compaixão?
Cognitivos. Dificuldades de memória, falta de atenção e concentração, pensamentos negativos recorrentes ou flashbacks.
Emocionais. Sentimentos intensos de medo, tristeza e raiva, desesperança generalizada ou perda da alegria ou da felicidade.
Somáticas. Problemas gastrointestinais, tonturas, cefaleias, hipertensão, dores, tensão muscular, cansaço crônico, dificuldade para dormir…
No âmbito profissional, também podemos identificar alguns sinais como baixa motivação, sentimentos de incompreensão, percepção de baixa capacitação profissional ou distanciamento da equipe.
Sua relação com o estresse pós-traumático
Como vemos, a fadiga de compaixão partilha sintomas característicos do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Mas antes de explicar essa relação, vamos ver no que consiste o TEPT.
Esse transtorno se origina por um acontecimento muito estressante ou traumático, que supõe uma ameaça ou um dano físico extremo para o indivíduo. Assim, o organismo gera uma resposta em forma de estresse, resultado do esforço realizado para se adaptar ao ambiente. Pode acontecer em qualquer idade e aparecer posteriormente aos acontecimentos.
Por sua vez, a fadiga de compaixão aparece de maneira abrupta e aguda. Além disso, nesse caso específico, tem múltiplos gatilhos que geram um efeito estressante. São a exposição constante, o compromisso emocional e a relação que mantém com a pessoa que sofre.
Sintomas compartilhados
A pessoa realiza esforços para evitar pensamentos, emoções, pessoas, lugares, tarefas ou situações que a lembrem do fato traumático. Por outro lado, ela tende a suprimir aspectos relevantes deste e a reduzir seu interesse e participação em atividades que antes achava gratificantes. A pessoa com fadiga de compaixão, assim como o paciente de TEPT, sente mal-estar, irritabilidade, confusão e irascibilidade. Com isso, ela se distancia física das outras pessoas, o que pode prejudicar seu círculo mais íntimo.
Hiperativação ou hipersensibilidade. No caso de pessoas que sofrem desse transtorno, o estado de tensão e alerta são constantes. Ou seja, elas estão alteradas, irritadas, exaltadas e manifestam uma reação extrema a qualquer acontecimento.
Releitura do artigo: "Fadiga de Compaixão: o desgaste dos profissionais da saúde"
Artigo original:
https://amenteemaravilhosa.com.br/fadiga-de-compaixao/
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