terça-feira, 21 de novembro de 2017

Abolição e suas falhas

Você sabe o que aconteceu com os escravos a partir de 13 de maio de 1888? Ou o seu livro de História pulou esse capítulo do pós-abolição?

A liberdade foi assinada. Mas era só um papel a lei da princesa Isabel. Centenas de milhares de negros foram direto da senzala no campo para as senzalas do esquecimento. Formaram a massa de pobres e miseráveis do Brasil no fim do século 19.

Fosse áurea mesmo aquela canetada, teria vindo com políticas públicas de integração e emancipação. (...)

A lacuna no nosso livro de História

Não, o negro não era mais propriedade do senhor de engenho após a abolição. Porém, o Império nada fez para garantir as mínimas condições da pretensa liberdade. Não houve incentivos à alfabetização e à formação profissional dos ex-escravos. Nem reforma agrária para que tivessem um pedaço de terra e pudessem produzir para si próprios. Tampouco leis que protegessem sua força de trabalho, que havia pouco deixara de ser gratuita e eterna.

O Estado deveria ter endereçado a esse grupo uma série de ações sociais e educativas. Só assim, poderíamos falar em liberdade e igualdade de condições e oportunidades. Mas os ex-escravos não sabiam nem por onde (re)começar. A República Velha também os esqueceu. E, sem um marco zero, sem uma fonte de conhecimento, de orientações e de renda, o caminho natural dos negros recém-libertos foi a marginalização.

As mulheres negras deram um jeito. Sabiam cozinhar, lavar, cuidar dos filhos da madame. De mucamas, tornaram-se domésticas nos idos de 1900. Já os homens negros eram vistos com desconfiança.

(...)Trecho de um artigo de Diego Iraheta, sobre Abdias Nascimento, no huffpostbrasil.com

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O falha da abolição é que os ex-escravos das grandes plantações foram dispensados e jogados na periferia das grandes cidades, principalmente de São Paulo. Ali começa a decadência social da antiga classe trabalhadora, substituída nas lavouras e nas profissões pelos europeus e orientais. Aí está o fracasso da Lei Áurea, aprovada com tamanhas mutilações que em vez de resolver os problemas, criou novos com que até hoje o País se debate. Uma reforma mal feita pode ser pior que o status quo anterior.

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