segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Afinal, quem está no comando?

Difícil fazer uma análise que preveja os acontecimentos futuros, neste momento de insanidade institucional e coletiva.

É o mundo líquido descrito por Bauman; sem forma, flutuante, imediatista.

O apoio maciço para a derrubada de Dilma, e a mansidão do país para os desmandos dos usurpadores é de entrincheirar qualquer análise e reflexão sobre o tema, salvo para atribuir à Globo um poder equivalente aos deuses criadores de tudo.

O desmonte feito na Petrobras e a inação da então (?) poderosíssima FUP é, no mínimo, chocante. E que pode demonstrar o desaparecimento de forças coletivas populares (aliás, típica do mundo líquido de Bauman).

O que pensar de uma população que vê a sua aposentadoria ser jogada na latrina e de mantém inerte, sem mobilização, sem ação?

Agora começamos a entender o que é a falta de ideologia, de pensamento, o aprisionamento ao pragmatismo que levou Fukuyama a preconizar, "o fim de história".

Lamentavelmente, o que se percebe é um mundo sem planos, sem projetos, sem líderes com rosto (há a liderança imperial do mercado com seus fantoches eleitos pelo voto direto ou entronizados por golpes solapando os direitos).

Mannheim já tinha nos prevenido:

“A desaparição da utopia ocasiona um estado de coisas estático em que o próprio homem se transforma em coisa. Iríamos, então, nos defrontar com o maior paradoxo imaginável, ou seja o do homem que, tendo alcançado o mais alto grau de domínio racional da existência, se vê deixado sem nenhum ideal, tornando-se um mero produto de impulsos. (...) o homem perderia, com o abandono das utopias, a vontade de plasmar a história e, com ela, a capacidade de compreendê-la”.

A população parece ter perdido o seu poder de fiscalização, de controle, e de busca por uma sociedade mais justa e mais ética, à reboque das ordens emanadas dá rede Globo.

O Mercado e a Globo vêm estimulando nas populações um sentimento anti política e rejeição a noção de entidades públicas, mesmo de definhamento que pode levar á tendência de própria eliminação do Estado-Nação. Esta desordem do Estado é muito pior do que as dificuldades econômicas e crises institucionais.

A percepção é que hoje não se sabe quem está no controle, ou pior, não existe ninguém no comando da situação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário