domingo, 14 de junho de 2015

Eu elementar, o Eu consciente e o Eu superior

Para ajudar de fato as pessoas, você precisa primeiro entendê-las. Mas só pode entender os outros se entender antes a si primeiro. Conheça a si mesmo. Prepare-se. Desenvolva a clareza, a coragem e a sensibilidade, para usar a alavanca certa, no lugar certo, no momento certo. Então, aja!
Seu eu elementar – uma parte daquilo que você é, uma consciência que não se confunde com a mente consciente.

Há alguns séculos, antes da invenção do microscópio quando ninguém acreditava na existência de bactérias e de vírus, e assim a humanidade continuou impotente diante desses invasores invisíveis, quem acreditava em sua existência era considera excêntrico...

Eu trabalho com elementos que a maioria das pessoas não vê! Espíritos da natureza e energias sutis. Mas invisíveis não quer dizer imaginários. Todas as gerações se esquecem disso, e assim o ciclo se repete: os cegos conduzem os cegos. –A ignorância, como a sabedoria, é passada de geração para geração como um precioso patrimônio. Os três Eus, o Eu elementar, o Eu consciente e o Eu superior constituem parte de um ensinamento secreto.

Mas o que é verdade para mim, não tem que ser verdade para você; não estou lhe dizendo em que acreditar. Apenas transmito aminha experiência.

Quando você dorme, o seu Eu consciente se afasta; é nesse momento que os espíritos podem trabalhar diretamente com o nosso Eu elementar, o subconsciente, ao qual cabe a cura do corpo.

.... O Eu elementar então apareceu como uma criança. Com a explosão do próximo raio, a criança engoliu em seco e correu, seguindo seu instinto, para abrigar-se no toco de uma árvore.  Ela parecia tímida, não falava. Quando a olhei, vi-me atraído mais para dentro do seu luzir. Num milésimo de segundo, minha consciência fundiu-se com a da criança. Eu vi a vida pelos seus olhos, e tinha a experiência de todas as suas emoções. Aturdido por uma miríade de imagens anteriores, agachei-me instintivamente quando imagens assustadoras, uma colagem de memórias genéticas, surgiram como um clarão em minha percepção de criança. O que perdi em lógica clara, improvisei com o instinto primal. Senti a presença de uma vasta quantidade de energia vital armazenada; as minhas emoções estavam à flor da pele, amplificadas. Motivado por um impulso primitivo de sobrevivência, de buscar o prazer e evitar a dor, senti-me mais inclinado a agir do que a contemplar.  

Meu mundo interior estava em estado natural, sem influência da cultura, das regras ou da lógica. 
Na minha condição indomada e carnal, eu era energia em movimento, ligado estreitamente com o mundo natural, numa total intimidade com o corpo, com os seus sentimentos e impulsos. Eu tinha poucos meios de perceber a beleza aprimorada e a fé mais elevada, eu só conhecia bons e maus sentimentos. Nesse momento senti uma forte necessidade de orientação, de que alguém interpretasse as coisas para mim, me desse garantias e me guiasse. Eu precisava do Eu consciente. Nesse momento tendo formulado o seu plano, o robô-computador também entrou no oco das árvores, mas ignorou quase por inteiro a criança que eu era, como se não tivesse importância. Ressentido e com a impressão de ser apreciado, tentei chamar a sua atenção. Porque ele não me ouvia? Empurrei-o- e bati nele. -O que quer? – ele perguntou? –Ouça-me! – gritei. No momento seguinte, minha consciência saiu da criança e fundiu-se com a do robô-computador. Olhei pelos olhos daquela máquina de pensar e vi o mundo com objetividade, com uma calma glacial. A criança que eu fora, agora parecia uma brincadeira. Formulei uma maneira de acalmá-la. Eis que a tormenta passou e a criança saiu do toco da árvore.  Imune a emoções e sentimentos, meu mundo era ordenado, estruturado e deveras limitado. Eu via a floresta com matizes de cinza. A beleza era para mim uma definição, uma categoria. Eu nada sabia do Eu superior, ou fé. Buscava o que era útil e construtivo. Sentindo-me seguro na mente do computador, eu estava livre dos devaneios da emoção. Contudo, sem o espírito brincalhão, a energia emocional e a vitalidade da criança, eu não via de fato; apenas existia um estéril mundo de problemas e soluções. A minha percepção despertou como se viesse de um sonho. E sentindo uma súbita e avassaladora premência de sentir a floresta mais uma vez, de vivenciar a presença de energias crescentes da vida, saí do Eu consciente. 

Dessa minha nova perspectiva, vi o Eu elementar e o Eu Consciente de costas um para o outro, cada qual no seu mundo peculiar. Apreciei a inocência infantil e a sabedoria corporal instintiva do Eu elementar. Avaliei a razão, a lógica e as capacidades de assimilação do robô-computador, o Eu consciente.

Mas, sem a inspiração do Eu superior, a vida parecia insípida, vazia e incompleta. Eu era um Eu dividido, oscilando entre a necessidades infantis e autocentradas do Eu elementar e o frio afastamento do Eu consciente, fora de contato com o Eu superior. Vi então que os sintomas físicos por que passara em casa, as infecções, as dores e os mal-estares, tinham, sido o meu Eu elementar exigindo atenção como uma criancinha que havia no meu íntimo. Como dia Wilhelm Reich: “As emoções não expressadas são armazenadas nos músculos do corpo”. Ouço e esqueço, vejo e lembro, faço e compreendo. É isso mesmo, - Ouvi muitas coisas e vi muitas coisas, mas na verdade nunca fiz nada. Aprendi algo sobre a cura, Mas posso curar? Sei do Eu superior, mas não posso senti-lo. Eu achava que, se aprendesse o bastante, se fizesse todos os movimentos corretos, a vida ficaria mais fácil, mais controlada, mas agora ela parece piorar, como alguma coisa que fosse escorregando sem que eu soubesse segurar! É como se eu tivesse saído do caminho, como se tivesse me perdido de alguma maneira.

Trechos do livro “A Jornada Sagrada do Guerreiro Pacífico” de Dan Millman

Nenhum comentário:

Postar um comentário