segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

A síndrome de BDSM em “50 Tons de Cinza”

*Por Maurício Amaral de Almeida

BDSM: A sigla BDSM, que aparece nas pesquisas de Ana, e passa a ser usada sem maiores explicações é a junção de 3 outras siglas e significa:

BD( Bondage & Discipline) = aprisionamento e disciplina;
D/s (Domination & submission) = Dominação e submissão;
SM (Sadism & Masochism) = Sadismo e masoquismo.

BDSM também é o nome que se dá a comunidade fetichista, em particular no Brasil, que se encontra em festas e eventos fechados particularmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, havendo também encontros menos frequentes em algumas outras capitais brasileiras e no interior e litoral de São Paulo.

Dominante e submissa: Christian se apresenta como dominante e propõe que Ana seja sua submissa. Na comunidade BDSM estes papéis exitem de fato e podem ser exercidos por ambos os gêneros, assim há Dominadores, Dominadoras, submissas, submisso, Sádicos e masoquistas de ambos os gêneros além de uma infinidade de papéis específicos para pessoas que tem fetiches igualmente específicos. Os membros da comunidade habitualmente se apresentam deixando claro a posição a qual se propõe desde o início dos relacionamentos e mentir sobre a posição que se pretende assumir é considerado falta ética grave neste meio.

Palavra de segurança (Safeword): Uma ou mais palavras usadas para a submissa informar ao dominador sobre como esta se sentindo durante uma prática fetichista particularmente aquelas que envolvem dor. No livro Christian oferece Vermelho e Amarelo como palavras de segurança para Ana.

Spanking (traduzido no livro por “espancamento”): A prática de causar dor com finalidade puramente erótica ou de punir através da dor sem perder o aspecto erótico. Christian aplicou o spanking com as mãos em Ana com finalidade erótica uma vez e na cena fetichista final do livro aplicou um spanking de punição que mesmo preservando o sentido erótico foi mais intenso. Na vivência BDSM real nem sempre é assim, muitas vezes o spanking erótico pode ser muito mais intenso que uma prática para punição, mesmo assim o spanking de punição, ainda que erótico, tem um impacto punitivo devido ao contexto. É curioso saber que entre as submissas entrevistadas sobre a cena da punição de Ana houve um consenso que as seis cintadas contidas na cena foram consideradas uma prática muito leve.

Exibicionismo: Christian demonstrava prazer em exibir Ana. Embora o nome da prática não tenha sido explicitado no livro ela existe e se chama exibicionismo. Mandar a submissa ir a um evento sem calcinha, fazê-la se vestir de maneira sensual entre outras atividades são práticas típicas de quem tem esse tipo de fetiche.

Sexo em lugares diversos: Christian possuiu Ana sobre o piano, na casa de seus pais, mencionou o elevador. É muito comum que os fetichistas eróticos tenham prazer em praticar sexo em lugares diversos.

Contrato: O uso de contratos não é obrigatório mas acontece por vezes na comunidade. Os contratos, nestes casos, não costumam ter um formato semelhante a um contrato comercial nem há um acordo de sigilo assinado, também não é comum que as pessoas usem seus nomes de registro.


Maurício Amaral de Almeida, é psicólogo cognitivo, formado pelo Instituto de Psicologia da USP.

http://www.mauricioamaraldealmeida.com.br/index.php/sexualidade-e-fetichismo/94-a-cinderela-fetichista-i-verdades-e-mitos-em-qcinquenta-tons-de-cinzaq

Nenhum comentário:

Postar um comentário