O imediatismo, o medo, a vulnerabilidade, e a aparência da sociedade
líquida de Zygmunt Bauman.
Nos debates sobre qual o modelo econômico que o próximo
governo de Dilma irá abraçar tornou-se uma unanimidade de que a
desindustrialização terá que ser atacada para que o Brasil volte a crescer. As
dúvidas pairam sobre se os instrumentos para tal vão advir do neoliberalismo ou
do desenvolvimentismo.
A tentativa de alguns de apresentarem como novo a
possibilidade de harmonizarem os princípios neoliberais e os desenvolvimentistas
não se sustenta frente à história com os exemplos do malfadado governo de Tony
Blair e a sua “terceira via” e as necessidades de reformulação dos princípios defendidos
pelo programa de Marina Silva a todo o momento em que ela ou seus assessores de
economia abriam a boca na apresentação de cada um dos pontos do seu projeto
para a economia.
O imediatismo, o medo, a vulnerabilidade, e a aparência da
sociedade líquida abordada por Zygmunt Bauman não permitem que se faça um estudo concreto dos motivos da crise no Brasil e pelo mundo.
Não se pode analisar com profundidade a desindustrialização de forma
desconectada do modelo atual de financeirização da economia. A visão de
economistas do mainstream promovidos a gurus pela mídia é a de substituir a
visão a longo prazo, própria da indústria, pelo ganhar o máximo possível no
mais curto espaço de tempo. Uma perfeita adaptação ao pensamento de Bauman em suas
constatações sobre os dramas e incertezas da sociedade moderna.
Nesse modelo atual os lucros buscados pelo capital entraram
no circuito da especulação financeira, paradoxalmente seguro e altamente
lucrativo. Os exemplos são onde na Europa e nos EUA com juros beirando ao
negativo, ou mesmo negativo, o capital não migrou para a produção. Em países
com o Brasil de juros altíssimos, mais certo ainda que o capital não irá para a
produção.
No Brasil a situação é ainda mais cruel pelas propagandas da
mídia e de seus gurus econômicos que massificam a ideia de tirar os
instrumentos de gestão do Estado para equilibrar as finanças públicas na
tentativa de impor critérios que conduzem à recessão ou estagnação econômica, nas
pressões sobre o aumento dos juros que leva à necessidade crescente de mais percentagem
do PIB para pagar a dívida pública.
A financismo bloqueia o desenvolvimento, toma o lugar do
investimento produtivo, os capitais refugiam-se na especulação ou em paraísos
fiscais. No período de FHC esse rentismo aniquilou a procura agregada, esmagou
as micro, pequenas e médias empresas. No seu governo ficou demonstrado que
quanto mais medidas de incentivos à "iniciativa privada" e
privatizações houve, mais o investimento se reduziu e o endividamento cresceu.
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