sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Industrialização X especulação. Desinvestimento


O imediatismo, o medo, a vulnerabilidade, e a aparência da sociedade líquida de Zygmunt Bauman.
Nos debates sobre qual o modelo econômico que o próximo governo de Dilma irá abraçar tornou-se uma unanimidade de que a desindustrialização terá que ser atacada para que o Brasil volte a crescer. As dúvidas pairam sobre se os instrumentos para tal vão advir do neoliberalismo ou do desenvolvimentismo.

A tentativa de alguns de apresentarem como novo a possibilidade de harmonizarem os princípios neoliberais e os desenvolvimentistas não se sustenta frente à história com os exemplos do malfadado governo de Tony Blair e a sua “terceira via” e as necessidades de reformulação dos princípios defendidos pelo programa de Marina Silva a todo o momento em que ela ou seus assessores de economia abriam a boca na apresentação de cada um dos pontos do seu projeto para a economia. 

O imediatismo, o medo, a vulnerabilidade, e a aparência da sociedade líquida abordada por Zygmunt Bauman não permitem que se faça um estudo concreto dos motivos da crise no Brasil e pelo mundo.
Não se pode analisar com profundidade a desindustrialização de forma desconectada do modelo atual de financeirização da economia. A visão de economistas do mainstream promovidos a gurus pela mídia é a de substituir a visão a longo prazo, própria da indústria, pelo ganhar o máximo possível no mais curto espaço de tempo. Uma perfeita adaptação ao pensamento de Bauman em suas constatações sobre os dramas e incertezas da sociedade moderna.

Nesse modelo atual os lucros buscados pelo capital entraram no circuito da especulação financeira, paradoxalmente seguro e altamente lucrativo. Os exemplos são onde na Europa e nos EUA com juros beirando ao negativo, ou mesmo negativo, o capital não migrou para a produção. Em países com o Brasil de juros altíssimos, mais certo ainda que o capital não irá para a produção.

No Brasil a situação é ainda mais cruel pelas propagandas da mídia e de seus gurus econômicos que massificam a ideia de tirar os instrumentos de gestão do Estado para equilibrar as finanças públicas na tentativa de impor critérios que conduzem à recessão ou estagnação econômica, nas pressões sobre o aumento dos juros que leva à necessidade crescente de mais percentagem do PIB para pagar a dívida pública.

A financismo bloqueia o desenvolvimento, toma o lugar do investimento produtivo, os capitais refugiam-se na especulação ou em paraísos fiscais. No período de FHC esse rentismo aniquilou a procura agregada, esmagou as micro, pequenas e médias empresas. No seu governo ficou demonstrado que quanto mais medidas de incentivos à "iniciativa privada" e privatizações houve, mais o investimento se reduziu e o endividamento cresceu.

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