De Francy Lisboa sobre o comentário de Fernando Henrique Cardoso
chamando os nordestinos de "desinformados" e interioranos no post: "FHC, um presidente bom de bico"
Sim, foi uma baque. Um grande baque. Seguindo o baque veio a desilusão. O
discurso raivoso anti negros, pobres, nordestinos, e petistas de uma maneira
geral, leva a desesperança não no Sistema político, mas na sociedade
Brasileira. E nem adianta vim com o papo de que a massa não pode ser
responsabilizada pelos seus atos.
As redes sociais estão elucidando da forma mais dolorosa possível
que o brasileiro não é solidário coisíssima nenhuma. Não é questão de trollagem,
Nassif, é questão de falta de civilidade.
Isso é fruto do “sabe com quem você está falando?”, a vitória do
pensamento meritocrático, da ilusão do homem/mulher auto-feitos.
Vemos acadêmicos afirmarem que quem tem estudo “sabe o que está ocorrendo
no Brasil” e que os ignorantes votantes do PT estão ajudando a acabar com o
Brasil. Um ponto curioso foi ouvir um depoimento de uma pessoa que disse que
tinha pos graduação, etc e que por isso se achava mais capaz de entender
o Brasil do que os “nordestinos e vagabundos do bolsa família”.
Isso é trollagem? Não, trollagem fica muito restrita ao ambiente
virtual das redes e se transforma em hipócrita cordialidade no mundo material.
Isso é mais que trollagem: é falta de civilidade misturada a arrogância dos
pretensos “vencedores”.
Não há mais espaço para o debate civilizado, duas ou mais palavras de argumentação
já nos vestem com as roupas do dragão a ser destruído pelo São Jorge da Intolerância.
As provocações, como “apoiador de vagabundos”, “defensor de bandidos”, “destruidor
da instituição família”, “vai pra Cuba!”, “apoiador de terrorista islâmico”,
“apoiador de corruptos”, etc, remetem aos tempos das brigas estúpidas de
escolas, das vendetas infantis, e desembocam por fim na vergonha alheia
acachapante, em especial porque isso vem de pessoas que ainda cultivamos certa
estima.
Isso vem também do grupo autodenominado intelectual, os doutos, o estrato da
sociedade que se julga iluminado e apto para guiar a nação. É muito triste ver
essa arrogância. Eu não estudei pra isso, eu não estudei para a me achar melhor
do que ninguém, para menosprezar o semelhante devido a sua opção política
atacando sua cor de pele ou origem, eu não sou Joaquim Barbosa, não preciso
mostrar que “venci”, não preciso ser incensado por ninguém como arauto da
moralidade hipócrita brasileira. Será que esses doutos não percebem o quanto estão
sendo estúpidos com suas declarações preconceituosas cheias de ódio?
Essas carteiradas intelectuais causam preocupação, pois mostram o quão longe
o Brasil está de um pais mais igual. Não se comemora as conquistas como
deixar de ser comum ver crianças brasileiras subnutridas. Para eles o que
importa é combater o “assistencialismo”. A derrota da Fome pelos programas
sociais? Ah! Isso não é importante, pelo contrario, é a causa maior do mal que
se tornou o Brasil. E Paremos por aqui, pois está na hora de ir a igreja ou
postar sobre maus tratos aos animais no “Faice”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário