quarta-feira, 18 de junho de 2014

Por onde anda a criticidade?

Eu não sei se a minha política é de esquerda, de direita, centro, de centro-direita, de extrema esquerda, de extrema direita, da nova esquerda, neoconservadora, neoliberal - a mistura, outra ou nenhuma das anteriores.

Não faço a mínima ideia se a minha corrente teórica é existencialista, fundamentalista, fenomenologista, materialista, espiritualista, funcionalista, estruturalista, interacionista, realista, empirista - a mistura, outra ou nenhuma das anteriores.

Ouvi pessoas falarem por diversas vezes que neutralidade não existe.  Que não é possível viver sem manifestar opinião sobre determinado assunto. Que tomar partido, vestir camisa, ostentar bandeira é altamente democrático. Mas o que seria democracia? Democracia não seria mais uma daquelas invenções da máquina política, e é tão utópica quanto uma sociedade anarquista, hein?

Eu sei que você é tão conhecedor da coisa política que pode até acabar comigo a partir dos questionamentos acima. Eu sei que você pode me dar uma verdadeira aula de ciências sociais e política. Olha, eu apresentei a minha ideia desta forma justamente porque não sei em que posição jogo no tabuleiro das teorias, e na verdade, não estou muito interessado em descobrir qual é. Não me desperta interesse em me encaixar nesse ou naquele estudo. Não sou rato de laboratório do homem.
Embora eu seja conhecedor da importância do estudo, tenho asco por estudos que encerram questões como se ele fosse dono da verdade. Não é.

Por causa do estudo dogmático muita gente tornou-se tão professores, tão especialistas, tão cheios de títulos, tão sábios, tão conhecedores, tão religiosos, tão cristãos, tão preocupado com a verdade, tão questionadores do por onde anda a simplicidade, e tão defensoras das ideias que massageiam seu ego, que acabaram perdendo o foco do que realmente pode ser a criticidade.

Cansei de ler livros, artigos e notícias de escritores e especialistas renomados: políticos, copistas e reprodutores de ideias dos outros, falando sobre a importância da educação de qualidade e da sua preocupação com a formação do aluno crítico, autônomo, participativo e capaz de atuar com competência, dignidade e responsabilidade na sociedade em que vive. Estou cansado de ler especialistas dizendo que a educação implica numa busca constante, por isso o homem deve ser sujeito de sua própria educação - não podendo ser um mero objeto.

Me deparo constantemente com ideias magníficas que funcionam nas prateleiras de livros e nos arquivos que lotam os discos rígidos de seus idealizadores, partidários e acadêmicos:

A concepção de educação segundo Paulo Freire, percebe o homem como ser autônomo, capaz de agir sobre a sua realidade problematizando-a. A educação problematizadora responde à essência do ser e da sua consciência, que é a intencionalidade. A intencionalidade está na capacidade de admirar o mundo ao mesmo tempo desprendendo-se dele, nele estando, que desmistifica, problematiza e critica a realidade admirada, gerando a percepção daquilo que é inédito e viável. Resulta em uma percepção que elimina posturas fatalistas que apresentam a realidade dotada de uma determinação imutável. Por acreditar que o mundo é passível de transformação, a consciência crítica liga-se ao mundo da cultura e não da natureza. O educando deve primeiro descobrir-se como um construtor desse mundo da cultura. Essa concepção distingue natureza de cultura, compreendendo a cultura como aquela que acrescenta o que o homem faz ao mundo, ou de seu esforço criador. Essa descoberta é a responsável pelo resgate da sua autoestima.

http://jornalggn.com.br/blog/marco-bueno/por-onde-anda-a-criticidade

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