O interessante é pensar sobre a psicologia do fake. O que leva um
individuo verdadeiro – de carne e osso – a inventar 47 nomes falsos para
enviar suas mensagens a um mesmo alvo? Ódio? Falta do que fazer?
Doença? Fixação? Bullying? Ter sido abusado sexualmente quando criança?
Um cérebro de ervilha? Incapacidade de sair do armário? Obsessão
ideológica? Mentalidade de psicopata? A tranquilidade do anonimato? A
estupidez natural auxiliada pelo artificial? A psicologia do fake é um
enigma. Todo fake é perigoso e inofensivo ao mesmo tempo. Tem fake que
assume tantos nomes de ocasião que acaba por soar falso. Isto é, fake.
Como identificar um fake? Pelo nome falso.
Tem gente que já possui fakes de estimação. Sempre que um sujeito
chamado, por exemplo, Elisério Tomás, posta 37 comentários seguidos num
blog, já se pode ter certeza: é um fake. O fake ataca quase todo tempo.
Mas, se for barrado, ele voltará com outro nome – Eleutério Finamor – e
só fará elogios durante 43 posts seguidos. Se barrado, o fake assume uma
falsa retórica verdadeira:
– Estão me censurando. Querem que eu desenhe a verdade?
Para barrar os fakes é que os blogs estabelecem regras como não
liberar comentários com palavrões, difamação, calúnia, injúria, insultos
desmesurados e por aí vai. Os fakes, contudo, são ardilosos e
falsificam o conteúdo do que dizem, adaptando-se as regras do jogo. Um
mecanismo antifake cada vez mais usado é a recusa do bullying. Tem fake
com ideias próprias. A maioria, porém, plagia. Entre os piores fakes
estão os que passam a vida copiando e colando artigos de Reinaldo
Azevedo, Merval Pereira e Olavo de Carvalho. Todo fake comete crime de
falsidade ideológica. O mais grave, porém, é o crime de ser mala
virtualmente em tempo real, irreal e surreal.
Há tratamento para fakes. Usa-se, em alguns países, um coquetel de
medicamentos antipsicóticos. Em outros, alguns relhaços bastam. Em
Palomas, os fakes são tratados como verdadeiros, o que os desmoraliza em
praça pública. Todo fake é um coitado que, depois de ter adotado um
novo nome e de ter disparado sua cacaca virtual, ri sozinho como se
estivesse soluçando ou gozando sozinho no banheiro. Especialistas
modernos explicam que os fakes não devem ser tratados como criminosos,
mas como doentes.
– O que eu faço se encontrar um fake?
– Finja que ele é verdadeiro.
– Como assim?
– Trate-o pelo nome.
Por Juremir Machado
http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=5286
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