O processo da globalização pode ser considerado como um processo de exclusão social?
Edivaldo de Menezes Firmino*
Atualmente a humanidade vive uma era, onde se produz e se vive muito
bem, produzimos o suficiente para alimentar toda a população mundial,
temos condições de trabalhar menos e se divertir mais. No entanto,
infelizmente isso não é feito quanto mais produzimos e conseguimos
adquirir mais queremos é por isso que muitas pessoas trabalham cada vez
mais e mais, apenas para poder aumentar suas contas nos bancos. E assim
deixamos de viver em uma sociedade imaginada a muito tempo atrás,em que
seria possível que todos teriam trabalho, alimentação e saúde para essa
sociedade, onde as pessoas trabalham mais, muitos não tem o que comer,
não tem acesso a saúde, vivem na pobreza extrema. Uma sociedade em que a
minoria detém todo o poder e os recursos do universo enquanto a maioria
passa por necessidades, mas mesmo assim se dizem felizes pelo fato de
poder comprar bugigangas de apenas R$ 1,99.
Neste ensaio pretendo demonstrar se o processo da globalização pode ser
considerado como um processo de exclusão social. A partir do grande
número de desigualdades sociais, da realidade vivida pelos cidadãos de
diferentes países e das próprias desigualdades das classes sociais
desses países poderemos afirmar ou negar esse fato.
Segundo Chiavenato (1998) em sua obra "ética globalizada e sociedade do consumo",
A globalização é parte de um processo de exclusão que, aproveitando-se
dos mecanismos e dos meios de comunicação das massas, seleciona e
hierarquiza para o consumo, dando a impressão que promove a igualdade,
que o mundo é um só, que vivemos em uma sociedade global etc. E que isso
se consegue com um consumo de duas pontas, que oferece a mesma
"qualidade" de satisfação para pobres e ricos.
Como podemos ver a globalização vem usando os meios de comunicação para
dar à impressão de que todos somos iguais e vivemos em mundos justos e
iguais, entretanto a realidade é outra, muitas pessoas ainda passam
fome, morrem de doenças que são facilmente fáceis de combater com o
auxilio da tecnologia e do conhecimento atual, doenças como
poliomielite, gripe, dengue, varíola entre outras.Muitas dessas que já
foram até mesmo extintas na maioria dos países, mas que em muitos outros
continuam devido ao fato de que o processo da globalização é desigual
que atende apenas aos interesses da minoria que detém a maior parte do
poder e das riquezas adquiridas nesse processo.
São varias as desigualdades entre os ricos e os pobres e isso acentua
mais ainda o processo de exclusão de direitos e de bens produzidos pelo
processo da globalização. Muitas pessoas poderão trabalhar durante suas
vidas inteira, mas infelizmente nunca conseguirão comprar um carro do
ano, uma casa na praia ou poder dar uma educação de qualidade a seus
filhos enquanto outros disponibilizam de tudo isso. Portanto,
evidenciamos nesses fatos uma exclusão de grande parte da população
mundial aos bens e riquezas frutos desse processo. Mas não é só isso as
grandes potenciais econômicas, responsáveis por esse processo, criam os
seus desiguais. Com isso usufruem de mão-de-obra barata, sem compromisso
social ou humano. (CHIAVENATO, 1998. p45).
Essa mão-de-obra barata e
sinônimo de exploração é oriunda de trabalhadores clandestinos, de
realidades sociais de miséria, de fome, de falta de saúde e educação em
seus lugares de origem e que por isso são obrigados a locomover-se para
centros industrializados em busca de participar e sobreviver no mundo
atual. Fonseca (1989) em sua obra "O cobrador" nos traz vários contos
que facilmente podemos relacionar as desigualdades e exclusão da grande
maioria da população aos bens e a má distribuição de recursos
financeiros e materiais.
"Não se pode esquecer que o processo de globalização possibilitou ou fez
emergir uma sociedade acrítica, despolitizada" (CHIAVENATO, 1998, p66).
Essa sociedade acrítica se deixa iludir pela facilidade do consumo de
bugigangas, copias de produtos consumidos pela elite. Coisas que tornam a
sociedade cega com relação à exploração e destruição de seus recursos
naturais e de seu próprio país, por meio de empresas multinacionais
pagando salários miseráveis a população e gerando lucros incalculáveis
para seus países de origem. Segundo Hunter (2004), "precisamos cada vez
mais de uma sociedade mais prospera, justa, igualitária e feliz". Com
isso ele nos mostra que nossa sociedade vem formando e incentivando a
individualidade e a busca incessante pelo poder e pelo dinheiro gerando
com isso enormes diferenças sociais.
Com certeza o processo da globalização trouxe melhorias para o
desenvolvimento social, mas o que se discute aqui é se esse processo
pode ser considerado como um processo de exclusão social. Chego, a
conclusão que sim pelo grande número de cidadãos que são vitimas desse
mesmo processo que enriquece a uns enquanto tira tudo de uma grande
maioria, a qual se encontra em condições subumanas, vivendo na pobreza
extrema sem ter o que comer o que vestir, sem acesso à saúde, a
educação, a moradia e a justiça.
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