Mais da metade da população mundial vive atualmente em áreas urbanas,
por causa da desvalorização da vida no campo e a continuidade do êxodo
rural. Em 1900, um décimo da população da Terra vivia em cidades. Há
décadas, quando falávamos em ecologia urbana, era basicamente da
poluição do ar ou das águas de abastecimento.
A complexidade das preocupações ambientais urbanas cresceu
consideravelmente, para se impedir a impermeabilização de solos e seus
impactos diretos sobre a vida da população, para evitar as enchentes; a
emissão de gases do efeito estufa; a poluição do ar, sonora e hídrica; o
lançamento de produtos nocivos à camada de ozônio; a intoxicação por
inseticidas domésticos; a contaminação por amianto; as ilhas de calor; a
destruição dos recursos naturais; a desintegração social; o desemprego;
a perda da identidade cultural e da produtividade econômica.
Em função das formas de ocupação do solo, do provimento de áreas
verdes e de lazer, do gerenciamento de áreas de risco, do tratamento de
esgotos e a destinação final do lixo coletado, que deixa muitas vezes de
ser tratado com a prioridade que merece, as cidades costeiras com
vocação para o turismo vêm sendo comprometidas cada vez mais pelas
descargas de esgotos "in natura" e pelas condições precárias de limpeza
pública e coleta de lixo. É nelas que a especulação dos interesses
imobiliários forçam a ocupação das áreas de preservação ambiental,
desfigurando a paisagem e destruindo os ecossistemas naturais.
Mesmo as cidades históricas e religiosas como Ouro Preto, Olinda e
Aparecida do Norte já sofrem com a especulação imobiliária, com a
favelização e com um turismo indiferente à preservação do patrimônio
cultural e ambiental. Com as atividades extrativistas e o avanço da
fronteira agrícola, cidades de crescimento explosivo se tornaram em
paradigmas para a degradação da qualidade de vida no meio urbano.
Um dos grandes desafios do novo milênio é encontrar novos caminhos
para as cidades, viabilizando a sua própria existência. Segundo uma
pesquisa do WWI - Worldwatch Institute, "as cidades ocupam cerca de 2%
da superfície terrestre, mas contribuem para o consumo de 76% da madeira
industrializada e de 60% da água doce", e conclui que as mudanças em
seis áreas principais: água, lixo, comida, energia, transporte e uso do
solo, são hoje necessárias para tornar as cidades melhores para as
pessoas e para o planeta.
Atualmente existe um novo conceito, que é conhecido como "cidades
saudáveis", buscando o desenvolvimento e a melhoria contínua das
condições de saúde social e o bem-estar dos seus habitantes. Segundo a
OMS - Organização Mundial da Saúde, para que uma cidade se torne
saudável, ela deve esforçar-se para proporcionar:
1. Ambiente físico limpo e seguro; 2. Ecossistema estável e
sustentável; 3. Alto suporte social, sem exploração; 4. Alto grau de
participação social; 5. Necessidades básicas satisfeitas; 6. Acesso a
experiências, recursos, contatos, interações e comunicações; 7. Economia
local diversificada e com inovação; 8. Orgulho e respeito pela herança
biológica e cultural; 9. Serviços de saúde acessíveis a todos e 10. Alto
nível de saúde pública.
Para que uma cidade se torne saudável é vital a participação efetiva
de cada um de nós. Isso significa mudar os hábitos e desenvolver novas
atitudes. Afinal, uma nova cidade começa em nós. É também preciso que
todos os setores e segmentos sociais assumam um compromisso em torno de
problemas e soluções, estabelecendo-se um pacto, ou contrato social em
prol do bem-estar. A cidade deve ser entendida como um ecossistema, uma
unidade ambiental dentro da qual todos os elementos e processos do
ambiente são inter-relacionados e interdependentes, de modo que uma
mudança em um deles resultará em alterações em outros componentes.
A natureza na cidade deve ser cultivada como um jardim, em vez de ser
ignorada, ou mesmo subjugada. São necessários estudos da natureza da
ocupação, sua finalidade, avaliação da geografia local, da capacidade de
comportar essa utilização sem danos para o meio ambiente, de maneira a
permitir boas condições de vida para as pessoas, permitindo o
desenvolvimento econômico-social, harmonizando-se os interesses
particulares e os da coletividade.
Esta nova cidade saudável deverá ser compacta, cidadã, solidária e
planejada sob os princípios de um desenvolvimento sustentável, devendo
ser reconhecida como parte da natureza. Afinal, mais do que nunca, é
hora de sair o cinza e entrar o verde. Está na hora de vivermos um novo
tempo. Esta é a vez da cidade sustentável.
http://www.brasil247.com/pt/247/ecologia/88861/A-cidade-sustent%C3%A1vel.htm
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