O problema, conta ela, é que os pequenos certamente brincarão pouco e logo abandonarão o brinquedo. “Isso já aconteceu um milhões de vezes. Eu brigo, mas acho que não faz efeito. Eles sempre querem mais, querem a próxima novidade”.
Segundo a doutora em antropologia e conselheira da Aliança pela Infância, Adriana Friedmann, sinais como esses apontam para uma situação cada vez mais enfrentada pelos pais: o consumismo infantil. De acordo com ela, quando uma criança deseja muito um produto vendido pela mídia, está respondendo a uma ilusão estimulada pela publicidade.
“Ela cria uma fantasia. A questão é que logo ela abandona aquele
brinquedo porque a necessidade real dela é outra, que é mais um buraco
emocional que tem ser preenchido, e só o pai e a mãe podem preencher.”
Em alguns casos, o consumismo infantil pode desencadear até mesmo doenças, como alergias, depressão, agressividade, hiperatividade, ansiedade, além de febre e irregularidades no sono. “As crianças estão vivendo uma infância muito angustiante, isso é muito sério, as consequências são enormes. Temos que olhar muito profundamente para essa questão”, disse Friedmann.
A avó e professora, Mariane Nogueira, 60 anos, prefere fazer ela mesma os presentes dos três netos. “Eu costuro, gosto mais de presentear com coisas mais significativas que brinquedos. Mas é difícil lutar contra a televisão, que é muito mais forte”, disse. Rendida, a avó foi a um shopping center em busca do brinquedo que um dos netos viu em um comercial de televisão.
Para estudar casos de abuso por parte da mídia, o Instituto Alana, organização não-governamental que avalia a publicidade infantil, fez uma parceira com a Universidade Federal do Espírito Santo para formação de um centro de pesquisa, que vai monitorar 15 canais de televisão abertos e fechados.
Segundo Mônica Xavier, assessora de mobilização do Alana, o trabalho
começou no ano passado e se estenderá até o final de 2013. Durante os
três anos de pesquisa, o monitoramento vai focar os comerciais
veiculados nos dias que antecedem a Páscoa, o Dia da Criança e Natal,
que serão comparados com as veiculações durante uma semana aleatória.
A pesquisa, continuou a assessora, ajudará a embasar a aprovação do
Projeto de Lei 5.921, que pretende proibir a publicidade para a venda de
produtos infantis.
Fernanda Cruz
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
O valor dos "valores"....valores dos presentes e não da simbologia!
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