
Quando Joaquín Salvador Lavado, mais conhecido como Quino, criou a menina de seis anos, ele sabia o que estava fazendo. Para contestar erguendo uma voz destoante da harmonia costumeira, era preciso tratá-la de outra forma. Malfada Quino não pediu para nascer e tinha todos os argumentos para considerar aquele mundo difícil, irregular e, sobretudo, injusto.Seu primeiro esboço foi criado em 1962 como um cartoon de propaganda do Diário Clarín, na Argentina, que não vingou. Naquele período, os argentinos assistiam a iminente ditadura que lhes consumiria direitos e um bom descanso no fim do dia. De 1966 a 1973, a “revolução argentina” liberou a porteira para multinacionais e trouxe aos trabalhadores argentinos rombos constitucionais expressivos. Condenou as universidades por subversão e ideias comunistas, destruiu bibliotecas e engatilhou as armas que seriam usadas em chacinas como o Massacre de Trelew – fuzilamento de guerrilheiros rendidos. Mafalda nasceria mesmo em 1964, quando foi publicada pelo semanário Primeira Plana. Nos primeiros esboços, era apenas ela e seus pais. Filipe apareceu em janeiro do ano seguinte. Com uma notoriedade em ascensão, Mafalda começou a aparecer no El Mundo, de Buenos Aires, e trouxe consigo mais dois personagens: Manolito e Susanita. Em 1967, quando a mãe da menina estava grávida, o El Mundo fecha suas portas e as janelas de Mafalda, que ficou seis meses no escuro.No novo espaço, Siete Días Ilustrados, Quino não conseguia acompanhar as notícias em consonância com suas tiras, já que tinha que entregar o material duas semanas antes da publicação. Resultado: Mafalda deixa seu espaço vazio em 1973. A justificativa do cartunista, na realidade, era a preocupação de se repetir. Segundo o próprio Quino, ele já havia conseguido falar o que queria.


Susanita: É aquela amiguinha que a gente não larga, mas podia algumas vezes ficar calada. Seu sonho é casar com um cara rico e ter muitos, muitos filhos. Além disso, ela adora se ocupar da vida dos outros.
Guille “Gui”: Irmão mais novo de Mafalda, é curioso e está começando a conhecer o mundo.Miguelito Pitt: Um garoto meigo, de coração bom, mas demora em entrar nas ligas da menina. É um pouco egoísta e, muitas vezes, acha que a vida gira em torno de si.Libertad: Uma menina com pais idealistas e simples. Vive ouvido comentários sobre seu nome.Burocracia: Nada mais bem adequado que esse nome, afinal, é uma tartaruga. Mafalda batizou tartaruguinha por achá-la vagarosa. Que coisa.Sopa: Brincadeirinha. A sopa pode ser apenas um alimento, mas sempre irritou Mafalda. Portanto, estamos diante de seu arqui-inimigo.QuinoNão se pode deixar de registrar a genialidade de Quino em outros trabalhos pós-mafalda. De um humor preciso em fazer rir e pensar, o cartunista perdeu a mãe muito cedo e foi cuidado pelo pai. Joaquín Salvador tem o apelido de Quino desde a infância, para diferenciar-se do tio homônimo. Entrou para a Faculdade de Belas Artes e, desde então, começou a vender seus desenhos até chegar à personagem de maior sucesso. Mafalda chegou ao Brasil em plena ditadura, em 1973, pela revista Patota, da editora Artenova.Alguns trabalhos
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