Por Ernani Pereira
Isso é uma forma didática de explicar a crise americana.
É assim:
O seu Biu tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender
cachaça "na caderneta" aos seus leais fregueses, todos bebuns e quase
todos desempregados.
Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço
da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços
pagam pelo crédito e o aumento da margem para compensar o risco).
O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em
curso de emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar
constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro
ao estabelecimento tendo o pindura dos pinguços como garantia.
Uns zécutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do
banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, PQP, TDA, UTI, OVNI, SOS ou
qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que
quer dizer.
Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de
capítais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F,
cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu
Biu ).
Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos
sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.
Até que alguém descobre que os bêubo da Vila Carrapato não têm
dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência. E
toda a cadeia sifu.
Se com esta explicação vc ainda tiver dúvidas, favor.....
A não ser que o Governo injete dinheiro público no Sr. Biu e ele tenha
anos e anos para pagar que até cai no esquecimento.
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