quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Os riscos do presente

Por Cláudio Lembo

Dialogar é a melhor maneira de agregar conhecimentos e, a um só tempo, proceder a reflexões. É pena que, nos tempos que passam, o bom hábito de trocar ideias tornou-se escasso.

O individualismo é crescente e a desconfiança recíproca leva ao afastamento das pessoas. Estas usam, hoje, os meios eletrônicos para se comunicar. Estes paradoxalmente isolam cada vez mais.

No entanto, o velho e proveitoso ato de conversar torna as pessoas mais humanas e, por vezes, permite visões que, isoladamente, estariam longe das agruras do cotidiano.

Ainda há poucos dias, em longa conversa, um interlocutor permitiu, a partir de suas vivências, observar com mais sensibilidade os acontecimentos políticos dos vários povos.

Crise econômica aguda. Desemprego. Capitalismo impiedoso e sem limites. Estes elementos levaram a lutas selvagens entre facções. Gerou o revigoramento do orgulho alemão.

É bem verdade. A miséria crescente em muitos países e ausência de perspectivas, contudo, podem levar a posições de desesperança. Nada é mais grave do que a presença de pessoa sem esperança.

É capaz de tudo pela sobrevivência. Acrescentou, ainda, o interlocutor, do diálogo aqui sintetizado - para sublinhar seu pensamento - o diuturno desmoronamento dos valores médios da sociedade.

Todos os dias, de maneira assustadora, são apontados vícios em todos os Poderes do Estado. As figuras públicas são tratadas sem respeito. Algumas autoridades, por seu turno, imaginam-se verdadeiros reis absolutistas.

Não respeitam as instituições. Acreditam-se superiores aos detentores de mandatos populares. Sentem prazer em levar ao escárnio coletivo todo aquele que exerce função pública.

Parecem semideuses a tratar com míseros mortais. Tudo, pois, leva aos desgastes das instituições forjadas durante séculos e que custaram a vida de muitos abnegados.

É necessário que cada um coloque limite ético ao seu âmbito de atuação. A fragilização de pessoas e instituições, de maneira sistemática, leva a perda da dignidade humana e, em segundo passo, da própria liberdade.

Espero que meu interlocutor, pessoa vivida e sensata, não tenha razão. Suas observações, porém, por serem legítimas, merecem reflexão. Nunca é inoportuno recordar o passado.

Cláudio Lembo é advogado e professor universitário

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