sexta-feira, 27 de maio de 2011

Psicosfera planetária

Desde algum tempo, diversos autores vêm defendendo ser o planeta Terra um organismo vivo, possuidor de um metabolismo próprio em que absorve, elabora e elimina energias que sustentam a vida para além dos recursos individuais que cada criatura possua.

Se partirmos da certeza de que cada estrutura orgânica ou inorgânica do planeta possui campos eletromagnéticos característicos de sua formação, inclusive a Terra com sua imensa massa planetária, e que esses campos exercem uma  interferência mutua, não é difícil de se entender e aceitar a premissa de nosso “lar cósmico” ser um organismo vivo.

Continuando nessa reflexão, perceberemos que, sendo nossas ondas mentais veiculadas através desses campos eletromagnéticos, fenômeno reconhecido como telepatia, conclui-se que esse enorme organismo vivo, chamado Terra, possui um psiquismo próprio, em que nós, cada ser que nele habita, somos os “neurônios” que entretecem essa trama.

Assim sendo, as emanações dos pensamentos construídos e alimentados na tela viva do psiquismo pessoal ecoam por um psiquismo coletivo a que estamos denominando psicosfera.

A psicosfera, ou atmosfera mental planetária, é um todo que se torna maior do que a soma de suas partes. Não apenas a união de influências recíprocas, mas principalmente um novo ser psíquico que surge, com características próprias, quando essas influências se corporificam na tela viva mental do planeta, agindo em contrapartida sobre seus habitantes.

Essa noção nos impõe uma responsabilidade pouco pensada, a de que toda a violência que ocorre, em qualquer lugar que se realize, pode estar sofrendo uma sustentação psíquica de nossos pensamentos individuais violentos, tanto quanto atuando fortemente em nós, criando estados de perturbação nem sempre explicáveis com fidelidade pelas ciências do psiquismo.

Até mesmo nos pequenos sistemas em que esse organismo vivo vai se estruturando, como os ambientes do lar, de trabalho, da escola, dos locais de lazer, e todos os demais, essa mesma lei se aplica. O formato de um todo, fruto do somatório das partes, se torna ele mesmo maior do que as partes reunidas, para ganhar vida, independência e reagir sobre as partes.

A Filosofia Oriental já conhece tal conceito há milênios com o nome de egrégora, para designar a entidade resultante da união do pensamento de pessoas associadas por idéias comuns.

Da mesma maneira que começamos a nos preocupar com o lixo que está poluindo rios e mares, com os gases tóxicos que envenenam o ar e com os resíduos industriais que se acumulam no solo, precisamos pensar na poluição mental que está gerando uma psicosfera verdadeiramente sombria. Uma psicosfera que está se traduzindo, nas vivências do cotidiano, em comportamentos extremamente agressivos e nocivos à sociedade, mas dos quais nós somos agentes de produção, criando e assimilando em nós seus elementos constitutivos.

Um organismo doente, sendo alvejado ininterruptamente por agentes danosos à sua higidez, tende ao inevitável falecimento.

Não basta, pois, sustentar acusações contra os responsáveis, participar de movimentos sociais organizados ou levantar bandeiras de ideais vazios. Responsáveis, nessas condições que observamos, somos todos nós, pelo simples ato de viver e pensar. Do alimento mental que fornecemos a Terra, ela se nutre para formar um organismo vivo que nos devorará ou sustentará. A escolha será nossa.

http://www.joaocarvalho.com.br/site/index.php/artigos/98-psicosfera-planetaria

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