sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Zygmunt Bauman, sociólogo: “Existem muitas maneiras de achar a felicidade, mas na sociedade de hoje todas passam por uma loja.

Zygmunt Bauman, sociólogo: “Existem muitas maneiras de achar a felicidade, mas na sociedade de hoje todas passam por uma loja.

A ideia de felicidade sofreu uma transformação significativa e segundo Bauman, o consumo tornou-se o novo caminho para atingir o bem-estar.

Redação O Antagonista

Em tempos contemporâneos, poucos intelectuais se destacaram tanto quanto o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, que dedicou sua vida a analisar as mudanças constantes em nossa sociedade, cunhando o termo “modernidade líquida” para descrever uma realidade em que tudo é transitório, assim como a felicidade.

Nesse cenário, as relações pessoais, carreiras profissionais e até mesmo a identidade passam por transformações rápidas e ininterruptas. Em 2025, as previsões de Bauman continuam ressoando, evidenciando um futuro indefinido onde a incerteza se torna um estado perene.

Contrastando com a “sociedade sólida” do passado, que valorizava a permanência e os vínculos duradouros, a era atual se caracteriza pela volatilidade.

Antigamente, as pessoas frequentemente passavam suas vidas inteiras em um único emprego, formavam famílias estáveis e envelheciam em ambientes que pouco mudavam.

Hoje, no entanto, a mudança é a norma. Indivíduos se veem constantemente reinventando-se, mudando de emprego, parcerias e até mesmo redefinindo suas identidades pessoais.

Dados recentes do Observatório Demográfico revelam que mais de 50% dos casamentos em diversos países resultam em divórcio, espelhando a fragilidade emocional da vida moderna.

Como a busca pela felicidade foi redirecionada?
Neste panorama incerto, a concepção de felicidade sofreu uma transformação significativa. Segundo Bauman, o consumo tornou-se o novo caminho para atingir o bem-estar.

Ao invés de associar a identidade ao trabalho, valores ou contribuições pessoais, ela agora se reflete naquilo que se possui. Essa mudança de perspectiva enfatiza que não somos mais definidos pelo que fazemos, mas pelo que compramos.

Tal constatação oferece uma crítica contundente ao consumismo desenfreado, evidenciando como a satisfação através de compras é efêmera e cria uma dependência contínua em busca de novas aquisições.

A neurociência apoia as intenções de Bauman?

As descobertas na neurociência corroboram as ideias centrais de Bauman.

Atividades simples e significativas como praticar exercícios, socializar, leitura ou até mesmo atos de caridade são capazes de desencadear reações químicas no cérebro, liberando hormônios como dopamina e oxitocina, associados à felicidade.

Infelizmente, a sociedade atual tende a subvalorizar essas experiências face à gratificação instantânea proporcionada pelo consumo e pelas telas digitais.

Estudos de prestigiadas universidades, como Harvard, demonstram que as conexões humanas são cruciais para uma vida satisfatória, mas são muitas vezes negligenciadas em nosso ritmo acelerado de vida.

Qual é o impacto das redes sociais sobre nossa felicidade?

Em um cenário ligado às interações digitais, as redes sociais emergem como vitrine das vidas pessoais, reforçando a lógica do consumismo. Nelas, demonstram-se aquisições e experiências como se fossem troféus, em uma busca incessante por validação externa.

No entanto, essa felicidade projetada é passageira e frágil. Ao sumir o brilho de um novo objeto ou a emoção de uma experiência recente, resta um sentimento de vazio.

Bauman acreditava que esse ciclo nos leva a esconder nossas emoções e nos desconectar de nós mesmos e dos outros, prejudicando nossa capacidade de enfrentar desafios emocionais de maneira saudável.

Em suma, as ideias de Zygmunt Bauman sobre a modernidade líquida permanecem altamente relevantes no contexto atual.

Ele alertava sobre os perigos de uma vida guiada pelo consumo e pela instabilidade emocional, destacando a necessidade de um retorno a formas de felicidade mais genuínas e duradouras.

À medida que a sociedade avança, cabe a cada indivíduo buscar um equilíbrio que valorize relações humanas e experiências significativas sobre as satisfações instantâneas e superficiais do consumo.

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