O reino dos fantasmas famintos
amenteemaravilhosa.com.br | 28 de July de 2021
Do ponto de vista do vício como comportamento compulsivo, muitas pessoas podem ser consideradas viciadas em alguma coisa. O Dr. Gabor Maté faz uma viagem extraordinária através da origem, das verdadeiras causas e da persistência dos vícios em seu magnífico livro 'No reino dos fantasmas famintos'.
Maté define o vício como um continuum que vai do viciado em drogas que evitaríamos em uma esquina até os viciados em trabalho, os compradores compulsivos ou os viciados em comida. Gabor Maté argumenta que todos nós possuímos vícios em algum grau e que eles surgem de nosso próprio núcleo emocional.
Somos todos viciados?
No livro, Gabor Maté fala sobre o espectro de compulsão que ele entende como vício.
Seus exemplos vão desde assistir televisão, fazer compras compulsivas, sexo, comida e até mesmo o vício em se divertir. Ele explica que esse ponto de vista produz um efeito de espelho no qual todos podemos nos ver refletidos individualmente, mas também coletivamente.
Os vícios nascem da dor
Em No reino dos fantasmas famintos, Gabor explica que, na verdade, a origem de todo vício é a dor por traumas mais ou menos graves sofridos na infância. Essa seria a origem, mas o verdadeiro problema está nas tentativas fracassadas de preencher um vazio interno por meio de medidas externas. Nenhuma dessas medidas externas trata a origem da dor, apenas os sintomas.
Desta forma, Gabor Maté coloca uma questão-chave em todo o enfrentamento do vício, qualquer que seja a sua natureza. A pergunta não é “Por que o vício?”, como podemos pensar. A pergunta-chave seria: “Por que a dor?”
Em No reino dos fantasmas famintos, Maté revê algumas histórias de pacientes viciados em heroína, metanfetamina e cocaína. Os padrões de baixa autoestima e falta de habilidades de enfrentamento parecem se repetir em todos eles. Na infância, muitas vezes é fácil encontrar uma história de abuso e negligência, além de baixos níveis de dopamina.
Assumindo a responsabilidade pelas ações
O livro parte da premissa de que qualquer vício ou compulsão pode ter sua origem em um mecanismo de defesa desenvolvido em um momento e circunstância específicos. Algo que, no passado, ajudava o indivíduo a se proteger depois se torna um elemento que gerencia outros aspectos de sua vida.
Portanto, para Gabor, o enfrentamento dos vícios passa pelo reconhecimento da origem e do mecanismo de defesa, além de reconhecer a falta de necessidade desse mecanismo atualmente. A situação que causava a dor e a necessidade de se defender não existe mais e, portanto, o mecanismo de defesa também perdeu o sentido.
(...)
Nenhum comentário:
Postar um comentário