segunda-feira, 25 de maio de 2020

Sem Bolsonaro e sem Mourão. Não há solução com o exército no centro da política.

Sem Bolsonaro e sem Mourão. Não há solução com o exército no centro da política.

O exército para poder "viver" tem que eleger um inimigo. E o inimigo eleito foi a esquerda brasileira.

Esquerda esta que quando esteve no poder não apresentou nenhuma ameaça a democracia, respeitando a liberdade da Polícia Federal, do Ministério Público e seu PGR e da Justiça, que no quadro comparativo com o governo bolsonaro fica completamente demonstrado. Dirigentes expoentes do PT, inclusive o ex-presidente Lula, julgados e condenados sem interferência do poder executivo.

Os inimigos reais do Brasil, e não o imaginário, são as imensas desigualdade e pobreza e o crime organizado das milícias, que nem mesmo o exército brasileiro, conduzindo com total liberdade, por quase dois anos, o controle da segurança pública do Rio de janeiro, conseguiu debelar, nem minorar, este tipo de criminalidade. O crime organizado hoje alcança todas as grandes e médias cidades, e a maioria das pequenas, tendo o comando efetivo  da vida política e social em vários setores geográficos brasileiros.

O exército depois de dois anos ocupando a segurança pública do Rio de janeiro sob o comando do general Braga Netto, ainda assim não conseguiu debelar e sequer minorar o crime organizado naquele estado.
Não consigo aceitar que a estrutura dos milicianos seja mais organizada inteligente e competente do que o nosso exército.

Bolsonaro representa, sem desfaçatez, o pensamento militar.
A diferença é que a expressão dele vai na linha "non sense" e a forma/expressão dos generais vai na linha do "noblesse oblige".

As missivas recentes dos generais Mourão e Heleno, no sentido de pretenderem, os militares, serem os detentores do controle constitucional - nos ordenamentos democráticos
"quem guarda a Constituição é o Judiciário" - e que teve o apoio da caserna, tem a forma/pensamento exato de bolsonaro. As falas dos generais e do presidente formam um libelo do pensamento de submissão das instituições democráticas ao chefe do executivo.

Por isso nenhum país avançado tem militares na política, seja no executivo e legislativo recheado de militares. Há militares no executivo em ditaduras, mesmo que seja disfarçada por eleições  conduzidas. 

E não pode ser de outra forma, a concepção/formação do militar é completamente diferente da formação/concepção civil. 

O oficial militar é treinado desde que entra na Escola Preparatória a receber ordens e cumpri-las sem questionar (ou emiti-las). Esse é o princípio básico do militar, a hierarquia e a disciplina.

O civil deve ser treinado para exercer a liderança não pela força hierárquica, mas pelo conjunto do seu pensamento, propostas e relacionamento.

Essa é uma diferença essencial entre comandar um batalhão, uma divisão ou um exército e se comandar um país.

Aí está a explicação porque Bolsonaro e os generais citados, em seus estilos - que na vida civil passa por prepotência e arrogância - é visto nas páginas sociais militares como um grande líder. Vis à vis entende-se por que Moro, Mandetta, Teich e mesmo os seis generais defenestrados logo no início do governo, foram tidos como traidores.

Bolsonaro se porta como um comandante que não aceita indisciplina em sua tropa. Leia-se indisciplina, inclusive, como não acatar ordens e determinações do chefe. E, na vida civil não é assim que funciona. 

Para se ter essa forma de governança, como pensam os militares, seria preciso fechar o congresso, o judiciário e escolher ministros submissos.

Para concluir, nenhuma democracia foi formada e desenvolvida com militares à frente do executivo.


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