quarta-feira, 29 de abril de 2020

Concertação em dicotomias e falsidades.

Por Assis Ribeiro

Setores da sociedade conclamam para o diálogo e o equilíbrio, para o bom senso... 
Isso parece ser uma tarefa difícil neste país com sua história de golpes políticos e traições, o descrédito da população com a classe política, fortíssimo desequilíbrio sócio/econômico/cultural e desentendimento institucional. A desconfiança entre todos é entrave intransponível para qualquer concertação.

A manipulação dos fatos reais, a cultura "fake" e o modo "zueira" tornam impossível o diálogo honesto,  equilibrado e de bom senso.

A industria de Fake News se transformou na realidade e as investigações que estão sendo feitas aqui e nos Estados Unidos indicam que essa máquina de mentira alcançou o extremo de eleger nossos presidentes. 

A busca do diálogo que traga uma concertação torna imperativo que a manipulação de fatos distribuídos em larguíssima escala por robôs seja posta na mesa, da mesma forma tornar claro que foram motivos econômicos que afetaram o trabalhador o motivo central para o movimento de derrubada de Dilma. Concertação é o fechamento de valas e abismos, é o momento final das catarses. Portanto, se tornaria falso (frágil) qualquer acordo sem o pano limpo sobre a mesa. 

O reconhecimento dos problemas nacionais é imprescindíveis para uma tentativa de acordo e também passa, além do exposto acima, pela obrigatoriedade de se por sobre a mesa qual o motivo real da divisão da sociedade brasileira, a queda de braço do desenvolvimentismo X mercado.

Somente após ficarem claros os problemas de origem da ruptura é que será possível entrar na etapa propriamente dita da concertação. 
Basta lembrar que os cientistas majoritariamente em seus estudos apontam que uma das travas para o avanço da nossa democracia pós ditadura foi exatamente não deixar claro o teor golpista do movimento de 64 situação agravada pela anistia que serviu como um típico mecanismo de tentar limpar a casa botando a poeira embaixo do tapete. 

Sem estas clarezas, os argumentos premissas para a tentativa de concertação viriam falseados, e, por lógica, a solução dos problemas para o crescimento do país prejudicados.  

A clareza da exposição dos problemas e soluções teria também que buscar na história mundial de que forma países desenvolvidos saíram de suas crises. Aqui seria outro problema de difícil transposição reconhecer que os instrumentos utilizados para suplantar as crises não foram medidas de "terceira via", que seria o modelo/forma de agradar os dois lados da disputa, desenvolvimentismo e mercado.

Os instrumentos utilizados para resolver a enorme crise americana de 1929 foram substancialmente desenvolvimentista, os instrumentos utilizados para resolver os problemas daa Europa arrasada economicamente, socialmente e politicamente pós-Segunda Guerra foi o "Plano Marshall" foi eminentemente desenvolvimentista, que teve sua continuidade com o modelo da social-democracia Europeia que trouxe o equilíbrio em todos os setores para os países europeus.

Os instrumentos desenvolvimentistas são como opostos ao hegemônico modelo "mercado", por isso muitos estudiosos consideram fantasioso a tentativa de se criar uma terceira via unindo princípios desenvolvimentista e mercado para se sair de crises.

Os instrumentos desenvolvimentistas utilizados pelo governo dos Estados Unidos pós 1929 e dos pelos governos da Europa a partir da Segunda Guerra Mundial partiram de um "estado forte" fazendo uma intervenção direta na vida econômica e social dos seus países (ideia contrária ao estado mínimo defendida pelo mercado) com rearranjo nas relações trabalhistas e previdenciárias (medidas recentes dos governos pró-mercado de Temer e Bolsonaro ). 
São utilizados também forte investimento estatal e medidas que forcem o equilíbrio (ou sua diminuição) entre as classes sociais. Não se realizam estes planos de ação sem modificar o "status quo" do país, com a "mão forte do Estado". E, para não criar uma dívida estatal impagável é necessário  estabelecer impostos e redistribuí-los, gravando riquezas e o patrimônio.

Os instrumentos desenvolvimentistas estão sendo tidos por todos os governos arrasados economicamente pelo coronavirus como única condição de sair de suas crises. O governo de bolsonaro lançou em forma de ensaio o plano "Plano Pró-Brasil"

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