quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Pós-Verdade

Pós-Verdade. A nova guerra dos fatos
1968 teve início a grande revolução da Liberdade pessoal e o desejo pelo progresso social. 2016 com a vitória de Trump marca a era da Pós-Verdade de forma definitiva. As instituições democráticas estão sendo abaladas por essa onda de populismo. A racionalidade é substituída pela emoção; a diversidade, pelo nativismo e a liberdade pela autocracia.

O buraco existencial do início do século 21 levou o mundo a precisar de histórias e podemos até ser programados para criá-las. Assim surge o Fake News, o mundo da Pós-Verdade.

No cerne dessa tendência global está o desmoronamento do valor da verdade.
Foi em 2016 que o Oxford Dictionaries escolheu ,"pós-verdade" como sua palavra do ano definindo-a como:
"circunstâncias em que os fatos objetivos são menos influentes em formar a opinião pública do que os apelos à emoção e a crença pessoal".

A vitória na pós-verdade é alcançada por aqueles cujo desempenho apresenta uma "baixeza amorfa" junto com a "imagem sempre distrativa de resmungão", confabulando sem fim sobre seu "desprazer"; o espectador se diverte com a "magniloquência emocional" e com a afetação máxima e frequentes daqueles que pretendem conduzir os rebanhos. Tudo direcionado para um público que "consome entretenimento" em vez da busca de um pensamento civicamente engajado, com suas prioridades de projetos de solução de problemas o que se quer (o que prevalece) é o show business.

Não importa mais a verdade, a emoção deve prevalecer no mundo do jogo. E, nesse sentido, a fúria, a impaciência e a atribuição de culpa prevalecem nas cenas diárias.

A novidade desse momento da pós-verdade não é a mentira em si, mas a resposta do público a isso. A indignação está dando lugar à diferença e, por fim, a conivência. 

A Pós-Verdade reduz o debate algo próximo a um videogame. É tudo uma questão de escolha de times, intensidade de sentimentos e escalada dos insultos. É a essência do puro espetáculo. E isso é divertido muitas vezes. Contudo, não é sem consequências, como a cultura brincalhona da mídia social costuma nos surgir. Conspiramos, involuntariamente ou não, na desvalorização da verdade.

Na essência da cultura da Pós-Verdade, a força popular depende não da evidência, mas do sentimento. 

Trechos extraídos do livro "Pós-Verdade. A Nova Guerra Contra os Fatos em Tempos de Fake News", de Matthew D'Ancona.

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