quarta-feira, 23 de maio de 2018

Nacionalismo ou dependência?

Barbosa Lima Sobrinho no seu livro “Japão : o capital se faz em casa” (1973, Paz e Terra) , feito com base em artigos que escreveu no Jornal do Brasil entre 1964 e 1965, contradiz a USIS, agência oficial  de relações públicas internacionais dos Estados Unidos, que afirmava que o desenvolvimento americano foi realizado com substancial apoio de capitais estrangeiros.

Isto não é verdade, como ficou depois demonstrado, nem para o desenvolvimento americano, europeu e muito menos para o Japonês.

Barbosa Sobrinho destaca “ O desenvolvimento econômico, sendo acumulação de capital, só se realizará com poupanças e capitais nacionais. Não há lei que possa desviar o capital estrangeiro de seu roteiro natural, orientado para o rumo que mais convier aos seus donos, aos homens que na verdade o comandam. Ao passo que o capital autóctone terá a sua tarefa e o seu destino incorporados ao próprio processo de desenvolvimento nacional”
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No Japão, com o início da restauração Meiji (1868) , houve um fantástico processo de desenvolvimento nacional. Segundo Barbosa Sobrinho “O desenvolvimento econômico do Japão é um desenvolvimento comandado e dirigido pelo Estado, obediente às diretrizes que ele traçava e que caracterizam em seu conjunto, o período Meiji”.

A interferência do Estado na economia japonesa foi tão forte a ponto de Barbosa Sobrinho a considerar um caso de desenvolvimento planejado anterior à revolução russa. Ou seja, os japoneses já haviam criado o comunismo antes de Marx, Engels e Lenin.

Um país sem recursos naturais o Japão só contava com a sua etnia (ou raça) para buscar um desenvolvimento sustentado.

Os reflexos da restauração Meiji até hoje estão presentes na economia japonesa.

Reconhecida e considerada mundialmente como uma economia capitalista, o Japão não conta com a participação de uma figura fundamental : o capitalista.

Os donos de qualquer grande corporação japonesa são as outras grandes corporações japonesas. Assim se nós formos procurar saber quais são os principais acionistas da Mitsubishi, vamos verificar que são o banco de Tokyo, a Marubeni, a Kawasaki Heavy etc,etc. Se formos verificar quais os principais acionistas do banco de Tokyo, vamos verificar que são a Mitsubishi, a Marubeni a Kawasaki Heavy etc, etc.

Portanto a economia funciona como uma corrente, onde cada elo defende se algum deles se enfraquece.

As corporações japonesas tem forte influência na vida de seus funcionários, interferindo em muitas de suas decisões, sendo tudo  aceito com muita naturalidade, uma vez que é para o bem comum.  

Comparar o Japão com o Brasil não é tarefa fácil. As diferenças são enormes.

O Japão é um país pequeno sem recursos naturais mas com uma forte etnia, que sustenta o seu desenvolvimento.

O Brasil é uma país enorme farto de recursos naturais mas com uma etnia fraca e confusa, que não consegue se encontrar, influenciada que é por forças externas.  

O professor Luiz Carlos Bresser Pereira, no estudo “Os três cilcos da sociedade e do Estado” (2012 – FGV) explica “ Cada indivíduo será nacionalista ou dependente, dependendo de como entende o papel de seu governo e de seu estado. Será nacionalista se acreditar que o governo deve defender os interesses do trabalho, do conhecimento e do capital nacionais, e se entender que, para isso, deve ouvir seus concidadãos ao invés de aceitar sem críticas as políticas e reformas propostas pelos países ricos, supostamente mais competentes”.

Bresser Pereira arremata “ As elites dos países latino americanos tem maior dificuldade em se identificar com sua nação do que as elites japonesas e, mais amplamente, do que as asiáticas, porque uma parte de seus membros se veem como “europeus” e rejeitam a existência de interesses divergentes entre seu país e o países ricos. Esta elite “europeia” com frequência considera inferior o seu povo pobre e mestiço – e se associa às elites externas, ao invés de associar-se ao seu próprio povo.
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Artigo completo:
https://www.brasil247.com/pt/colunistas/claudiodacostaoliveira/351384/O-que-impede-o-desenvolvimento-brasileiro--o-caso-Petrobraspr%C3%A9-sal.htm

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