Há perigo na esquina: Um poema sobre Marielle e a guerra interminável,
de Dudu Guimarães
Uma hora a bomba explode
Na mão da mulher
Na mão da negra
Na mão da periferia
Na mão da Marielle.
Uma hora a bomba explode
Na mão da criança
Na mão da grávida
Não na mão do prefeito
Nem na mão do pastor.
Uma hora a bomba explode
Na mão do cotista
Na mão do estudante
Na merenda da escola.
Uma hora a bomba explode
Não na mão do senador
Nem na mão do deputado
Foi na mão da vereadora
No colo do motorista
Uma hora a bomba explode
Na mão do PM
Na porta da UPP
Na mão do inocente
Talvez no tanque de guerra
Não na mão do Sistema.
A bomba só explode em quem luta.
Uma hora a bomba explode
Em quem paga o imposto
Em quem paga o dízimo
Em quem paga a milícia.
A bomba explodiu na Estácio
Nos comentários das notícias
Na Maré e na casa do Anderson.
A explosão ecoou
Nas ruas de SP
Nas capitais do País
Por todo o mundo
E na sua cara.
Estão matando gente
Estão matando a gente
Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?
huffpostbrasil.com.
18 de Março de 2018
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