Da mesma forma que pagou a conta por 1964, o exército pagará a conta por causa dessa intervenção. Não adianta o exército distribuir notas avisando que a intervenção é civil. A leitura, por parte dos civis será de outra forma, igualzinha como foi o leitura sobre 64 onde tentaram com inúmeras notas, livros, pauta escolar, fazer entender que era revolução e hoje se tem, na sociedade, a ideia de golpe.
"[...]o Exército está fazendo publicações para dizer que não é “militar” a intervenção, mas apenas um militar o interventor. O Exército pode até não entender assim, mas a nomeação do Comandante Militar de todas as tropas do Exército no Rio – e MG e ES – para chefiá-la, sendo mantido também como chefe do Comando regular desautoriza qualquer separação: outro interventor teria de ter acordo com o Exército para pô-lo a atuar, Braga Netto, não, pois manda em tudo)", como anota Fernando Brito.
O exército sairá desta operação indelevelmente manchado. Se em um primeiro momento os frutos colhidos serão de sucesso, pela forma mais organizada e mais intensa e com muito maior efetivo, no segundo momento a realidade tornará a aparecer.
Combater uma anormalidade sistêmica apenas pelo uso da repressão, terá resultados única e exclusivamente apenas durante o uso da força.
A permanência do exército no comando do policiamento não poderá ser duradoura:
1- pelo altíssimos recursos que serão necessários para manter a atividade desse complexo grupo de combate;
2 - pela condição de que o exército não é a força adequada para fazer policiamento de rua;
3 - e pelo próprio risco de uma permanência duradoura contaminar o exército assim como ocorreu com as polícias civil e militar do estado do Rio de Janeiro.
Em outras aparições no combate ao crime do Rio De Janeiro o exército figurou como tropa auxiliar e consequentemente sem a responsabilidade direta da normalização da vida pública. Desde 1992, foram 37 operações envolvendo a presença das forças armadas na Cidade Maravilhosa.
Desta vez, o ato normativo é claro no sentido de atribuir ao exército o controle absoluto das operações. Sendo assim, a responsabilidade será colocada diretamente no colo do exército.
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