Qual seria o mundo perfeito para você? Como a sociedade seria organizada para que todos fossem felizes? Quando alguém responde a essa pergunta está falando de uma "utopia", uma ideia de sociedade que foge do real e que seria melhor do que a existente.
Na política, por exemplo, a utopia é usada por indicar ideologias, modelos ou projetos idealizados. Uma utopia política pode se referir a uma organização social que é considerada pelos seus pensadores como mais justa e boa se considerava com à sociedade do presente.
Embora não exista, a utopia poderiam se tornar a realidade do amanhã. Ou seja ,não é apenas pensável, mais possível, depende apenas das condições e das decisões de nossa sociedade.
Um exemplo disso é o pensamento do filósofo francês Jean-Jacques Rousseau (1712 - 1778). Suas idéias utópicas de organização do poder público, expostas em sua obra "O Contrato Social", fundamentaram as doutrinas jurídico-política da formação dos Estado Moderno.
A cientista política Judith Shkar (1928-1992) acreditava que a função da utopia não está em uma possível conversão sua em realidade, mais sim em servir de referência para o real.
O ativista de direitos civis Martin Luther king (1929-1968) sonhava com uma sociedade de maior igualdade e harmonia. As passeatas e os discursos do norte-americano moveram o presidente Lyndon Johnson a assinar, em 1964, a Lei Dos Direitos Civis que pôs fim à segregação racial nos EUA.
A utopia por mais Liberdade, Igualdade E Fraternidade motivaram a Revolução Francesa e os avanços dela consequente décadas depois.
Segundo filósofo Leandro Karnal, "a utopia sempre teve a função essencial que é corrigir o tempo atual".
Distopia
A distopia é um pensamento filosófico que caracteriza uma sociedade imaginária controlada pelo Estado ou por outros meios extremos de opressão, criando condições de vida insuportáveis aos indivíduos. Normalmente tem como base a realidade da sociedade atual idealizada em condições extremas no futuro.
Tanto a utopia quanto a distopia seriam reações ao presente. Quando presente não satisfaz, as pessoas projetam um futuro melhor um futuro pior.
Retrotopia
Após a falência das utopias do século 20, o mundo se tornou um lugar mais "vazio" de ideologias políticas. Os grandes projetos de novas sociedades se perderam e a força da sociedade não é mais voltada para o alcance de um objetivo comum.
O sociólogo polonês Zigmunt Bauman (1925 -2017) acredita que vivemos o fim das utopias. Para ele, a nossa sociedade atual perdeu a noção de progresso como bem que deve ser partilhado. Assim busca-se o prazer individual e a melhoria da posição individual dentro da sociedade como principais objetivos da vida.
Nos últimos anos, desafios como a sucessivas crises econômicas, a precariedade do emprego, no desencanto com a política, o terrorismo, os conflitos multiculturais causam ainda mais dúvidas em relação ao amanhã.
Para Bauman, essa angústia faz com que percamos a esperança no futuro e buscamos a utopia no passado. Ele usou o termo retrotopia para explicar esse fenômeno. Dessa forma, ficamos com saudades do passado e de suas estruturas: governo fortes, governos nacionalistas, conflitos tribais, entre outros exemplos.
Releitura do artigo de Carolina Cunha, da Novelo Comunicação.
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