sábado, 13 de maio de 2017

Sociedade do Cansaço

Sociedade do Cansaço
Byung-Chul Han

Resumo aqui uma parte deste livro que trata da pressão da positividade na sociedade de hoje.

Contexto da obra:
O século 20 se caracterizou como a época da ação imunológica. Uma divisão nítida entre dentro e fora, amigo e inimigo, próprio e estranho. Ataque e defesa. No campo social afasta-se tudo o que é estranho. O estranho é hostil e representa perigo.
A dialética da negatividade é o traço fundamental da imunidade.
O outro é o negativo.
Foi uma época bacteriológica que chegou ao fim com as descobertas dos antibióticos.
O paradigma imunológico não se coaduna com o processo de globalização. O mundo organizado imunologicamente é marcado por barreiras, trincheiras e muros. Impedem o processo de troca e intercâmbio.

Visto a partir da perspectiva patológica, o século 21 é definido não como bacteriológico ou viral, mas como neuronal.
Doenças neuronais, como depressão, déficit de atenção, Tdah, TPL, SB, desenham a paisagem patológica deste começo de século.
Não são infecções provocadas pela negatividade que ameaçam a vida, mas doenças derivadas do excesso de positividade.

Tema Central
Este é o tema central da Sociedade do Cansaço: a positividade – o seu excesso que resulta da superprodução, superdesempenho, supecomunicação.
A positividade faz surgir novas formas de violência. Não fazem parte do outro imunológico. Ao contrário, são imanentes ao sistema.

A sociedade do século 21 não é mais disciplinar, mas uma sociedade de desempenho.
As pessoas tornaram-se empresárias de si mesmas.
O poder ilimitado é o verbo dessa sociedade.
O plural coletivo da afirmação Yes, we can expressa o caráter da positividade da sociedade de hoje. No lugar da proibição entram a iniciativa e a motivação.
A positividade do poder é bem mais eficiente do que a negatividade do dever.
O sujeito de desempenho é mais rápido e mais produtivo que o sujeito da obediência.
A pressão e depressão começam no instante em que se incita cada um a uma iniciativa pessoal: em que cada um se compromete a tornar-se ele mesmo.

Assim, o depressivo não está no cheio, no limite, mas está esgotado pelo esforço de ter de ser ele mesmo. A depressão é a expressão patológica do fracasso do homem pós moderno em ser ele mesmo.
É o princípio do cansaço do fazer e do poder em uma sociedade que acredita que nada é impossível. A depressão é o adoecimento de uma sociedade que sofre sob o excesso de positividade.  O excesso de positividade se manifesta também como excesso de estímulos, informações e impulsos.
“Por falta de repouso, nossa civilização caminha pra uma nova barbárie. Em nenhuma outra época os ativos, inquietos, valeram tanto”. Nietzsche.
Podemos ser tudo. Menos passivos.

Do Facebook de Mari Zampol.free

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