terça-feira, 30 de maio de 2017

Neoliberalismo, e "o fim da história"

Para se manter hegemônico, o neoliberalismo precisa necessariamente passar a ideia à sociedade de que a economia é quase que uma ciência exata, um saber técnico, um conjunto inquestionável de “lições de casa a serem feitas” pelos governos? É assim que impõe a ideia de que “não há alternativa”?

Faz parte da mistificação ideológica do neoliberalismo apresentar-se como a única solução possível. Tratar-se-ia, portanto, de uma forma correta de política econômica e, consequentemente, as outras estariam equivocadas. É assim que a política econômica recessiva e as reformas estruturais pró-mercado são vendidas como necessárias, ainda que possam causar eventuais danos de curto prazo. Daí a muito utilizada metáfora de remédio pode até ser amargo, mas é a forma de tratamento indicada.

O que o pensamento crítico em Economia Política ressalta é justamente o contrário. Não há forma certa ou errada de fazer política econômica. Tratam-se apenas de posicionamentos ideológicos e políticos distintos, interesses de classe mesmo diametralmente opostos.

Qual o papel da grande mídia, ou mídia comercial, como alguns preferem chamar, na disseminação da doutrina do neoliberalismo?

É crucial! A propaganda extensiva e intensiva é, talvez, a melhor forma de “criar consciência” favorável. Não é incomum encontrarmos indivíduos que repetem os mantras ortodoxos, mas quando são questionados de por que essas políticas são necessárias, não encontramos respostas. Eles defendem as políticas neoliberais, mas não sabem as razões que estão por trás dessas políticas. Desconhecimento é a matéria-prima maior de um pensamento que rechace a contraposição e a crítica.

Trecho da entrevista ao Brasil Debate, de Marcelo Dias Carcanholo, presidente da Sociedade Brasileira de Economia Política (SEP)

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