sábado, 21 de janeiro de 2017

Trump, e as mudanças do mundo

O discurso de posse do 45° Presidente dos EUA, Donald Trump, delineia com precisão o novo paradigma que o mundo passa a abraçar.

Não que presidentes possam formular mudanças. Personas são escolhidas pela capacidade de sintetizar o que quer e pretende a população. Não é científico todas as Constituições democráticas dizerem que "todo o poder emana do povo"?

Pois assim aparecem os líderes, nos rastros do arcabouço ideológico coletivo que forja princípios e ideias.

Trump surge da sua capacidade de dizer e explicar que o povo quer mudanças, e mais ainda, da forma que quer. Quem elege Trump é a América rural e operária.

Por isso estes líderes não nascem de forma isolada pelo mundo.

Se agora surge Trump, da mesma forma urgiu Theresa May, com as vitórias dos seus discursos modificadores.

Mais interessante ainda é a constatação das semelhanças entre os dois grandes momentos de mudanças que o mundo passou nas últimas décadas.

Se no mesmo início da década de 80 surgem no poder central, na Inglaterra uma dama com discurso forte, Margareth Thatcher, e nos EUA um homem ligado ao entretenimento, Donald Reagan, para executarem as mudanças dos paradigmas existentes, da mesma forma, agora, surgem um mesmo Donald também ligado ao entretenimento, é uma outra mulher também na Inglaterra, Theresa May, para a implementação das mudanças.

Se na década de 80 os discursos estavam sincronizados na importância da globalização e das medidas neoliberais, agora o lema é a desglobalização subtendida no Brexit inglês, e em todas as ideias expressadas no discurso de posse de Trump que promete frear o mercadismo neoliberal e incentivar a produção, além de levar de volta para os EUA as empresas que de lá saíram.

O que se constata destas "coincidências" é que os centrais mandantes continuam os mesmos desde a revolução industrial.

Ainda que se considerem as modificações surgidas dos movimentos da década de sessenta, a mesma percepção do protagonismo americano e inglês. Talvez por isso muitos rastejam à tudo o que se origine desses países, ao ponto de ilustre personagem do regime militar ter afirmado "o que é bom para os EUA é bom para o Brasil", nos mantendo eternamente na periferia.

As necessidades de mudanças surgem de uma insatisfação coletiva, e a capacidade de aglutinar, explicar e prometer as mudanças dentro do desejado pela população é que fazem surgir os líderes.

O que se pode deduzir das grandes mudanças do mundo nos últimos 40 anos com as vitórias de Reagan e Thatcher e o que se alinhava com as recentes vitórias de May e de Trump, é que a direita detém o discurso mais efetivo dos anseios das populações.

É bom que se atente que a vitória de Trump se dá, inclusive, contra os interesses do sistema. O bombardeio que ele vem sofrendo é enorme.

A eleição de Trump "recoloca em evidência a farsa de que temos um só mundo e um só futuro", como diz Fernando Brito.

Por aqui, o sistema derrubou quem melhor sintetizou, nas eleições, o que pretendia o povo, será que com o irmão do norte acontecerá o mesmo?

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