domingo, 21 de agosto de 2016

O Brasil implode

Os castelos caem, um à um, em sequência; executivo, legislativo e judiciário.  Não só a política está sendo desnudada, a Justiça tem sido seriamente questionada por seus próprios pares e terminará por resvalar para a sociedade. Desabam as versões manipuladoras da mídia; jornalistas desmoralizados. 

O processo de depuração finalmente chegou Brasil. Todos os países democráticos a experimentaram. É necessário e imprescindível para se clarear e esclarecer para toda a população as entranhas malcheirosas das instituições que um dia nos foram ditas serem democráticas.

Não poderia ser de outra forma,  após a entrada no poder de um partido popular que representa a classe trabalhadora e os os mais pobres, que a estrutura carcomida fizesse com que as instituições se voltassem contra elas mesmas.

Isso se chama implosão, e ocorre sempre que a estrutura viciada, frágil e carcomida sofre qualquer mínimo abalo que fazem cair todos os pilares sucessivamente.

Enquanto a elite política conservadora conduzia os interesses dos real detentor do poder em países não democráticos, o capital, era fácil esconder as fraturas provocadas por interesses contrariados e remendá-las.

Com o apoio de um dos braços do capital, a grande mídia, era fácil esconder toda série de irregularidades que praticadas em países não democráticos.

Não estranhem a referenciação do Brasil como um país não democrático.

É isto mesmo, e faz parte da depuração, desfraldar o eufemismo que o ocidente criou para ludibriar as populações dos países periféricos - espoliados - dominados pelo capital:  democracias em desenvolvimento.

Países são democráticos, ou não são. 

Não se pode considerar democrático um país que interrompeu, de forma violenta, todos os governos eleitos com propostas de inclusão, de redistribuição de renda, de melhoria dos serviços públicos mais diretamente ligados à parte mais carente da sociedade, como o de transportes, saúde e educação.

Não se pode considerar democrático um país que nunca desenvolveu uma política de social - democracia.  País democrático prescinde de serviços públicos de qualidade minimamente razoável.
A depuração irá fazer emergir todo o esgoto do padrão colonialista que sobrevive desde a nossa invasão pelos portugueses. As castas serão desmascaradas.

Os processos são longos, interrompidos muitas vezes, até desabrochar algo verdadeiramente novo.
O processo veio à tona com os tiros desferidos pela culatra pela armas da nossa elite; a manipulação por parte da imprensa dos movimentos de junho de 2013.

Os representantes do capital se apropriarem das manifestações iniciais, expulsando o MPL - Movimento do Passe Livre -  e substituindo - o pela classe média, chapada pelo chamamento da mídia, não perceberam a culatra aberta ao desferirem os tiros contra o governo popular.

O desespero pelo andamento de políticas sociais por três mandatos e a arrogância de quem se acha insubstituível e eterno não permitiu aos atiradores perceberem que as temáticas sociais do movimento - transporte, saúde e educação - era da seara da esquerda, e que colocando essas bandeiras nas mãos da classe média conservadora iria alimentar nela o desejo de melhorias naquilo que ela sempre acreditou se tratar de bandeira, portanto de interesse, dos mais pobres. No jargão futebolístico "deixou o adversário jogar e ele começou a gostar do jogo".

Essas três bandeiras representam todo o principal pavimento da disputa esquerda X direita.
São a educação, a saúde, e o direito de locomoção com qualidade, as plataformas da dignidade e à partir delas se forma uma população com sangue de cidadania nas veias. 

Foi curioso e interessante ver a classe média tradicional nas ruas brandindo cartazes e faixas por melhorias dos serviços sempre renegados por ela própria. 

Os movimentos atingiram, como queria a braço mídia, o executivo, mas, como serviços públicos são regulamentados pelo poder legislativo, terminarem por atingir em cheio os membros do legislativo que aguardavam como hienas o abate do governo.

Primeiro começou a ruir o governo. Depois a casta política legislativa aderente ao golpe, desmascarados como principais negociadores da corrupção e desmoralizados dentro do processo judicial que eles mesmos abanaram.

No desmonte da estrutura arcaica das nossas instituições, seus representantes são questionados pelos próprios representados como aconteceu com o presidente da OAB que apoiando o movimento golpista foi emparedado pelos seus pares. Juízes, mesmo tendo um forte espírito corporativo, questionam exageros seus pares, a judicialização do política, e muito mais. As recentes disputas pueris entre o Ministério Público e o STF reforçam a falência de todos as nossas instituições. Jornalistas dos grandes veículos são desmoralizados em suas mentiras e manipulações. 

A sociedade foi impulsionada a se reformular. Não há volta.

Podem tentar, mais uma vez na nossa história, manipular a verdade, mas como diz Arthur Schopenhauer:

"Toda verdade passa por três estágios:
No primeiro, ela é ridicularizada.
No segundo, é rejeitada com violência.
No terceiro, é aceita como evidente por si própria."

Adaptando sua constatação ao caso brasileiro em tela, 

Toda verdade passa por três estágios:
-  Primeiro a democracia (todo poder emana do povo...) brasileira, foi ridicularizada.
-  Segundo, foi rejeitada com a violência dos golpes.
-  Terceiro, por fim será aceita por si própria.

Essa implosão das nossas instituições precisará ser total, para depurar e finalmente reformular a sociedade brasileira.

O medo de alguns dos nossos pensadores progressistas em ver as entranhas expostas favoreceram a permanência do modelo espoliador da nossa riqueza e do nosso povo.  É preciso mais coragem para quebrar as amarras. 

Finalmente chegou o momento de ruptura. Não será mais possível mantermos o modelo "casa grande e e senzala".

Você escolhe o seu lado na história.

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