Comentário ao post "Receita para o presidente dos novos tempos"
Triste país que se debate o indivíduo candidato antes do
debate das ideologias ou princípios dos partidos políticos.
Nesta triste sina o candidato Eduardo Campos para se adequar
ao mercado propõe modificar os princípios do seu partido e posto no seu
Estatuto.
Ainda bem recentemente, em cada canto, se procurava colocar
a situação de bom gerente como característica principal do candidato.
Sabonete, marketing, pesquisas, servem para lastrear o
candidato de acordo com o que quer, pensa, ou espera a sociedade do seu futuro
governante.
Como esperar que partidos como o PSDB façam suas propagandas
com base nos seus princípios, como
Nassif cobra, se a sociedade abomina os princípios não desenvolvimentistas
realizados pelos seus governos estaduais e o federal de FHC.
Por quantas décadas a própria sociedade como um todo não demonizou a filosofia que antecede
os princípios individuais e dos partidos políticos em detrimento da tão
propalada eficiência, gestão e pragmatismo, sufocando a própria política.
Por outro lado, há um desequilíbrio paradoxal nas forças
representativas da sociedade, onde a parte que detém um número de pessoas muito
maior se vê em situação de inferioridade provocada pelo pequeno grupo que detém
o controle das informações e pretensa influência na sociedade.
Quando a nossa política resolve encaminhar avanços em áreas
como inclusão social, aborto, célula tronco, mídia, direitos dos índios, dos
gays, dos negros, tem que ser na base do tacape
e não através do entendimento, coalizão, agendas partidárias. Foi assim
que foi a forma como conseguiram implementar esses avanços, tendo que
ultrapassar ações judiciais, pressões midiáticas e oferecimento de vantagens, e
que demandaram tempo, muito tempo, e atraso.
E dentro dessas composições de poder, necessárias para a própria governança, passa
a ser mais importante a sobrevivência política ameaçada pelos grupos
minoritários e de muito poder econômico e midiático.
Dentro deste quadro é que se formam as alianças que disputam
a condução do país, um quadro que indica que tais composições se dão pela busca
do poder pelo poder e da sobrevivência política e não por razões de princípios,
ideologias, ou programas de poder.
O PT, o mais programático dos partidos, para vencer eleições
e governar precisou se aliar à grupos opostos e antagônicos, e por isso mesmo
chegou ao poder e não consegue avançar com mais velocidade nos princípios e
programas partidários e prometidos em campanha.
Se dentro deste próprio grupo que chegou ao poder se
encontra imensa divisão e os conflitos são constantes - para não falar em
conflitos dentro de um mesmo partido em torno de princípios e ideias
originárias da sua formação - como se esperar
"uma infinidade de temas que não cabem na agenda de um só
partido".
As fantásticas manifestações de ruas do ano passado, contadas
com o apoio de várias organizações civis da sociedade sobre o desejo de
mudanças em reformas políticas, não foram suficientes para o país alcançar o
que Nassif deseja e expressa em seu artigo.
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