quarta-feira, 22 de junho de 2016

As sementes para o novo nas bases das sociedades





 

Comentário ao post "Xadrez do novo tempo do jogo"

Os conceitos apresentados por Nassif, como sementes para germinar o novo, se encontram em estado latente na base da pirâmide socioeconômica.

É da base das sociedades que saíram todas as revoluções e os grandes avanços da humanidade.

A Guerra de Secessão, a Revolução Francesa, e outras, ocorreram em situação de extrema usurpação dos direitos da classe menos favorecida, que transborda e atinge a classe média.

O mesmo ocorreu, de certa forma, com as transformações provocadas pelos distúrbios das décadas de 60/70.

É a tal da corda que de tanto retesada irá romper, ou por pactos, ou por fórceps.

Os dois primeiros eventos citados para fins de ilustração trouxeram avanços retirados à força de parte da sociedade, no terceiro, soube o "sistema" afrouxar a corda e devolver os direitos usurpados, dos negros , mulheres, pobres, e fazer refluir a violência expressada na guerra da Vietnam.

Os estudos do saudoso pensador Milton Santos apontam, com riqueza de detalhes, de onde e como surgirá essa nova transformação da sociedade, diz ele:

"Quem pensa o novo são os homens do povo e seus filósofos, que são os músicos, cantores, poetas, os grandes artistas e alguns intelectuais.

Estamos convencidos de que a mudança histórica em perspectiva provirá de um movimento de baixo para cima, tendo como atores principais os países subdesenvolvidos e não os países ricos; os deserdados e os pobres e não os opulentos e outras classes obesas; que o indivíduo liberado partícipe das novas massas e não o homem acorrentado; o pensamento livre e não o discurso único."

"Os pobres não se entregam e descobrem a cada dia formas inéditas de trabalho e de luta; a semente do entendimento já está plantada e o passo seguinte é o seu florescimento em atitudes de inconformidade e, talvez, rebeldia."

http://assisprocura.blogspot.com.br/2012/07/milton-santos_09.html?m=1

Como se pode notar, dos conflitos anotados acima e da situação atual, podemos resumir em uma palavra: concentração.

O belo texto de Nassif aponta para a necessidade da desconcentração do poder e das demais relações, que passariam a ser exercidos de forma horizontal e fracionada, com introdução da base nas decisões dos destinos do país.

Como desconcentração, o livro " O Capital no século XXI", de Thomas Piketty aponta os caminhos para a economia alavancar.

A própria insatisfação da população expressada nos movimentos de rua, no aumento da solidão e depressão, a violência, toda ela, demonstram que as pessoas não se sentem representadas, com a sensação de não pertencimento, de estarem dentro de um vazio.

Um novo surgirá daí, dessa insatisfação provocada pela usurpação da classe pobre, agora refluída para a classe média, pelo excesso de concentração.

O bolo cresceu e não repartiram.

O sistema irá ceder, e reparti-lo, ou povo resgatará seus direitos à fórceps?

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