quarta-feira, 16 de março de 2016

Como a política virou guerra, é bom saber o que é fogo de saturação

Por Fernando Brito

Ao amigo e a amiga, diante da guerra que se transformou a disputa política no Brasil, bem ajudaria  compreender algumas expressões militares, sobre ações que antecedem o assalto a um alvo.

Neste caso, o alvo, claro, é o poder.

Na II Guerra Mundial, alemães e soviéticos desenvolveram o que ganhou o nome de “fogo de saturação”.

Um bombardeio concentrado, incessante, sem descanso, da área a ser capturada, eficaz, sobretudo, se o adversário não possui artilharia de igual calibre e alcance.

Ele desorganiza, tonteia, impede de reagrupar, transtorna os oficiais, cria um ambiente de confusão que desprepara a resistência à ofensiva que se inicia.

Antes, o avanço era acompanhado de outro método de mesmo fim, o chamado de “fogo de barragem”, que consiste na ação sincronizada entre a artilharia e a infantaria. Aquela vai disparando uma linha à frente de suas próprias tropas, produzindo a mesma desorganização e neutralização das defesas, das trincheiras onde a resistência se abriga.

O que vemos na política e na mídia que é desavergonhadamente parte dela, está claro, é uma combinação de ambas.

Parei um pouco de escrever para assistir o “Comício das Dez”, da Globonews.

É a descrição perfeita do fogo de barragem, depois de mais de um ano de fogo de saturação.

Artilharia leve, de baixo calibre, mas incessante e ensurdecedora.

Que prepara o escândalo do dia seguinte, o fogo de barragem, sob o qual a ruptura golpista da ordem avança.

Contra isso, qualquer que seja o tamanho das forças de defesa, o primeiro passo é sempre a afirmação do comando, única referência que se tem contra o medo e a desordem.

Não é preciso muito para que se entenda o que nos falta contra os que buscam assaltar o poder.

Nenhum comentário:

Postar um comentário