A meditação molda o cérebro. Os efeitos positivos de uma técnica
multimilenar
Equipe Oásis
Que a meditação faz bem para a saúde, a concentração, a memória e o estado
emocional, pouca gente duvida: diversos estudos ao redor do mundo comprovaram
isso. Até recentemente, porém, as pesquisas no setor deixavam algumas dúvidas
incômodas. Feitas com voluntários experientes, alguns com milhares de horas de
prática, os testes não deixavam claro quando os benefícios começam a aparecer,
nem mesmo se os meditadores têm uma predisposição física e mental capaz de
favorecer tais mudanças. Um novo estudo norte-americano responde a essas
perguntas e sugere que qualquer pessoa pode, num prazo relativamente curto,
conquistar os efeitos positivos da meditação.
A técnica da atenção plena
Publicado em janeiro de 2011 na revista Psychiatry Research: Neuroimaging, o
trabalho analisou 16 pessoas, com idade entre 25 e 55 anos, que participavam do
Mindfulness-Based Stress Reduction (MBSR), o programa de treinamento
desenvolvido há mais de 30 anos por Jon Kabat-Zinn, professor de Medicina e
diretor fundador da Clínica de Redução do Estresse e do Centro de Atenção Plena
em Medicina da Universidade de Massachusetts.
Em oito encontros semanais, os participantes do programa aprendem exercícios
de meditação destinados a desenvolver as habilidades da atenção plena – a
consciência ampla e tolerante dos pensamentos, dos sentimentos, das sensações
corporais e do ambiente ao redor. Cabe a eles praticar esses exercícios no
intervalo entre os encontros. Ao longo dos anos, o programa tem formado pessoas
que alegam sentir menos estresse e mais emoções positivas. Quem tem dores
crônicas afirma que elas são amenizadas após o curso.
A equipe do estudo examinou o cérebro de cada participante do MBSR duas
semanas antes e logo depois do programa de oito semanas, comparando-o com um
grupo de controle que não havia recebido o treinamento. Os que foram treinados
– nenhum dos quais tinha experiência prévia na área – contaram que haviam
dedicado pouco menos de meia hora por dia a essa meditação doméstica.
Nos exames realizados no fim do programa, o cérebro dos não treinados não
apresentou alterações. Já no dos praticantes, a massa cinzenta mostrou-se bem
mais espessa do que era antes, em várias regiões. Uma delas é o hipocampo,
cujas atividades têm relação com a aprendizagem, a memória e a regulação das
emoções. Estudos anteriores já haviam mostrado que muitas pacientes de
depressão e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) apresentam pouca massa
cinzenta no hipocampo. Outras diferenças substanciais foram notadas no cerebelo
(região relacionada à regulação das emoções), na junção têmporo-parietal e no
córtex cingulado posterior do cérebro dos meditadores (áreas ligadas à empatia
e à assunção da perspectiva de outra pessoa).
Regula as emoções, controla o estresse
Para a principal autora da pesquisa, Britta Hölzel – pesquisadora do
Massachusetts General Hospital e da Universidade de Geissen, na Alemanha -,
essas alterações podem indicar que a meditação aprimora a capacidade de regular
as emoções, controlar os níveis de estresse e sentir empatia por outras
pessoas. “Acho que o que é realmente positivo e promissor sobre esse estudo é
que ele sugere que nosso bem-estar está em nossas mãos”, afirma ela. Britta
também comentou a evidência, reforçada por seu trabalho, da “plasticidade” do
cérebro, pela qual ele pode mudar de forma com o tempo: “O que eu considero
fascinante é que apenas prestar atenção de um modo diferente e estar mais
consciente podem ter um impacto capaz de mudar a estrutura da nossa mente.”
Mas é sempre bom salientar que a meditação não é o único recurso capaz de
alterar o cérebro. Uma semana antes da divulgação do estudo de Britta, uma pesquisa
publicada na revista The Proceedings of National Academy of Sciences mostrou
que o hipocampo de pessoas com 60 anos aumentou em volume depois de andarem
três vezes por semana, durante um ano, em uma pista comum. Em pessoas que, no
mesmo período, fizeram menos exercícios aeróbicos, o volume do hipocampo chegou
a diminuir.
MEDITAÇÃO E PLASTICIDADE CEREBRAL
Pesquisa: Juliana Rejane da Cruz
Fonte:
http://polocultural.wordpress.com/2010/04/08/meditacao-e-plasticidade-cerebral/
Seja colocando a mente em branco (ou tentando colocá-la) em silêncio, com um
mantra ou com qualquer técnica entre tantas oferecidas pelas diversas linhas de
meditação, os que já tentamos fazer isso sabemos que não é nada fácil. Porém,
já se foi o tempo em que a meditação não passava de uma técnica de relaxamento.
Hoje em dia, as técnicas que permitem visualizar imagens do cérebro em ação
mostram as sinapses que ocorrem durante a meditação e como elas podem afetar o
funcionamento cerebral como um todo.
Ativação cerebral jamais vista
Em uma reportagem de 2005, no jornal The Washington Post, o neurocientista
Richard Davidson afirmou que “o que descobrimos é que os praticantes de longa
data apresentaram uma ativação cerebral em uma escala jamais vista
anteriormente. A prática mental que eles desenvolvem produz um efeito no
cérebro da mesma forma que uma prática do golfe ou tênis melhora o desempenho
do esportista”.
Portanto, como ele afirmou, fica demonstrado que é possível treinar o
cérebro e modificá-lo fisicamente através da meditação, muito mais do que as
pessoas imaginam.
Alguns dos benefícios da meditação, bastante divulgados por David Lynch,
entre tantos outros, é o aumento do desempenho acadêmico e do autoconhecimento,
mais tranquilidade e redução de ansiedades, diminuição de quadros depressivos e
melhor comportamento de adolescentes, entre outros.
Esses são alguns dos resultados apresentados pelas pesquisas realizadas por
diversas universidades nos Estados Unidos junto a David Lynch Foundation.
Vale mencionar que não estamos falando de prática religiosa de nenhum tipo
nem de nenhum “segredo”.
Monges têm maior controle
Estamos recopilando alguns estudos científicos encontrados na internet que
se referem ao “default mode network”, uma espécie de funcionamento de fundo do
cérebro enquanto ele não está realizando uma atividade específica como escrever
ou calcular. Estudos realizados pela Emory University, por exemplo, mostraram
que as pessoas sem prática de meditação, ao tentar se concentrar, essa área
relativamente amorfa ou de funcionamento não-focado entrava em funcionamento
com maior frequência enquanto estavam despertas. Por sua vez, os monges com
maior prática de meditação tinham maior controle desse funcionamento de fundo,
principalmente porque podiam focar-se mais facilmente na atividade que lhes era
solicitada, sem se perder em divagações. Isso indicaria que a meditação pode
ser útil para resolver problemas não só de stress, DDA, desordem
obsessivo-compulsiva, mas também de depressão. Tudo está, na verdade, na capacidade
de nos conectarmos mais diretamente com a realidade, estarmos mais conscientes
do que nos rodeia, mais alertas e sensíveis às experiências da nossa vida, pois
cada uma delas, desde palavras que escutamos ao passar até o que aprendemos na
escola ou em casa, afeta nossos cérebros de forma profunda.
A questão central passa pela relação entre o cérebro e a mente, que muitas
vezes são identificados como um só, mas que na verdade não são. O que os
cientistas dizem, porém, é que um melhor funcionamento do cérebro produz
diretamente um melhor funcionamento da mente.
O cérebro não é uma pedra. É um rio
A apresentação do Dr. Fred Travis, por exemplo, afirma que o cérebro não é
uma pedra, mas sim um rio, e muda tanto ao ponto de que 70% das sinapses mudam
todos os dias. Por isso, ele (e muitos outros cientistas) fala da plasticidade
do cérebro, da capacidade de mudar o que por séculos foi considerado imutável.
Assim, o que os cientistas mostram é que a meditação permite exercitar o
cérebro, como um esportista exercita o resto do corpo, e os benefícios dessa
prática podem ser vistos no dia-a-dia, na nossa capacidade de experimentar o
mundo e de crescermos nele, desenvolvendo ao máximo nossas potencialidades.
http://www.brasil247.com/pt/247/revista_oasis/163888/A-medita%C3%A7%C3%A3o-molda-o-c%C3%A9rebro-Os-efeitos-positivos-de-uma-t%C3%A9cnica-multimilenar.htm
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